Magia e paixão da rádio

13 de Fevereiro foi Dia Mundial da Rádio e, porque estou a falar numa rádio, queria aqui partilhar algumas das […]

13 de Fevereiro foi Dia Mundial da Rádio e, porque estou a falar numa rádio, queria aqui partilhar algumas das memórias sobre a minha relação com este meio de comunicação de massas.

Sempre me lembro de ter televisão em casa, desde criança, mas durante muito tempo, na minha infância, a rádio ocupava uma fatia importante do nosso tempo. Há mais de quarenta anos, quando eu era miúda, no Algarve só havia um canal de televisão, a preto e branco, com uma curta emissão à hora do almoço e depois à noite.

Por isso, se se queria ouvir música, notícias ou programas, era à rádio que recorríamos. Foi aí que ouvi, por exemplo, as rádio-novelas que então faziam furor e colavam famílias inteiras (enfim, naquela altura sobretudo as mulheres) ao aparelho. Quem tiver a minha idade, quase 50 anos, lembra-se certamente da «Simplesmente Maria», uma história de faca e alguidar, cheia de reviravoltas românticas, sobre os amores de uma sopeira, que foi um sucesso radiofónico no princípio dos anos 70.

Ou poderá recordar-se da versão para rádio e em português do filme «Música no Coração». Foi também um verdadeiro sucesso, até porque, além da história, também as canções foram traduzidas para português. Ainda hoje me recordo das versões portuguesas dessas músicas famosas. Mas descansem que não me vou por aqui a cantar…

Também me recordo de ouvir o meu pai a procurar, no meio de todo aquele ruído de estática, rodando um botão enorme, a BBC, para ouvir as notícias que a Censura negava, cá por Portugal, antes do 25 de Abril de 1974.

Assim como me lembro de ouvir, com ele, já depois da Revolução dos Cravos e sobretudo no Verão Quente de 75, essa mesma Rádio BBC, para ouvir as notícias que, por cá, já libertos da Censura, também não conseguíamos obter.

Antes e depois, a BBC era ouvida baixinho, quase em segredo, para que nenhum dos vizinhos se apercebesse do que estávamos a fazer.

Mesmo depois do advento da televisão com vários canais e por cabo, tenho-me mantido fiel ouvinte da rádio. Sobretudo das estações de rádio que aliam conversa inteligente, com pessoas interessantes, a música boa e noticiário de qualidade.

No carro, em casa, quando estou a cozinhar ou a despachar-me de manhã, gosto de ter aquela companhia. E até gosto, por exemplo, de ouvir relatos de futebol, sobretudo se estiver a conduzir sozinha.

Como jornalista, nunca trabalhei em rádio, embora já tenha participado em programas, como me acontece agora com o «Conversa Afiada» da RUA, no qual sou uma das convidadas.

Há mais de 30 anos, alguém cantou «video killed the radio star». Mas não foi isso que aconteceu. Mesmo com a internet e todas as possibilidades que ela oferece, enquanto houver estações de rádio que ofereçam conteúdos próprios, de qualidade, a rádio irá sobreviver. Ainda que, como me acontece com a RUA, e porque moro em Lagoa, tenha que ouvir esta estação pela internet.

Mas a magia e a paixão estão lá!

 

Este é o texto da crónica radiofónica que todas as quintas-feiras assino na Rádio Universitária do Algarve (RUA) e
que pode ser ouvida em podcast aqui.


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