Câmara de Lagos presta homenagem a defensora dos direitos dos emigrantes portugueses em França

A Câmara Municipal de Lagos vai prestar homenagem a Laurete de Jesus Fonseca (1936-2001), perpetuando o seu nome na história […]

Laurete
Manifestação de apoio a Laurete Fonseca que mobilizou mais de 2.500 pessoas em frente à Prefeitura de Evry em 1971, no dia em que foi a tribunal para se defender da acusação de incentivo à desordem pública. Laurete (à esquerda), com mala, e pasta debaixo do braço.

A Câmara Municipal de Lagos vai prestar homenagem a Laurete de Jesus Fonseca (1936-2001), perpetuando o seu nome na história da cidade de Lagos. Esta cidadã lacobrigense teve um importante papel na defesa dos direitos dos emigrantes portugueses, em França, nos anos 60/70 do século passado.

A cerimónia pública vai ter lugar no próximo dia 22 de agosto, começando às 10h30, no Salão Nobre dos Antigos Paços do Concelho, na Praça Gil Eanes.

A iniciativa será composta por dois momentos: uma Sessão Solene de Homenagem a Laurete de Jesus Fonseca e o descerramento da placa toponímica, atribuída a uma rua  situada na Urbanização do Porto de Mós.

Laurete de Jesus Fonseca nasceu a 18 Julho de 1936, na Rua das Alegrias, em Lagos. Casada com Carlos Fonseca, partiu para França em Novembro de 1962, na altura em que ditadura de Salazar e a perseguição da polícia política provocou uma enorme vaga de emigração.

Depois de uma estadia na Argélia, a família volta a França em 1968, instalando-se em Massy, um bairro às portas de Paris, próximo do “ bidonville” onde se encontravam tantos outros emigrantes portugueses. Tudo corria relativamente bem, até que em 1971, a situação se torna difícil para os emigrantes que viviam em Massy.

O Governo francês decide acelerar a destruição das barracas do “bidonville”, mas Laurete é a intermediária do povo num protesto, juntamente com centenas de portugueses para se oporem a esta decisão.

O Estado Francês acabou por responsabilizá-la pela desordem pública e Laurete viu-se na iminência de pagar caro pelos seus gestos altruístas e solidários, correndo sério risco de expulsão do país.

Várias pressões continuaram a ser exercidas sobre ela durante muitos anos, mas Laurete resiste e acaba por ficar em França (Massy) onde, sempre muito estimada pela comunidade local, viveu o resto dos seus dias. Vítima de doença, viria a falecer em Janeiro de 2001.

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