Portimonense repudia falta de autorização da FPF para guardar minuto de silêncio em memória de António Mergulhão

A direção do Portimonense manifestou hoje em comunicado a seu «maior repúdio pela indiferença com que alguns dirigentes de pés […]

A direção do Portimonense manifestou hoje em comunicado a seu «maior repúdio pela indiferença com que alguns dirigentes de pés de barro, com pouco tempo para pensar nos outros que dando muito, sem nada receber, dedicaram parte da sua vida em prol da sociedade e do associativismo desportivo».

Esta é a reação do Portimonense à recusa, por parte da Federação Portuguesa de Futebol, a que o clube pudesse guardar um minuto de silêncio no jogo que hoje o opõe ao Sporting de Braga B, em memória do seu presidente da mesa da Assembleia Geral, o médico António Mergulhão, falecido na passada quarta-feira.

O Portimonense considera essa recusa como «no mínimo absurda» e recorda que, «se é certo que prontamente a Liga Portuguesa de Futebol Profissional consentiu a prestação de um minuto de silêncio, por outro lado, a Federação Portuguesa de Futebol rejeitou a pretensão do Portimonense para que tal homenagem fosse realizada na condição de visitante (recorde-se que o clube não disputa jogos como visitado, nos campeonatos organizados pela federação), escudando-se, pelo que se sabe, na interpretação dos seus regulamentos».

O clube de Portimão salienta que esta «recusa inqualificável» foi tomada «inclusive ao arrepio da posição do seu presidente Dr. Fernando Gomes, que prontamente enviou um ofício manifestando o seu pesar» e frisa que António Mergulhão era «sócio, simpatizante e dirigente» do Portimonense e por isso «pelo espírito dos estatutos, a sua principal figura».

O Portimonense destaca ainda «até para que possa servir para memória futura, o texto redigido pela Direção da Associação de Futebol do Algarve, a quem louvamos publicamente a sua frontalidade, na resposta assertiva à sua “casa mãe”, sobre esta matéria».

Na sua carta, a AFA começa por sublinhar ter solicitado «à Federação Portuguesa de Futebol, logo que foi conhecido o infausto acontecimento da morte do presidente da mesa da Assembleia Geral do Portimonense, Dr. António Mergulhão, o cumprimento de um minuto silêncio em memória daquele prestigiado dirigente, com cerca de duas décadas de serviços prestados ao futebol algarvio e nacional, com a resposta que nos chegou a deixar-nos profundamente desagradados».

A AFA continua afirmando que «o Portimonense Sporting Clube é uma coletividade com quase 100 anos de história (celebra o seu centenário em 2014) e um percurso meritório no desporto nacional e em particular no futebol, cotando-se como um dos melhores 15 clubes do futebol profissional do país, somando as participações na 1.ª Divisão e na Liga de Honra; foi o primeiro clube algarvio a garantir a presença numa competição europeia (Taça UEFA, 1985/86) o que, desta região, mais jogadores (nove) deu à Seleção Nacional A, além de largas dezenas de futebolistas a outras Seleções Nacionais; o Estádio de Portimão recebeu dois jogos da Seleção A e largas dezenas de jogos de outras Seleções Nacionais».

Por outro lado, «o Dr. António Mergulhão, dirigente de enorme prestígio e figura respeitada também pelo seu desempenho profissional e cívico, era a figura máxima do Portimonense Sporting Clube e a sua morte causou profundo pesar não apenas no seio do clube e da cidade em que vivia mas também em todo o Algarve e um pouco por todo o país, atendendo às manifestações chegadas ao clube e à própria Associação de Futebol do Algarve».

Por isso, sublinha a AFA, «face aos motivos expostos, parece-nos de todo desadequado e sem justificação plausível, à luz de “um critério uniforme, deliberando caso a caso”, a indicação de que será respeitado um minuto de silêncio apenas nos jogos oficiais que o Portimonense disputar este fim-de-semana na condição de visitado, sabendo-se que, no âmbito das competições da FPF, o Portimonense não tem nenhum jogo agendado para os próximos dias nessa condição… Na condição de visitante, não haverá lugar a esse minuto de silêncio, mas tão só à utilização de um fumo preto na camisola».

«Se a FPF “delibera caso a caso, de acordo com um critério uniforme, em função das informações recebidas sobre a contribuição para o futebol distrital ou nacional”, será de toda a utilidade – e para apenas referirmos um exemplo de quão descabida e carecida de fundamento nos parece a justificação apresentada – recebermos a indicação dos motivos que levaram à observância de um minuto de silêncio em todos os jogos sob a responsabilidade da FPF há precisamente um ano, na sequência dos lamentáveis incidentes registados em Port Said, no Egito», continua a direção da Associação de Futebol do Algarve.

«Será que, para a Federação Portuguesa de Futebol, a morte de vários egípcios – num acontecimento, voltamos a repetir, de todo lamentável – num campo de futebol mas com motivações que nada têm a ver com o desporto (e na sequência de outras mortandades registadas naquele país de há uns anos a esta parte, devido à instabilidade política e social), é mais importante que o desaparecimento da figura primeira de um dos principais clubes de Portugal? Se a morte do presidente da Assembleia Geral de uma das quinze maiores coletividades do futebol nacional não justifica, pelo menos, um minuto de silêncio em todos os jogos desse clube, o que o justificará?», interroga a AFA.

Por tudo isso, a direção da AFA, na sua carta endereçada à Federação Portuguesa de Futebol, manifesta o seu «profundo desagrado, e enorme estranheza, pelo teor do mail recebido a propósito da solicitação da AFA, que está longe de corresponder ao entendimento da relevância e do papel desempenhado pelo Dr. António Mergulhão enquanto dirigente desportivo».

A AFA termina pedindo «com carácter de urgência, atendendo à proximidade do fim-de-semana desportivo, que seja alterada a indicação remetida pela FPF para outra que contemple a lembrança, com a necessária dignidade, do que representou para o Portimonense Sporting Clube e para o futebol algarvio e nacional o notável dirigente que agora nos deixou».

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