Trabalhar com crianças em casa – Parte 3

Dicas de uma “Mãe que trabalha a partir de casa com duas crianças pequenas que exigem muita atenção”

Pais e Mães deste Portugal: estamos finalmente a recuperar alguma da nossa dignidade profissional, da nossa normalidade laboral – que, na verdade, de normal pouco tem, para quem permanece em regime de teletrabalho a multiplicar-se no mundo virtual, entre videoconferências, no Zoom, Skype, Whatsapp, Slack, Trello e afins.

Mas, pelo menos, a probabilidade de uma criança de quatro anos entrar de rompante pelo nosso escritório (improvisado!) adentro, a gritar, “Mamã! Já fiz xixi e agora quero os meus Chocapics!”, enquanto estamos numa aula online, vai reduzir drasticamente.

Depois da abertura, a 18 de maio, das creches e das aulas dos 11.º e 12.º anos (em turnos rotativos, 3 horas de manhã e 3 horas à tarde), é chegado o dia 1 de junho, a data que aguardo há muito. Na verdade, parece-me que espero há uma eternidade: 1 de junho, a data de abertura do pré-escolar e dos ATL!

Adoro as minhas filhas. Não me interpretem mal. Adoro a voz estridente da minha filha mais nova, a sua energia frenética que me inunda de beijos e abraços entre gritos matinais “Mamã! Já acordei!”, como se não estivéssemos juntas há mais de um ano. Isto, quando estou já acordada a trabalhar desde as seis da manhã, a procurar viver uma nova versão das minhas manhãs milagrosas.

Os momentos que antes utilizava para realizar atividades que me traziam mais energia e motivação ao longo do dia, têm sido, durante este inesperado período “todos em casa”, preenchidos a ler, a escrever, dedicados em exclusivo, a estas tarefas de maior foco.

Tudo isto porque, a partir do despertar da minha linda Inês, que ocorre quase sem exceção, todos os dias, por volta das sete e meia da manhã, esta casa é o seu palco… E da Elena de Avalor, assistida em looping com som bem alto para que nenhum detalhe das suas aventuras passe despercebido!

Neste dia 1 de junho, assinala-se o Dia Mundial da Criança e o retorno da minha filha de quatro anos à sua escolinha. Quando a notícia foi divulgada, confesso que ficámos hesitantes. Ponderámos o seu regresso. O risco de contágio é algo real que nos assusta.

Mas os benefícios do seu regresso, não só para nós, mas também e principalmente para ela, que se viu privada de um momento para o outro, do contacto e das brincadeiras com os seus amigos, com a educadora que adora, acabaram por se sobrepor ao nosso receio.

Dia 1 de junho, a minha filha mais pequena vai recomeçar em uma “nova normalidade”, rodeada de rostos cobertos por máscaras e mãos revestidas de luvas. Vai decerto estranhar. Mas o sorriso dos amigos que tem somente vislumbrado no pequeno ecrã nos últimos meses, depressa irá dissipar qualquer estranheza.

Sinto-me feliz por ela. E por mim! As minhas manhãs milagrosas vão voltar a ser o que eram. O receio de ser interrompida numa sessão Zoom, sabe-se lá de que maneira, vai terminar. E, quando for buscar a minha filha, às cinco da tarde, sei que vou estar repleta de saudades. Será assim para mim e para todos os outros pais e mães que tomaram esta corajosa decisão, com o coração partido, na dúvida, se a sua escolha foi a mais acertada.

A normalidade está, passo a passo, a regressar. Num talvez não muito admirável novo mundo, onde continuo com uma Maria de seis anos para entreter, entre aulas virtuais, com amigos e professores à distância. Mas agora, somos dois, para uma só criança. A balança ficará, decerto, mais equilibrada.

Seguem então algumas sugestões para entreter as nossas crianças que vão continuar por casa.



 

3 ATIVIDADES PARA FUGIR AOS ecrãs

1. Corrida de aviões de papel
O origami constitui uma oportunidade para desenvolver a concentração e a motricidade. Muitas poderão ser as figuras que possamos criar em origami.

Sugiro que construam aviões de papel, podem usar papel de jornal ou revista ou papéis coloridos.

Depois dos aviões construídos, poderão determinar uma meta e fazer corridas de aviões.

2. Construir um puzzle
Quando os mil e um puzzles que temos pela casa já cansam, porque não construir um?!

É fácil, basta um pedaço de cartolina, tesoura e se quiserem tornar este puzzle mais resistente poderão plastifica-lo antes de cortar.

Basta pegar no pedaço de cartolina, fazer um desenho ou pintura recorrendo a vários materiais – lápis de cor, lápis de cera, marcadores, aguarelas, guaches… (poderão também fazê-lo em família) – e cortar as peças que considerem necessárias.

No final, poderão juntar este puzzle hand made aos mil e um puzzles que já moram lá por casa.

3. Moinhos de vento ou cataventos
Um brinquedo de antigamente que poderá ser uma atividade fascinante para todos.

MATERIAIS
uma folha de cartolina;
Lápis;
Régua;
Tesoura;
Cola;
Um alfinete e um pau de espetada

PREPARAÇÃO Corte as diagonais do papel, cole as pontas do catavento no meio do quadrado de papel, poderá usar cola quente.

Recorte uma flor ou outro motivo de papel e cole no meio do catavento, sobre as pontas já coladas. Coloque o catavento de papel em cima do pau de espetada e pregue o alfinete para costura ao catavento e ao pau de espetada.

SUGESTÃO LITERÁRIA PARA SI
A menina dos ossos de cristal, de Ana Simão, Editora Guerra & Paz

Prescrição literária: uma história real que mostra que a verdadeira força está sempre dentro de nós e que por mais frágeis que possamos ser, podemos conseguir perseverar. Uma verdadeira lição de vida.

Nota: As “Atividades para fugir aos ecrãs” são sugeridas por Liliana Marques, a Mãe Educadora, mãe de uma menina de 4 anos e educadora de infância no ativo há 15 anos.

Para a semana, regressarei com mais dicas para que, estando em casa, continue o melhor possível, consigo e com a sua família.

Até lá. Fique bem. Fique seguro(a).

 



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