Monchique e os arquitetos querem criar casa “antifogo”

Rui André acredita que a reconstrução das casas afetadas pelo incêndio ficará concluída até Agosto de 2020

Foto: Gonçalo Dourado|Sul Informação

A Câmara de Monchique e a Ordem dos Arquitetos vão desafiar os profissionais da classe, a nível nacional, a projetar uma casa resistente aos incêndios florestais. A ideia foi avançada esta terça-feira, durante a cerimónia de assinatura do protocolo entre as duas instituições, que prevê que arquitetos voluntários elaborem projetos para as casas a reconstruir naquele concelho, na sequência do incêndio de Agosto do ano passado.

Rui André, presidente da Câmara de Monchique, adianta que «a autarquia, em conjunto com a Ordem, está a preparar um concurso público para pôr a criatividade dos arquitetos a trabalhar, para que possam criar uma casa que mostre como se pode viver no território florestal e rural com conforto e segurança».

Esta será uma proposta de uma «casa resiliente». «Monchique quer ser um concelho pioneiro neste aspeto», garantiu o autarca.

 

Paula Torgal, Rui André e Pedro Hébil – Foto: Nuno Costa | Sul Informação

Segundo Pedro Hébil, vogal da direção da secção do Sul da Ordem, uma habitação deste género «pode permitir que as pessoas, para se protegerem do fogo, possam ficar dentro de casa, em vez de saírem».

O concurso, que será promovido pela Ordem dos Arquitetos, deverá estar pronto para lançar até ao final do ano.

Já o fim do processo de reconstrução das casas afetadas pelo incêndio do ano passado poderá levar mais tempo, ainda que agora tenha a ajuda de arquitetos voluntários.

Esta é «a primeira vez que o programa de profissionais voluntários [Arquitetos Voluntários de Apoio a Emergências], criado pela Ordem dos Arquitetos em 2017, intervém para ajudar na elaboração dos projetos para a reconstrução e melhoria de habitações em zonas afetadas pelos fogos», destacou Paula Torgal presidente da secção do sul da Ordem.

Os arquitetos vão estar disponíveis «para ajudar gratuitamente as populações em casos de emergência», sendo que a remuneração ou não dos profissionais será analisada «caso a caso», até porque o IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, que gere o programa “Porta de Entrada”, tem verba para a elaboração de projetos.

Apesar de só agora o acordo ter sido assinado, Rui André garantiu que o apoio desta classe e de outras, como a dos engenheiros, «começou a ser dado pouco tempo depois dos incêndios, mas só agora foi formalizado o acordo oficial».

 

Paula Torgal e Rui André – Foto: Nuno Costa | Sul Informação

Para o autarquia, esta é uma ajuda importante «para ajudar na reconstrução e dotar as habitações de condições de conforto».

O presidente da Câmara de Monchique lembra que o processo de reconstrução das habitações «torna-se difícil pelo território e pelas características do concelho de Monchique. Apesar de a autarquia não gerir dinheiro ou fundos, há casos em que sentimos a necessidade de “liderar” os procedimentos».

«Este protocolo dá-nos agora a possibilidade de dizer às pessoas que temos uma bolsa de arquitetos, de onde eles podem ser escolhidos», acrescentou.

Quase um ano e meio depois do incêndio, ainda há casas por reconstruir. Rui André garante que «o processo está a decorrer com normalidade», apesar de admitir que «esperava que fosse mais rápido».

Isso poderá dever-se a uma certa «dormência associada à catástrofe que se abateu sobre nós» e, «se a pessoa não tiver capacidade de avançar com os processos, deverá ser o município a ajudar».

Atualmente, há 15 habitações «com processos pendentes de reconstrução» e há «seis casos em que os projetos estão mais atrasados e que poderemos ter de ser nós a liderá-los».

Rui André acredita que todos os processos no IHRU darão entrada até final deste ano e que, em Agosto de 2020, a totalidade das casas estará reconstruída.

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