Vamos lá então superar-nos!

A vitória de Portugal frente à Suécia, carimbando a passagem da seleção nacional para o Mundial de Futebol no Brasil, […]

A vitória de Portugal frente à Suécia, carimbando a passagem da seleção nacional para o Mundial de Futebol no Brasil, tem muito a ver com o nosso modo de ser muito português.

É que, como sempre, e à exceção do Europeu de 2004 em que, por sermos anfitriões, já estávamos automaticamente na fase final da competição, o apuramento foi arrancado a ferros, com muita dificuldade, levando a decisão até à última oportunidade possível.

Para se chegar ao play-off, Portugal perdeu ou empatou com seleções teoricamente mais fracas e agigantou-se com outras iguais ou superiores. O resultado é que a decisão final foi sendo adiada, sendo adiada, até uma ocasião em que era o tudo ou nada: ou a glória ou a derrota e o desânimo. Felizmente foi a glória!

E isto, quanto a mim, tem muito a ver com o modo de ser português – é que nós somos mesmo assim, sempre a adiar o que é preciso fazer, sempre a adiar o que poderia ser feito logo e até daria melhores resultados, porque nos libertaria para outras tarefas. Sempre a adiar o nosso país, o nosso futuro, a consolidação da nossa economia, até que a realidade nos bata de frente e nos obrigue, aí sim, a fazer das tripas coração, e a dar um tudo por tudo extremo e final. Umas vezes com bons resultados, como foi agora o caso, outras nem por isso, como acontece com o estado da nossa economia…

Mas a vitória de Portugal serviu também para elevar aos píncaros um herói nacional, Cristiano Ronaldo, estrela máxima do orgulho lusitano. E também nisto se revela bem o modo de ser português – CR7 é grande, é bom, quer tivesse ou não marcado os quatro golos que carimbaram a passagem da seleção portuguesa para o Mundial. Mas, se ele tivesse falhado, seria sempre ele a ser apontado a dedo como o responsável pelo nosso falhanço. Felizmente que ele não falhou!

No entanto, é preciso ter em conta que Cristiano não estava sozinho em campo, que o futebol é um jogo de equipa, de onze contra onze. E se ele é de facto genial, também o deve, na seleção como no seu clube, aos não menos geniais companheiros de equipa que lhe passam a bola e que com ele fazem as jogadas. No caso do jogo da passada terça-feira, queria aqui salientar o trabalho de mestre do nosso portimonense João Moutinho!

E também nisto está o tal modo de ser bem português – em Portugal, uma pessoa passa de bestial a besta em menos de nada! E, quando está lá em cima, todos se lembram dele e o tratam como um superherói, daqueles que, sozinhos, conseguem vencer os vilões todos e ainda seguram a terra com uma mão. Quando está lá em cima, todos se lembram dele, esquecendo quem o acompanhou na subida, quem lhe deu a mão e o ajudou.

Do apuramento de Portugal para o Mundial do Brasil, espero que resulte muita coisa boa para o país. Desde logo, que se concretizem os milhões que dizem que este apuramento trará para a economia nacional e que isso se reflita no nosso periclitante PIB. E depois que nos mostre, finalmente e de uma vez por todas, como é necessário trabalharmos em conjunto, todos a puxar para o mesmo lado, se queremos alcançar um objetivo.

O trabalho de equipa nunca foi o nosso forte, sempre fomos mais um país dado a rasgos de inspiração de um ou outro herói ocasional, mas o percurso da seleção, apesar do CR7, mostra que é a trabalhar em equipa que podemos superar-nos.

Por isso, superemo-nos! No futebol e em tudo o resto! Portugal, o nosso país, agradece!

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