Há uma Rua do Algarve cheia de platibandas para visitar no Museu de Portimão

Duas exposições, um bolo, nove musas e uma corrida fotográfica

Ao longo daquela rua, alinham-se casas que mostram que o Algarve afinal não é branco e platibandas que reforçam essa ideia. Há ali uma janela manuelina, através da qual se espreita os pormenores fantasiosos de mais casas, e mais à frente há chaminés rendilhadas, telhados de telha de canudo, portas e até uma parede de taipa e outra de xisto.

Esta é uma descrição resumida da exposição «Da minha janela ainda vejo o Algarve?», com fotografia de Filipe da Palma, que, em grandes formatos, leva o público numa viagem até um território que, se calhar, nunca assim existiu e que agora, a passos de gigante, se desvanece.

A mostra do fotógrafo Filipe da Palma pretende «chamar a atenção para a riqueza, a diversidade e a singularidade de um relevante património arquitetónico algarvio, que importa preservar, resultante do saber popular ancestral, nascido de uma contínua e inteligente proximidade humana entre o mundo rural e urbano, num permanente diálogo civilizacional entre o barro, a terra e a cal», como o próprio explica.

Além das belas imagens de Filipe da Palma sobre um património da arquitetura vernacular algarvia, recolhido ao longo de anos de trabalho documental, a mostra integra a janela manuelina da antiga Quinta do Morais, recolhida e conservada pelo museu e que agora volta a ser mostrada ao público.

Ao dar a conhecer todo um património que está a perder-se a olhos vistos, a interrogação que dá nome à mostra ganha todo o sentido: «Da minha janela ainda vejo o Algarve?»

Esta é uma das duas exposições que abriram no sábado, 18 de Maio, no Museu de Portimão. A outra é «Reencontro», que exibe as obras de Hein Semke pertencentes à coleção do próprio Museu de Portimão e do Museu Nacional de Azulejo.

Esta mostra permite «um “reencontro” muito especial, entre as obras de cerâmica, pintura, gravura, monotipia, desenho e colagem do escultor alemão Hein Semke (1899-1995) das coleções dos dois museus. Deste modo, dá-se continuidade à divulgação iniciada em 2016, de novas peças pertencentes à doação que a sua mulher, Teresa Balté, fez ao Museu de Portimão e igualmente ao Museu Nacional do Azulejo».

Em Dia Internacional dos Museus e de aniversário, no foyer e nas salas da estrutura museológica de Portimão, entre mais de uma centena de pessoas, deambulavam as nove musas – jovens estudantes de teatro da Escola da Bemposta – que transportaram a escultura que representará o novo troféu “Prémio Museu Portimão”, a ser atribuído pela primeira vez em Sarajevo (Bósnia e Herzegovina), no próximo dia 25, durante a cerimónia do EMYA 2019 -Prémio Museu Europeu do Ano, ao Museu mais acolhedor da Europa. A «casa das musas», explicou José Gameiro, diretor científico do de Portimão, «são os museus».

 

E tudo o que por ali se passava era registado, com máquinas sofisticadas, outras nem por isso, ou mesmo com telemóveis, pelas dezenas de participantes na Corrida Fotográfica de Portimão, que, para alguns, até já tinha começado às 21h00 de sexta-feira.

Em dia de aniversário, Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, revelou que, ao longo dos seus onze anos de existência, o Museu portimonense «já recebeu mais de 700 mil visitantes», acrescentando que, «no ano passado, houve mais 18 mil visitantes». Isso «significa que esta casa tem vida, tem movimento», concluiu a autarca.

A juntar aos prémios, alguns deles internacionais, que o Museu de Portimão recebeu, no dia 23, às 15h00, no Palácio Fronteira, em Lisboa, irá ser galardoado com mais um: uma menção honrosa na categoria de Boas Práticas, no âmbito da candidatura do Museu de Portimão e da ARU aos “Prémios SOS Azulejo”, distinguindo a exemplar recuperação dos azulejos do Jardim 1º de Dezembro.

 

No fim da festa, como é tradição do Museu de Portimão, foram apagadas as velas e (re)partido o bolo de aniversário, como sempre uma verdadeira obra de arte, que mais uma vez saiu das mãos de Vera Santos, funcionária do museu e responsável pela pastelaria portimonense «Amor às Fatias».

Desta vez, o bolo representava uma das bancadas da sala do descabeço (uma das zonas do Museu, preservada da antiga fábrica conserveira), com uma operária, as canastras com sardinhas e até o chão, com o padrão de mosaicos brancos e vermelhos. Tudo recriado ao pormenor por Vera Santos, que, ano após ano, surpreende as largas dezenas de participantes nesta festa de aniversário.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

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