Centro Hospitalar do Barlavento tem único Programa de Reabilitação Respiratória no Algarve

O Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio tem a único Programa de Reabilitação Respiratória em todo o Algarve e dos poucos […]

O Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio tem a único Programa de Reabilitação Respiratória em todo o Algarve e dos poucos do país e, ao longo do ano, ajuda a melhorar a qualidade de vida de cerca de dezena e meia de pessoas, afetadas pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC).

Cerca de 14% dos portugueses sofrem de DPOC, um problema crónico debilitante ainda subdiagnosticado em Portugal, que é neste momento a 3ª ou 4ª causa de morte nos países desenvolvidos. A DPOC afeta cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, apesar de a maioria desconhecer que vive com a doença.

Segundo o médico João Munhá, esse programa, que reúne uma equipa com fisioterapeutas, dietistas, pneumologistas e psicólogos, destina-se a «melhorar a qualidade de vida e a diminuir o grau de incapacidade e dependência» dos doentes. «Ajuda-os a gerir melhor o seu dia a dia, a manter alguma independência e qualidade de vida dentro da sua doença, que é um estado crónico».

O Programa implementado na unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA) desde 2004, passa por várias componentes: «passa pelo exercício, pondo as pessoas a fazer treino de exercício adaptado à sua condição, de modo a que possam fazer melhor as tarefas do dia a dia, como atar os sapatos, vestir-se, subir escadas, cansando-se menos».

Passa ainda, segundo o médico especialista, por «ensinar as pessoas a gerir a sua doença», por exemplo «a lidar com a falta de ar, com os inaladores». Há ainda o acompanhamento nutricional, já que ter uma alimentação adequada, também é, no caso da DPOC, fundamental.

O Programa pode durar dez a doze semanas, com sessões três vezes por semana no ginásio do serviço de Fisiatria e Fisioterapia do hospital de Portimão, em classes de três ou quatro doentes.

João Munhá, que é o coordenador deste programa na Sociedade Portuguesa de Pneumologia, salienta que há poucos hospitais, em todo o país que tenham este programa, sendo por isso fundamental «implementá-lo noutros sítios».

Em 2020, segundo as previsões, a DPOC deverá ser a 3ª causa de morte no mundo, sendo a única doença que está a aumentar. O tabaco é o principal agente da DPOC, mas a poluição atmosférica e até doméstica (o fumo das lareiras, por exemplo) são também agentes importantes.

Trata-se de uma doença que se manifesta tardiamente, aos 40/50 anos, e que as pessoas, pelo menos nas suas fases iniciais, «não valorizam suficientemente».

João Munhá salienta que a DOPC, além dos efeitos devastadores que tem na vida das pessoas, tem também efeitos negativos nos gastos em saúde. «São doentes que recorrem muitas vezes à Urgência dos hospitais», salienta, acrescentando que «mais de 50% das pessoas que recorrem ao serviço de Urgência fazem-no por falta de ar e uma das causas principais é precisamente a DPOC».

Trata-se de uma doença que tem «imenso peso na vida das pessoas, mas também é muito pesada do ponto de vista económico, nos gastos do Serviço Nacional de Saúde, e social (absentismo, dependência de outros)», explica o especialista.

O Programa de Reabilitação Respiratória permite «melhorar a qualidade de vida dos doentes, aliviar os sintomas, reduzir os internamentos e as idas à Urgência e aumentar a capacidade funcional das pessoas», garante.

Então porque é que ainda há tão poucos doentes a ser encaminhadas para estes tratamentos, ou porque é que ainda há poucos centros a dedicar-se a esse tratamento?

«Ainda não há noutros locais, porque isto tem a ver com uma mudança de atitudes. É necessário que haja referenciação, ou seja, esta é uma terapêutica consagrada, mas poucas vezes é lembrada pelos médicos que têm que referenciar os doentes», que têm que enviar as pessoas para o tratamento.

Atualmente, salienta João Munhá, «grande parte dos doentes com necessidade e indicação não tem acesso à reabilitação respiratória». No caso do Programa em funcionamento no CHBA, «há muitos doentes que ouvem falar de nós e aparecem cá».

João Munhá insiste: «o que o Programa faz é ensinar a pessoa a fazer melhor a sua autogestão, a evitar fatores de risco, para melhorar o seu dia a dia, mas também para que tenha que recorrer menos ao serviço de Urgência. É inquestionável o benefício da reabilitação respiratória».

Comentários

pub