Jovens europeus à descoberta da biodiversidade no Algarve

Siska Rappe tem 25 anos é belga e professora de Línguas no seu país natal. Mas, durante onze dias, está […]

Siska Rappe tem 25 anos é belga e professora de Línguas no seu país natal. Mas, durante onze dias, está na Ria de Alvor, com 15 outros jovens de quatro países da Europa, a participar na Semana da Biodiversidade, promovida pela Associação A Rocha e cofinanciada pela União Europeia.

Siska passou a manhã de sexta-feira da semana passada com os pés enterrados na vaza da Ria de Alvor, a apanhar berbigões e a observar a macrofauna desta importante zona húmida algarvia.

O dia não estava dos mais quentes e, de vez em quando, até caía um grosso aguaceiro, mas o grupo de jovens – quatro portugueses, quatro belgas, quatro britânicos e outros tantos polacos – não parecia importar-se muito com isso. Houve mesmo quem não resistisse e fosse dar um mergulho nas águas transparentes da ria». Foi para tirar a lama», garantiu um jovem polaco.

Siska, apesar da sua formação em Línguas, diz que até já está habituada a este contacto direto com a natureza, já que os seus pais são «ambos biólogos» e sempre a levaram «a acampar» desde criança. Mas esta é a primeira vez que vem ao Algarve e que conhece uma zona «tão bonita e diferente da minha terra como a Ria de Alvor».

O Nuno Silva, português de Lisboa, 22 anos, também vem de um mundo bem diferente, já que está a estudar informática. «Mas quando soube deste projeto quis logo inscrever-me, porque isto é muito diferente. Gosto do contacto com a natureza e de conhecer pessoas da minha idade mas de outras nacionalidades».

O Todd Jenkins, 22 anos, coordenador do grupo de quatro britânicos, está como peixe na água, já que estuda Biologia de Conservação e Zoologia na Universidade de Cardiff, no País de Gales.

Mesmo assim, ou precisamente por isso, o Todd está a considerar a experiência «muito boa». «Esta é a área que me interessa, mas estamos a trabalhar em conservação num país diferente, com habitats únicos. Quando soube deste projeto da Semana da Biodiversidade agarrei logo a oportunidade».

Mas não é só ao nível científico que o jovem galês considera a Semana da Biodiversidade importante. Também ao nível pessoal. «Este tipo de projetos é sempre muito importante, porque nos permite contactar com diferentes modos de viver, diferentes pontos de vista», acrescentou Todd.

A Aleks, polaca, já tem alguma experiência nestas andanças, uma vez que já participou no Serviço de Voluntariado Europeu. Por isso, esta experiência longe da sua Polónia natal não lhe é estranha.

A Semana da Biodiversidade no Algarve, que começou no dia 30 de abril e se prolonga até 11 de maio na freguesia da Mexilhoeira Grande, Portimão, é um projeto que resulta de uma parceria da Associação A Rocha com as organizações “Youth for Nature and Environment”, na Bélgica, “Biodiversity Explorers”, na Polónia, e “Eco-Explore”, do Reino Unido, e é co-financiado pela União Europeia (Youth in Action, Ação 1.1).

Os jovens, entre os 18 e os 26 anos, estão a participar na monitorização e recolha de informações sobre a singular biodiversidade no concelho de Portimão com o objetivo de despertar as pessoas para a riqueza ambiental do Algarve.

Os jovens são orientados por uma equipa constituída por técnicos da Associação A Rocha, por voluntários de diferentes países e têm ainda o apoio de especialistas portugueses em fauna e flora.

Paula Banza, coordenadora do projeto e da equipa portuguesa, explicou ao Sul Informação que, ao longo destes onze dias, os 16 jovens têm como missão principal participar na campanha de monitorização de lepidópteros (borboletas) noturnos na Ria de Alvor.

O Nuno Silva explica: «todas as noites colocamos armadilhas em determinados locais, para capturar essas borboletas noturnas. De manhã bem cedo, aí pelas 6h30, 7h00, vamos ver o que lá está». Depois é todo o trabalho de registo.

Mas os jovens têm ainda atividades tão diversas como a recolha de macrofauna na Ria de Alvor, uma apanha de lixo à beira da ria – com a colaboração da EMARP -, uma sessão sobre morcegos, visitas ao Centro Ciência Viva de Lagos, Sítio das Fontes (Lagoa), Mercado Municipal e Museu de Portimão, bem como à quinta biológica das Seis Marias, no Sargaçal (Lagos). Há ainda tempo para um passeio pelas dunas da Ria de Alvor, guiado por técnicos da Câmara de Portimão. Até já houve uma noite cultural, durante a qual os jovens cozinharam um prato típico do seu país.

O resultado final do projeto será a produção de um relatório científico, que terá uma apresentação pública, e uma exposição fotográfica que ficará patente na Cruzinha, sede da Associação A Rocha, na Ria de Alvor, e depois no Centro Ciência Viva de Lagos, em data  a acordar. O relatório vai ser apresentado na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, na quarta-feira, dia 9 de maio, às 15h30.

 

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