Festival de Órgão de Faro tem tido muito público e pouco apoio oficial

Duas casas cheias, uma experiência de transmissão em direto online que se tornou regra e ainda dois concertos para desfrutar […]

Duas casas cheias, uma experiência de transmissão em direto online que se tornou regra e ainda dois concertos para desfrutar até final do mês. O Festival de Órgão de Faro está, mais uma vez, a ter sucesso e a entusiasmar o público, mas sentiu a falta de apoio de privados, apesar de ter estatuto de Interesse Cultural.

O próximo concerto é já amanhã, sábado e terá entrada gratuita. A partir das 21h30, dois músicos vão juntar-se na Igreja do Carmo, num concerto onde se unem os sons de um órgão histórico, construído no século XVIII e da flauta de bisel.

A organista Carina Lasch e o flautista Pedro Santos vão tocar diversas peças em conjunto, «mas também haverá momentos a solo de um e outro instrumento».

O presidente da Associação Música XXI João Neves dos Santos e a diretora artística deste festival Patrícia Martins estiveram no «Impressões», programa radiofónico dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM. A entrevista completa pode ser ouvida na íntegra no sábado, às 12 horas, em 102.7 FM ou em www.rua.pt.

O evento terminará no dia 26 de novembro com chave de ouro, com a presença de José Gonzalez Uriol, «o grande especialista mundial de música antiga para teclas», salientou Patrícia Martins.

Num ano em que o festival comemora uns emblemáticos cinco anos e em que até obteve a Declaração de Interesse Cultural da parte da Secretaria de Estado da Cultura – o atual Governo decidiu não criar um Ministério da Cultura – a associação Música XXI viu-se obrigada a avançar sem ter cobertas todas as despesas que iria ter com este evento, cuja entrada é gratuita.

«Quando arrancámos para esta iniciativa, não tínhamos conseguido toda a verba necessária, estávamos a dois terços do orçamento. Mas, neste momento, conseguimos assegurar a quase totalidade dos custos», contou a diretora artística do festival.

Apesar da declaração do Governo, que permite a quem a recebe oferecer a eventuais mecenas a possibilidade de descontos fiscais de 120 por cento do valor do seu apoio, as tentativas da organização de angariar apoios de privados revelaram-se infrutíferas.

«Para esta edição, candidatámos e apresentámos a proposta do Festival a pelo menos meia dúzia de empresas e, infelizmente, todas voltaram as mandaram para trás», revelou João Neves dos Santos.

Mas, se da parte das empresas contactadas houve falta de abertura, o mesmo não aconteceu em relação às entidades públicas. A Entidade regional de Turismo do Algarve associou-se este ano ao evento e garantiu dois dos concertos, o de abertura e o de encerramento.

Nos concertos que contam com o apoio do programa de animação turística, é pedida uma contribuição ao público, que reverte na sua totalidade para uma Instituição particular de Solidariedade social do concelho de Faro, uma ação que faz parte da filosofia do «Allgarve».

«No concerto de Gyula Szilágyi, todas as receitas foram doadas à APPC. No de José Uriol, ainda não foi decidido qual será a instituição beneficiada», acrescentou Patrícia Martins.

«Também conseguimos, pela primeira vez, a tradução dos materiais promocionais, que achámos ser importante para atrair o público estrangeiro residente e trazê-lo para as nossas iniciativas», acrescentou Patrícia Martins. E já se nota que «começa a haver um equilíbrio» entre portugueses e estrangeiros nos concertos.

O Festival do Órgão de Faro nasceu há cinco anos, pouco depois do órgão histórico da Sé de Faro ter sido restaurado pelo mestre organeiro Dinarte Machado e em consequência deste investimento. «A partir desse restauro, o órgão ficou em condições de ser tocado em concerto», explicou Patrícia Martins.

O festival foi uma forma de aproveitar a disponibilidade deste instrumento único e também de um outro órgão do século XVIII na Igreja do Carmo «em condições de ser tocado», «uma ideia que já vinha de 2005».

«Convém que salientar que estes órgãos [de tubos] são históricos, não são como os que ainda hoje se fazem e podem encomendar. O João Santos, o organista que cá esteve no último concerto, disse-me em conversa que o órgão de Leiria, do qual ele é titular, foi comprado há poucos anos e custou qualquer coisa como meio milhão de euros», ilustrou João Neves dos Santos.

A associação Música XXI existe desde o ano 2000 e depressa se tornou uma referência na região em diversas áreas da cultura. Música e fotografia são as áreas com mais expressão, mas também há lugar ao Teatro e a outras expressões artísticas.

No rol de atividades da Música XXI, destaque para as iniciativas «Música de Pais para Filhos» e «Histórias para Instrumentos», bem como para a organização da exposição World Press Photo em Portimão.

 

 

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