Associação Algarve Jovem quer pagar as propinas dos alunos carenciados da UAlg

Foi em «conversas de café» que a ideia de criar a Associação Algarve Jovem surgiu. Miguel Brito Oliveira, que é o […]

Miguel Brito OliveiraFoi em «conversas de café» que a ideia de criar a Associação Algarve Jovem surgiu. Miguel Brito Oliveira, que é o presidente, e colegas seus aperceberam-se das dificuldades pelas quais passavam alguns alunos. Apesar da existência das bolsas da DGES, «conheço dois casos de colegas de curso que até tiveram de desistir por falta de dinheiro», revela. Hoje, a Associação quer ajudar os estudantes carenciados da Universidade do Algarve (UAlg) e acredita que vai conseguir pagar a primeira propina a um já este ano.

Miguel Oliveira conhece bem o mundo das bolsas de estudo atribuídas pela Direção Geral do Ensino Superior (DGES). Apesar de já estar num mestrado, este alentejano de gema rumou ao Algarve para frequentar a licenciatura em Turismo e foi bolseiro. Porém, «os critérios para aceder a uma bolsa são muito meticulosos. O processo é complexo e exige muito documentos. Conheço pessoas que ficaram sem bolsa por uma questão de cêntimos», contou ao Sul Informação. Axresce a isto o facto de, por vezes, os resultados só serem conhecidos em Janeiro, quando o ano letivo começa em Setembro.

É, também, para colmatar estas falhas que a Associação Algarve Jovem nasceu. «Queremos criar mais um recurso que possa vir a ajudar», diz, entusiasmado, Miguel Brito Oliveira. O processo de seleção dos alunos carenciados será baseado, com efeito, na atribuição das bolsas da DGES.

Dia Aberto Ualg 2015

Após uma reunião com António Cabecinha, diretor dos Serviços de Ação Social da UAlg, foi dada a certeza de que a Associação Algarve Jovem poderia consultar as listas dos alunos contemplados com bolsa. Como tal, «quando tivermos o valor de uma propina, que se fixa em 965 euros, damos ao estudante que ficou imediatamente atrás dos que foram contemplados com bolsa», explica Miguel Oliveira. Já houve, também, uma reunião com o professor Paulo Águas, pró-reitor da UAlg, que «gostou da ideia», acrescenta.

Os dados de que o presidente da Associação Algarve Jovem dispõe, quer do Instituto Nacional de Estatística (INE), quer do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), dão conta de que, em 2011, apenas 12% dos jovens frequentavam o ensino superior. Estes números «não significam que os 88% não o frequentem por carências económicas, mas, dado o contexto de crise, temos de ser realistas e perceber que muitos é por isso mesmo», diz Miguel Oliveira.

Apesar de haver perspetivas, «sem dar certezas» de que se conseguirá pagar a primeira propina «já este ano», a Associação Algarve Jovem ainda está no «início, que é sempre difícil», revela Miguel Oliveira. Por conseguinte, a Associação está a aceitar «ajudas de todo o tipo, seja em voluntariado, seja em termos monetários».

Neste sentido, «a presença em feiras e certames é importante, assim como angariar parceiros e patrocinadores. Precisamos também de investir em merchandising», explica Miguel Oliveira. Por agora, para angariar dinheiro, a Associação Algarve Jovem está a dedicar-se à organização de eventos, cujo lucros revertem a favor da entidade.

 

A necessidade de uma «casa»

Escola Superior de Gestão Hotelaria e Turismo
Escola Superior de Gestão Hotelaria e Turismo

Sem um espaço para isso, as reuniões desta Associação têm sido feitas em «esplanadas de café», conta Miguel Oliveira. Esta realidade faz com que estas sejam «menos produtivas, devido ao barulho».

A solução para este problema está ainda pendente, mas uma reunião com o diretor da Escola Superior de Gestão Hoteleira e Turismo (ESGHT), onde estudam todos os alunos mentores desta ideia, deixou esperanças. «Disseram-nos que nos iam tentar dar um espaço para nos reunirmos. De resto, não pedimos muito mais ajudas porque não queremos sobrecarregar», diz Miguel, entre risos.

Quanto ao futuro, em termos de Associação, «o objetivo não é, para já, evoluir para algo com fins lucrativos. Se daqui a cinco ou seis anos anos virmos que é produtivo e conseguirmos mais apoios, que existem para projetos destes, talvez ponderemos tornarmos-nos uma associação com fins lucrativos», confessa o presidente da Associação Algarve Jovem.

Por agora, já «há conhecimento de alunos com muitas dificuldades», diz Miguel Oliveira. O objetivo, conclui de sorriso na cara, é «expandir-se a todas as escolas da UAlg e ajudar não só um, mas todos aqueles que precisam».

Quem quiser contribuir para a Associação Algarve Jovem pode fazê-lo através do IBAN PT 50 0035 0205 00013275 03064.

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