Vamos “Lavrar o Mar” com novo circo, “pasta” à moda algarvia e legumes sonoros

Já pensou em assistir a um concerto em que são os nabos, as cenouras ou batatas doces a dar música? […]

Já pensou em assistir a um concerto em que são os nabos, as cenouras ou batatas doces a dar música? Ou em fazer uma pasta italiana com enchidos de Monchique e um toque asiático? A nova edição do “Lavrar o Mar” torna tudo isto (e muito mais) possível. Até Janeiro, são quatro os grandes eventos deste projeto, a decorrer em Aljezur e Monchique. E até vai poder entrar em 2018 «de uma forma diferente e sugestiva», à boleia das acrobacias do Novo Circo.

Esta é uma programação que arranca já no dia 16 de Novembro, na sede do Rancho Folclórico do Rogil, às 19h30, no âmbito do Festival da Batata Doce de Aljezur. Para dar o pontapé de saída, há “Pasta e Basta, um Mambo Italiano”.

O nome é sugestivo? A iniciativa também o quer ser. «O que há de muito original é que o público vai aprender a fazer massa fresca. Serão 70 pessoas, durante três horas, a aprender a fazer massa como se faz em Itália», explica Madalena Victorino, uma das responsáveis pela programação do “Lavrar o Mar”, em entrevista ao Sul Informação.

Da ementa, vão constar três pratos diferentes de massa, juntando, como condimentos, a batata doce e os enchidos.

Além disto, haverá duas pessoas (uma do Oriente e outra de África) que vão introduzir, nos pratos, uma componente asiática e africana. Assim, do diálogo entre várias culturas, nascerão comidas que parecem juntar “um pouco do mundo”.

«No meio disto, entrelaça-se uma história muito bonita escrita pelo Afonso Cruz, levando teatro para dentro do prato. A história vai acontecendo em momentos em que é preciso esperar, por exemplo enquanto a pasta está a cozer. Esses momentos de pausa propiciam o avanço da história, que começou a ser contada no início», revela a programadora cultural.

“Pasta e Basta”

Não querendo desvendar muito o que irá acontecer, fique a saber que esta será uma história centrada num prisioneiro condenado à morte, que decide escrever a sua última carta à filha que não viu crescer.

O seu último desejo antes de morrer era comer os três melhores pratos que a sua amante cozinhava… e que continham “todo o mundo”.

Quanto às datas, além da estreia, a 16 de Novembro, há “Pasta e Basta” no dia 19 do mesmo mês, às 19h30, na sede do Rancho do Rogil, mas também em Monchique, dias 30 de Novembro, 1, 2 e 3 de Dezembro, às 19h30, no Parque da Mina.

E nem mesmo as crianças vão ficar de fora desta iniciativa. No dia 19, às 11h30, no Rogil, há uma versão para os mais novos, repetindo-se a 3 de Dezembro, à mesma hora, mas em Monchique.

«Vai ser possível as famílias trazerem os seus filhos para aprenderem a fazer massa fresca, mas também ouvirem e estarem dentro de uma história». E que história será essa? «Terá a ver com as crianças não terem medo de ser cozinhadas num grande panelão, como em algumas histórias infantis», conta Madalena Victorino.

Os bilhetes custam 10 euros, para adultos e crianças com mais de 12 anos, e 5 euros, para crianças dos 6 aos 12 anos.

Outro dos eventos programados para este arranque do projeto “Lavrar o Mar” é o “Conciorto”. Ou seja: um concerto de legumes da horta, a acontecer nos dias 22, 23, 24 e 25 de Novembro, às 19h30, no restaurante-bistro “Várzea”, em Aljezur.

Estes legumes serão então «sonorizados» para dar música durante um jantar em que se vão comer os legumes que também servem de instrumento musical.

Um “Conciorto”

Os dois músicos italianos Bagini e Carlone dão conta dos legumes, em termos musicais, e o chef Luigi prepara a parte gastronómica. Se a proposta já parece aliciante, terá, ainda, outro atrativo. É que, antes do jantar, quem quiser vai poder passear pela horta deste “Várzea”, de onde vão ser colhidos os legumes – os grandes reis da iniciativa.

Os bilhetes custam 15 euros, sem bebidas. Ainda em Aljezur haverá, no dia 25, às 11h00, um mini concerto no Mercado, de entrada livre.

Em Monchique, será um pouco diferente. O histórico “Barlefante” vai receber o “Conciorto”, onde também não vão faltar os tais “legumes musicais”, mas, em vez do jantar, haverá sopa de legumes para servir.

A programação deste “Lavrar o Mar” quer, tal como o ano passado, pôr Monchique e Aljezur em «turbulência» (no bom sentido do termo) e por isso será ainda em Novembro que vai estrear “Vassilissa”, juntando mais um evento à rica programação.

Trata-se de um espetáculo tanto para crianças, como para os adultos que as acompanhem. «É um conto russo muito bonito: um espetáculo maravilhoso sobre a iniciação ao ritual do teatro. As crianças vão testemunhar como uma menina, entre elas, se transforma na heroína e protagonista da história», desvenda Madalena Victorino.

