Município de Silves decreta luto municipal pela morte da artista Maria Keil

Isabel Soares, presidente da Câmara Municipal de Silves, decretou luto municipal por Maria Keil, artista natural de Silves, que faleceu […]

Isabel Soares, presidente da Câmara Municipal de Silves, decretou luto municipal por Maria Keil, artista natural de Silves, que faleceu ontem, domingo, dia 10 de junho, aos 97 anos.

«Esta é uma forma singela de homenagear esta grande mulher e notável artista da nossa cidade, que marcou o panorama das artes portuguesas nos séculos XX/XXI», afirmou Isabel Soares.

«Ela sempre se assumiu como silvense, facto que muito nos orgulhou e tocou, pelo que também será sempre recordada como uma das mais ilustres filhas desta terra, que nos encheu de orgulho com a sua obra, com a sua capacidade criativa, com a sua imaginação e assim será homenageada neste momento da sua morte», disse a presidente da Câmara.

Deste modo, as bandeiras estarão a meia haste, em memória de Maria Keil, nascida nesta cidade no dia 9 de agosto de 1914.

A artista frequentou o curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluna de Veloso Salgado e em 1933 casou com o arquiteto Francisco Keil do Amaral.

Deixou uma obra vasta e multifacetada: pintura, sobretudo retratos, publicidade, tentativas de renovação da talha em madeira para móveis e desenho de móveis, decoração de interiores, cartões para tapeçarias (Hotel Estoril Sol, TAP de Nova Iorque, Copenhaga, Madrid, Casino Estoril, etc), pinturas murais a fresco, cenários e figurinos para bailados, selos, azulejos (Metropolitano de Lisboa, Av. Infante Santo, TAP de Paris e Nova Iorque, União Eléctrica Portuguesa, Casino de Vilamoura, Aeroporto de Luanda, etc.) e ilustração.

A renovação da estação do Metropolitano de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, foi um dos últimos trabalhos que executou.

A sua memória permanecerá igualmente viva na Biblioteca Municipal de Silves, onde desde o dia 3 de setembro de 2009, está exposto, na sala que tem o seu nome, um autorretrato seu (pintado em 1941), bem como um fac-simile da carta que escreveu e que descreve as razões pelas quais ofereceu esta obra ao Município.

O quadro mantem, também, a mesma moldura escolhida pela autora, quando o emoldurou.

Esta é uma das mais conhecidas pinturas da sua obra, tendo mesmo recebido o Prémio Revelação Amadeu de Sousa Cardoso nesse ano. Era, igualmente, um dos quadros preferidos de Maria Keil.

A autarquia pretendeu, com a colocação desta obra e a atribuição do nome Maria Keil à sala infanto-juvenil da Biblioteca Municipal, «que a memória da artista permanecesse viva nas memórias de todas as crianças e jovens que ali entram, já que uma parte significativa da obra desta autora foi dedicada às crianças», referiu Isabel Soares.

Na verdade, o seu nome ficará ligado, para sempre, a obras de outros grandes autores, para quem criou belíssimas ilustrações, como Sophia de Mello Breyner Andresen, Matilde Rosa Araújo, Maria Cecília Correia, Aquilino Ribeiro, entre muitos outros.

Embora a nota de imprensa da Câmara de Silves não refira, na cidade há pelo menos outra obra de Maria Keil, em local público: o painel de azulejos representando Silves, colocado num largo perto da zona ribeirinha e oferecido pela artista, em 2000.

O painel, que estava coberto por uma frase insultuosa grafitada, foi limpo voluntariamente por alunos de uma escola de Silves, há menos de um mês, numa ação integrada nas comemorações do Dia Internacional dos Museus.

O velório de Maria Keil terá lugar hoje (11 de junho), a partir das 18h00, na igreja de São João de Deus, em Lisboa (à praça de Londres). As exéquias fúnebres terão lugar às 15h00 de dia 12 de junho, seguindo-se o funeral no Cemitério da Apelação, no concelho de Loures.

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