Algarve ganha dois novos monumentos nacionais

O Forte de São Sebastião, antiga muralha defensiva de Castro Marim, e as Muralhas e Porta de Almedina, em Silves, […]

O Forte de São Sebastião, antiga muralha defensiva de Castro Marim, e as Muralhas e Porta de Almedina, em Silves, foram classificados esta quinta-feira como monumentos nacionais, segundo decisão do Conselho de Ministros.

No caso do Forte de São Sebastião, foram ainda integrados na classificação como monumento nacional os demais elementos arquitetónicos que subsistem dos baluartes e revelins que o ligavam ao castelo de Castro Marim.

Silves tem agora cinco monumentos nacionais: antiga Sé, Castelo de Silves (alcáçova), muralhas da Almedina e sua porta principal, Cruz de Portugal e Poço-Cisterna.

Em Castro Marim, já estava classificado como monumento o seu castelo.

O Forte de São Sebastião foi alvo de profundas obras de recuperação e restauro em meados da década de 2000.

Bem pior é a situação das muralhas e Porta de Almedina, que apresentam problemas junto ao Museu Municipal de Silves e ainda na zona norte, após a passagem do tornado.

No total, o Governo aprovou no Conselho de Ministros de ontem sete novos monumentos, através de decretos que procedem também à classificação como monumentos nacionais do Santuário de Nossa Senhora de Aires, no lugar de Aires, e da Ermida do Senhor Jesus do Cruzeiro, no lugar do Cruzeiro, na freguesia e concelho de Viana do Alentejo, distrito de Évora; do Terreiro da Batalha de Montes Claros, nas Herdades de Travassos e Nogueiras e nas Herdades de Fuseira e Álamo, freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Borba, distrito de Évora; dos Núcleos do Sítio Arqueológico de Abul, no Monte Novo da Palma, freguesia de Santa Maria do Castelo, concelho de Alcácer do Sal, distrito de Setúbal; das Termas Medicinais Romanas de Chaves, em Chaves, distrito de Vila Real; do Campo Militar de Trancoso, também denominado Campo Militar de São Marcos, nas freguesias de São Pedro e Torres, concelho de Trancoso, distrito da Guarda e ainda do Casal de Santa Maria (conjunto edificado e zona envolvente), também denominado «Parque de Serralves» ou «Quinta do Riba de Ave», no Porto, freguesia de Lordelo do Ouro, concelho e distrito do Porto.

No Algarve existem os seguintes monumentos nacionais: Castelo de Silves, Castelo de Castro Marim, Castelo e muralhas de Lagos, Fortaleza de Sagres, Muralhas do Castelo de Tavira, Antigo Convento da Graça (Loulé), Convento de Nossa Senhora da Assunção/Museu Municipal de Faro, Cruz de Portugal (Silves), Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe (Vila do Bispo), Igreja da Misericórdia de Loulé, Igreja de Santo António (Lagos), Igreja de São Sebastião (Lagos), Igreja Matriz de Estômbar, Igreja Matriz de Loulé, Igreja Paroquial de Santa Maria do Castelo (Tavira), Sé Catedral de Silves, Monumentos Megalíticos de Alcalar (Portimão), Ruínas Romanas de Milreu (Faro), Villa Romana da Abicada (Portimão), Villa Romana do Cerro da Vila (Loulé), bem como os dois novos monumentos agora classificados.

 

A importância das muralhas e da Porta da Almedina de Silves

 

A Medina de qualquer cidade muçulmana é um dos dois polos fundamentais da organização urbana, desenvolvendo-se sob a proteção da alcáçova, mas ligando-se a ela através de, pelo menos, uma porta.

No caso de Silves, e de acordo com o testemunho de Rosa Varela Gomes, parece haver uma pré-existência de origem romana no traçado das principais vias da Medina, dado que ainda hoje é possível distinguir dois eixos, dispostos de forma transversal entre si e entrecruzando-se sensivelmente ao centro da localidade, num modelo que recorda a adoção de um “cardus e de um decumanus” de ascendência romana.

O primeiro eixo parte da Porta da Almedina (ou de Loulé) e coloca em comunicação esta entrada principal com a Porta da Alcáçova.

O segundo eixo é constituído pela Rua de D. Sancho I e relacionava diretamente as portas poente e nascente da cidade. No local em que estas duas artérias se uniam, localizava-se a mesquita maior, transformada, a partir do século XIII, na atual Sé Catedral de Silves.

Toda a cidade (alcáçova e almedina) era rodeada por muralhas, numa extensão de mais de um quilómetro de distância e que rodeavam cerca de sete hectares.

Parte deste sistema amuralhado foi destruído, mas o remanescente é sobejamente importante ao ponto de elevar Silves ao estatuto de principal monumento militar islâmico citadino do país.

O sistema de portas revela também a complexidade da fortificação. A Porta da Almedina, apesar de muito alterada durante a época cristã, é uma estrutura maciça, protegida por duas torres de tipo albarrã e de configuração em cotovelo. As restantes portas eram defendidas por torres.

Silves, antiga capital islâmica do Gharb, ainda hoje se mantém como um desafio arqueológico de primeira importância. Apesar de parte do complexo militar ter sido suprimido nos séculos de domínio cristão, o que tem vindo a ser descoberto em sucessivas campanhas arqueológicas em vários pontos da cidade, assegura o estatuto de campo arqueológico de vital relevância para o conhecimento da época islâmica no nosso país.

 

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