Cidadãos ajudam na revitalização do Centro de Experimentação Agrária de Tavira

DRAP admite aceitar a colaboração dos cidadãos naquilo que se mostrar necessário

Os braços e as ideias dos membros do Grupo de Cidadãos pelo Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEA Tavira) estão à disposição da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAP Algarve), para ajudar a revitalizar este centro, onde está instalada uma coleção de fruteiras tradicionais algarvias única.

O movimento manifestou a sua vontade de ajudar a DRAP e esta entidade acolheu de bom grado o gesto, admitindo, no futuro, aceitar a colaboração dos cidadãos naquilo que se mostrar necessário.

Ainda assim, avisou Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas, em declarações ao Sul Informação, «está fora de questão» a passagem de gestão ou mesmo uma co-gestão do centro, que continuará, exclusivamente, na esfera da DRAP.

Numa nota de imprensa, o grupo de cidadãos disse ter apresentado uma proposta à direção regional, «no sentido de aquele espaço dever ser preservado e revitalizado de forma a cumprir a missão para a qual foi criado».

O documento «contempla a possibilidade de um trabalho conjunto com cidadãos que, de forma voluntária e gratuita, se dispõem a valorizar e a fazer reviver um espaço paradigmático da região».

E foram várias as ações propostas pelo movimento, que surgiu para contestar um projeto que previa o atravessamento do CEA de Tavira por uma estrada, no âmbito da empreitada de eletrificação da Linha do Algarve – que entretanto já foi anulado.

Desde logo, a «realização de um levantamento do espaço, recursos, actividades e principais constrangimentos do CEAT, disponibilizando-se este colectivo para colaborar nesta acção em parceria e sintonia com os técnicos da DRAP Algarve».

Os cidadãos também se ofereceram para elaborar «uma listagem de eventuais parceiros e mecenas que possam envolver-se na revitalização do CEAT», entre entidades públicas e privadas.

O «estabelecimento de uma estratégia de sensibilização e envolvimento destas instituições e das populações em geral para a importância do CEAT a nível regional e nacional e do património genético que integra» é outras das propostas.

Por fim, o grupo disponibilizou-se para a «construção de um projeto global, para a área agrícola e edificado existente, de concretização faseada a curto, médio e longo prazo, integrando parceiros estratégicos, públicos e privados incluindo a elaboração de candidaturas para financiamento no âmbito do próximo Quadro Financeiro de Apoio (QCA) , do plano Marshal e de outros fundos nacionais e europeus».

Entretanto, dizem, o diretor da DRAP do Algarve respondeu-lhes, «dizendo que aceita a nossa cooperação e co-criação para a revitalização do CEA de Tavira».

 

 

Pedro Valadas Monteiro

 

Pedro Valadas Monteiro salientou, no entanto, que não «há aqui nenhum acordo nem protocolo» e que a sua resposta à proposta dos cidadãos foi no sentido de «lhes agradecer a preocupação e as sugestões e dizer que ficamos sensibilizados com o apoio» oferecido.

Quanto à proposta propriamente dita, o diretor regional de Agricultura e Pescas admite aceitar algumas das sugestões, mas há sugestões que põe de imediatamente de lado.

Afinal, muitas das coisas que são sugeridas «até se inserem naquilo que já fazemos no CEA de Tavira».

Por outro lado, o diretor da DRAP também vê com bons olhos o facto de os cidadãos se proporem «a arranjar financiamento e mecenas, para alguns dos constrangimentos que temos lá» ou para recuperar o edificado do centro, bem como «a ajudar a divulgar o que aqui fazemos».

«Também a questão da criação de um talhão para hortas comunitárias é algo que poderá avançar. Pode ser algo num registo de agricultura biológica ou até mesmo de outras formas mais ecológicas de produção, como a permacultura, com o apoio dos nossos técnicos», admitiu Pedro Valadas Monteiro, em declarações ao nosso jornal.

Poderá, mesmo, «haver alguma formação das pessoas, por exemplo, em agricultura biológica».

«Da mesma forma, há uma moção aprovada na Assembleia Municipal de Tavira, que propõe que sejam feitas coisa que nós também queremos, como um Museu da Terra, um Centro de Interpretativo da Dieta Mediterrânica e uma quinta de Ciência Viva».

«Todas  as iniciativas que eles tiverem que se enquadrem nisto, são bem vindas», segundo a DRAP.

Ainda assim, há sugestões que o diretor regional rejeita, desde logo. Uma é a criação de um pomar comunitário, algo que considera não fazer sentido, avisando que a coleção de fruteiras tradicionais e outros projetos ali existentes serão exclusivamente geridos pelos técnicos especializados da casa e continuarão vedados ao público em geral.

Outra é a criação de um circuito de manutenção física e tudo o que passar por levar pessoas para dentro do centro de forma não controlada, por questões de segurança.

«Isto nunca será um parque urbano, nem um jardim público, nem um propriedade entregue à comunidade», rematou.

 

 

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