Há uma professora em Portimão a ensinar como reagir a catástrofes

Serviço Municipal de Proteção Civil de Portimão é o responsável por esta iniciativa

Durante um ano, Carla Almeida decidiu trocar o fato de professora pelo da Proteção Civil de Portimão. Abandonou o ensino, mas não as escolas: até Junho vai percorrer o concelho para ensinar a todos, do 1º ao 12º ano, a importância de ter comportamentos adequados em situações de risco, como terramotos ou tsunamis. Um trabalho que, garante, «tem sido muito interessante». 

Desta vez, é a EB1 de Alvor a receber a comitiva dos Bombeiros de Portimão para mais uma ação de sensibilização. Na Biblioteca, os alunos já esperam ansiosos. O segundo comandante José Sousa, que desta vez acompanha a sessão, é quem faz as honras da casa.

«Então digam-me lá: o que é que nós fazemos? Qual é o nosso trabalho?», pergunta. A resposta não tarda: «vocês salvam as pessoas dos incêndios e acabam com os terroristas», diz-se, na plateia.

O diálogo acaba por ser uma metáfora de todo este programa do Serviço Municipal de Portimão. O seu grande objetivo é incutir, desde tenra idade, a necessidade de todos nos protegermos de eventuais situações de catástrofe ou de mera emergência.

É que questões tão básicas como pedir socorro, ligando para o 112, podem muitas vezes ser um verdadeiro problema. Na sessão em Alvor é esse mesmo tema, explicado por Carla Almeida a uma plateia de jovens alunos do 2º e 3º ano.

 

 

Este ano, o programa, que nasceu em 2014, tem a grande novidade de ter uma professora dedicada, em exclusivo, a estas sessões. Docente há 24 anos, Carla Almeida decidiu deixar as salas de aula até Junho. É mesmo a única professora, em todo o Algarve, destacada, durante um ano, para fazer estas ações de sensibilização.

«Houve a intenção de melhorarmos um pouco aquilo que era a parte pedagógica, arranjando novas estratégias, outros materiais. Foi-me lançado o desafio e eu cá estou», explica, sorridente, ao Sul Informação. 

As ações começaram em Setembro e vão abranger um total de 467 turmas, chegando a perto de 10 mil alunos. «Começamos no pré-escolar, desde muito novinhos, e vamos até ao 12º ano, passando por lares e centros comunitários, seja no setor privado ou no público», diz.

Quanto aos temas abordados, variam. «É um pouco de tudo. Falamos de como pedir socorro, do que fazer em caso de emergência, da área do Suporte Básico de Vida, dos tsunamis, bem como dos riscos ferroviários e rodoviários», enquadra.

Este ano, o programa teve, com a entrada de Carla Almeida ao serviço, um upgrade, mas o grande objetivo continua a ser o mesmo: «criar uma população mais resiliente e capaz de ter comportamentos adequados – e mais seguros – face ao risco».

Como vinca a professora, todo o Algarve é uma zona «com probabilidade de algumas situações de risco», como tsunamis, terramotos ou incêndios. Daí que este seja um trabalho «da maior importância».

 

 

Certo é que Carla Almeida já nota que os mais jovens estão despertos para estas questões.

«Os grandes incêndios que tivemos trouxeram estas questões mais para cima da mesa até na comunicação social. Houve uma grande preocupação de todos podermos mitigar e prevenir aquilo que poderá acontecer. Só assim teremos uma população que pense mesmo nas questões ambientais e sociais», considera à reportagem do nosso jornal.

Em paralelo, o facto de o programa existir desde 2014 já está a deixar os seus frutos. «Vamos apanhando alunos que se lembram de alguns procedimentos falados em anos anteriores, por exemplo», ilustra, de sorriso no rosto.

A pequena Bruna, que assistiu atenta a toda a sessão em que Carla Almeida ensinou o que se deve fazer quando se liga para o 112, não tem dúvidas: «gostei muito de tudo!». E porquê? «Temos de ajudar os outros», diz ao Sul Informação. 

Até Junho, o objetivo é que, por todo o concelho de Portimão, Carla Almeida consiga convencer muitas Brunas. 

«Tem sido muito interessante ver a escola do outro lado, depois de 24 anos a ver só de um lado… Tenho notado a riqueza que é porque as crianças estão despertas para estas questões. Notam que lhes diz respeito. Afinal de contas, estamos a falar algo do dia a dia, que é realizável e que pode acontecer», conclui.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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