Esta é uma história «das mais tradicionais do imaginário infantil». «Quando está quase a morrer, a mãe de Vassilissa chama-a e dá-lhe uma boneca, dizendo-lhe: “sempre que estiveres aflita podes conversar com esta boneca e não te esqueças de lhe dar sempre de comer”», conta a programadora cultural.

Vassilissa

A boneca torna-se a sua força. O pai de Vassilissa volta a casar e a madrasta da protagonista não a quer em casa. Assim, Vassilissa é mandada para a floresta à procura do fogo. «É uma metáfora do crescimento e da entrada das crianças na vida verdadeira, que não é cor de rosa. Tem obstáculos, agruras», diz Madalena.

A certa altura, uma menina do público vai também entrar em cena e é desse diálogo entre bruxa e menina que também se fará esta peça.

“Vassilissa” vai passar pelo Espaço+ de Aljezur no dia 30 de Novembro, às 10h30 e 14h30, em espetáculos para escolas, e a 1 de Dezembro, às 11h00, para famílias. Já em Monchique, na antiga serração, a iniciativa destinada às escolas será no dia 11 de Dezembro, às 10h30 e 14h30, e a 10 de Dezembro, às 16h30, para famílias.

Quanto aos bilhetes, custam 3 euros para adultos e 2 euros para crianças.

O «grande momento» desta primeira fase do “Lavrar o Mar” surge em forma de acrobacias: o «espetáculo maravilhoso de novo circo» “Klaxon”, pela companhia “Akoreacro”. Serão seis acrobatas e cinco músicos, da escola circense russa, que tem um «rigor técnico excecional».

Na tenda, a ser montada no Heliporto de Monchique, vão estar «acrobatas do ar que fazem coisas incríveis que não pensamos que são possíveis».

Apesar de o espetáculo do ano passado de novo circo “Maintenat ou Jamais” ter sido um sucesso, este “Klaxon” será «muito diferente». «No ano passado, eram acrobatas que trabalhavam com a bicicleta para as acrobacias, aqui é o ar, são acrobatas do ar», explica Madalena Victorino.

“Klaxon”

A tenda será maior este ano, acolhendo 500 pessoas em cada noite (em 2016 eram 400). Os espetáculos vão ser a 28, 29, 30, 31 e 1 de Janeiro, sempre às 21h00, com a possibilidade de “virar” o ano à boleia do “Klaxon”.

Para quem decidir passar o reveillon a “Lavrar o Mar”, haverá «com certeza champanhe, farturas e outras delícias da serra, com a colaboração das pessoas que cozinham maravilhosamente por aqui».

Quem não quiser ir no dia 31, poderá ir no primeiro dia do novo ano, reavivando a tradição de, a 1 de Janeiro, «as pessoas almoçarem fora e irem ao circo»… que aqui será um “novo circo”.

Os bilhetes custam 7 euros para adultos e 3 euros para crianças.

Madalena Victorino não tem dúvidas: esta é uma «programação diversificada, que vai agradar a todas as pessoas que aqui vivem e que nos visitam». Até porque todas as iniciativas são «espetáculos em que as pessoas não vêm só passivamente».

«Nós gostamos muito da participação, de ver com as mãos, com o corpo ou com os ouvidos. A sensibilidade da arte toca-nos e parece-nos muito interessante».

Tal como no ano passado, o “Lavrar o Mar” tem o apoio do 365Algarve. A comissária Dália Paulo, em entrevista dada ao programa “Impressões”, da Rádio Universitária do Algarve (RUA) FM e do Sul Informação, considerou que este é um «projeto vencedor da 1ª edição» do 365Algarve, dirigido por «duas pessoas que têm muito mundo»: Madalena Victorino e Giacomo Sclalisi.

«Trazem-nos o que de melhor há. O seu “mundo” permite-lhes outra coisa que não é tão fácil quanto isso: ganhar as comunidades locais. Não se faz turismo, nem programação cultural, sem quem está no terreno, quem o pensa», considerou.

Para Dália Paulo, o “Lavrar o Mar” faz com que, até Maio, haja «sempre um atrativo» para ir a Aljezur e Monchique.

Por isso, revelou a comissária do 365Algarve, os dois responsáveis pelo “Lavrar o Mar” «estão a trabalhar com agentes turísticos do território para fazer pacotes que não incluam só a programação cultural, mas um fim de semana ou uma semana no território. Isso interessa-nos».

Além do 365Algarve, esta edição do “Lavrar o Mar” tem o apoio do CRESC Algarve 2020 e das Câmaras Municipais de Aljezur e Monchique.

E, sem querer já revelar muito (tudo a seu tempo!), fique a saber que, para a segunda fornada de eventos de “Lavrar o Mar”, de Janeiro a Maio, haverá três residências artísticas, mas também “Medronho: A noite das facas longas ou tudo numa noite” e “Teatro Acquático”. Promete…

Para comprar bilhetes para estas primeiras iniciativas, até Janeiro, clique aqui. 

Ou clique aqui para ouvir, na íntegra, a entrevista de Dália Paulo, comissário do 365Algarve, ao programa radiofónico «Impressões», da RUA FM e do Sul Informação.

 

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