Oito milhões de empresas europeias podiam contratar mais se recebessem a horas

As perdas em Portugal resultantes do não pagamento de faturas situam-se nos 2.3%, o que correspondente a 9.237 milhões de […]

grafico 8As perdas em Portugal resultantes do não pagamento de faturas situam-se nos 2.3%, o que correspondente a 9.237 milhões de euros de perdas motivadas por não pagamentos, de acordo com o relatório Europeu de Pagamentos 2015 elaborado pela multinacional sueca Intrum Justitia.

O estudo, que reúne dados recolhidos entre Fevereiro e Abril do corrente ano e analisa o comportamento de pagamento de empresas em 29 países europeus, conclui que 70% das empresas portuguesas acreditam que os riscos de pagamento vão manter-se estáveis nos próximos 12 meses, 25% assegura que aumentarão e apenas 5% prevê uma diminuição.

Portugal mantêm-se abaixo da média europeia que se situa nos 3,1% (equivalente a perdas de 289 mil milhões de euros) e de países como Itália (3,7%), Reino Unido (3,8%) ou Alemanha (2,5%).

“Há 25 milhões de empresas nos países incluídos (29) no nosso estudo. Se relacionarmos isto com o facto de na EU existirem 23 milhões de pessoas sem emprego, pode concluir-se que se cada empresa empregasse mais uma pessoa, os números do desemprego diminuiriam drasticamente – uma suposição teórica, mas interessante. O nosso estudo indica que oito milhões de empresas poderiam empregar, pelo menos uma pessoa, se conseguissem cobrar as suas faturas mais rapidamente. Este exemplo ilustra a grande importância dos pagamento a tempo e horas”, comenta Luis Salvaterra, diretor geral da Intrum Justitia Portugal.

No que diz respeito aos prazos de pagamento (acordado + atrasos), em Portugal, a média é de 68 dias, em comparação com a média europeia que se situa nos 28 dias.

Quando analisados por tipologia de devedor, as administrações públicas continuam a acumular os maiores atrasos com uma média de 94 dias (ainda muito longe dos 30 dias impostos pela directiva europeia), as empresas B2B reduziram este número para 70 dias e no grupo dos consumidores B2C a média situou-se nos 40 dias.

De acordo com Luis Salvaterra, “independentemente do cliente ser particular, empresa ou setor público, os atrasos de pagamento assumem proporções preocupantes quando comparamos este indicador com todos os países analisados, ou com a região onde Portugal se insere”.

No estudo efetuado, 72% dos empregadores portugueses disseram que foram pressionados a estender os termos das condições de pagamento – situação semelhante a outros países do Sul da Europa (83% Espanha, 72% Itália, 78 % na França, 66% na Grécia), mas longe da média europeia, que se situa nos 40%.

 

Causas e consequências dos atrasos de pagamento

financiamento alternativoApesar da existência da diretiva europeia sobre atrasos de pagamento, estes continuam a ser uma ameaça importante para o crescimento e sobrevivência das empresas.

Nos países do sul da Europa, 86% das empresas, entre as quais se encontram as portuguesas, consideram que os atrasos de pagamento são motivados por dificuldades financeiras dos clientes; 68% aponta para o atraso intencional do pagamento e 44% refere a ineficiência administrativa dos seus clientes como uma das razões para os atrasos.

O Relatório Europeu de Pagamentos indica ainda que 45% das empresas em Portugal acredita que não vai contratar novos funcionários por causa dos atrasos de pagamento e 10% dizem que contratariam mais, se os prazos de pagamento fossem cumpridos.

Cenário inverso é apresentado em relação aos empresários na Roménia (86%), Alemanha (75%) e Sérvia (71%) que são os mais confiantes no que respeita à contratação. A nível europeu, a percentagem de empresas que acredita que uma gestão mais eficiente dos prazos de pagamento, tornaria possível contratar mais funcionários é de 32%, cerca de oito milhões de empresas.

Perante a pergunta sobre as precauções tomadas contra o risco de incumprimento, 27% dos países do sul da Europa, incluindo Portugal, disseram que utilizam o pagamento antecipado como medida de proteção contra os atrasos, embora seja de salientar que uma em cada quatro empresas não utiliza qualquer medida preventiva.

Os países da Europa de Leste são os mais propensos a considerarem alternativas financeiras aos empréstimos bancários (24% dos entrevistados), enquanto os do Sul, incluindo Portugal, apenas 12% dizem ter considerado a rede de bussiness angels, fundos de investimento ou plataformas crowfunding para obter financiamento.

 

Diretiva Europeia contra os atrasos de pagamento

está familiarizadoO estudo analisa o impacto nas economias da aplicação da diretiva europeia contra os atrasos de pagamento e conclui que 66% dos países do Sul da Europa, não notaram qualquer impacto desde o seu lançamento e 20% acreditam que seria benéfico que também fosse regulado o incumprimento nos consumidores B2C, grupo não incluído na atual diretiva, que apenas se aplica no campo empresarial.

A queda das taxas de juro na Europa foi abordada no estudo e de acordo com o mesmo, a diminuição dos juros não teve os efeitos desejados sobre o investimento. Mais de 73% dos inquiridos na Europa e 63% em Portugal diz que não teve um impacto significativo na sua capacidade de aumentar o investimento.

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