Verdades sobre o país (II)

Os políticos estão a aldrabar com dados irrelevantes. Em artigos anteriores, vimos como a quantidade de turistas é pouco significa […]

Os políticos estão a aldrabar com dados irrelevantes.

Em artigos anteriores, vimos como a quantidade de turistas é pouco significa se não computarmos o quanto eles gastam. E as PME do setor, restaurantes, táxis e bancas de artesanato, estão a perder. O indicador de um mês, sem considerar os ciclos económicos, nada diz; é normal o emprego sazonal aumentar de Junho a Setembro.

Hoje ganha-se votos com experts em marketing eleitoral e com a TV. Quando militei na política, há 25 anos, os candidatos às Câmaras Municipais iam desde manhã muito cedo para a porta das fábricas, à pausa do almoço aos jardins, à tarde à saída dos supermercados, onde faziam mini-comícios, de uns 15 minutos. Depois, em outros 20 minutos, ouviam o eleitor. O programa era geral, só detalhado com a opinião do povo. Nós apontávamos, enquanto os candidatos ouviam, para dialogar.

Depois, nós, militantes, elaborávamos com os deputados propostas de leis/portarias, baseadas nas opiniões do povo; enviávamos as propostas ajustadas para aqueles que, nos encontros, tinham opinado. Assim, os eleitores ativos sentiam-se parte do processo político.

 

O sistema eleitoral e a TV

Com a publicidade subliminar e após os pré-testes para a televisão, o candidato tornou-se um produto para ser vendido ao eleitor. Há estudos diários da reação do público para determinar o que ele deve ou não dizer, e a entonação ideal.

Até a cor da roupa, o cenário, tudo é estudado para o espetador gostar da imagem e lembrar-se dela ao votar.

No início das campanhas pela TV, os candidatos falavam diante de uma só câmara, num cenário padrão fixado pelo canal do Estado. O mais simpático e melhor falante levava vantagem.

Agora, com as TV comerciais na Europa, estas introduziram um formato televisivo. Isto interessava aos grandes partidos, que recebiam donativos e não queriam depender dos pequenos para coligações.

“A fraca identificação da sociedade com os partidos e a falta de ligações destes à sociedade civil, a menor presença de clivagens ideológicas claras, todos estes fatores afastam o cidadão dos partidos e muitas vezes da própria democracia, diz um estudo”. “Sondagens realizadas em vários países ocidentais revelam que o cidadão acredita cada vez menos na política e sente-se mal representado pelos políticos que elegeram” escreveu a Associação Industrial Portuguesa, em 2005.

A maioria dos políticos não conhece a realidade das empresas. “A melhor política ativa de emprego está no desenvolvimento das PME. A opinião pública também conhece mal a realidade das empresas. Quem está presente na imprensa são as grandes empresas” escreveu o Expresso em 15/08/09.

E ainda, “é assustador o nível de dependência da generalidade do empresário português em relação ao governo. As pessoas têm medo de tomar posição e depois sofrerem represálias” 29/08/09. Medo lembra Salazar e Hitler.

«O orçamento nacional deve ser equilibrado. As dívidas públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos devem ser reduzidos se a Nação não quiser a falência. As pessoas devem aprender novamente a trabalhar» – Marcus Tullius, Roma, 55 a.c.

 

(continuará)

 

Autor: Jack Soifer é consultor internacional e autor dos livros Como Sair da Crise, Algarve/ Alentejo – My Love e Ontem e Oje na Economia.

 

 

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