Daqui a um mês, está pronto o projeto que vai dar nova vida aos Banhos Islâmicos de Loulé

O projeto de recuperação e musealização do edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, datados dos séculos XII e XIII, está […]

O projeto de recuperação e musealização do edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, datados dos séculos XII e XIII, está pronto «dentro de um mês», anunciou Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal, ao Sul Informação. 

De acordo com o autarca, trata-se de uma «obra de fundo» naqueles que são vestígios únicos, em Portugal, de um complexo de banhos islâmicos, um hammam público.

Este é um projeto da autoria do arquiteto Vítor Mestre, especialista em musealização do património histórico. Todo o edifício será recuperado e a cobertura será «alterada com um novo layout», explicou Vítor Aleixo, ao nosso jornal.

Uma das grandes potencialidades deste projeto é a interação 3D que será acessível a qualquer visitante. No fundo, vai ser possível ver como eram, na altura, os banhos islâmicos, utilizando as novas tecnologias.

A interação 3D dará uma imagem concreta de como era e funcionava aquele local, fácil de perceber por todo o público. Aquando do levantamento, Martino Correia, responsável por esse trabalho, tinha explicado ao Sul Informação que a ideia será que «os visitantes cliquem em botões que permitam ver como era cada zona dos banhos na sua época».

Na passada quinta-feira, 19 de Abril, este complexo foi um dos locais visitados por jornalistas e agentes turísticos, em mais uma fam trip.

Banhos Islâmicos

A acompanhar a visita, esteve Isabel Luzia, arqueóloga da Câmara de Loulé, que explicou, depois, ao nosso jornal que a zona da sala fria ainda será escavada, mas «deve ser uma das que, em termos de estratigrafia, está melhor preservada».

Durante as escavações, «infelizmente não chegámos mesmo à fornalha, porque isso ia implicar desmontar algumas estruturas de uma casa do final do século XV», revelou ainda. Esta é a habitação que foi construída por cima dos antigos banhos e cujos vestígios também vão fazer parte do projeto de musealização.

Esta obra já teve parecer positivo da Direção-Geral de Património e está avaliada em 1 milhão de euros, valor que será pago pela Câmara de Loulé. De acordo com previsão do edil louletano, dentro de dois meses, será aberto concurso para empreitada e a obra terá um prazo de execução de dois anos.

O edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, localizado no interior da “Casa das Bicas”, descoberto em 2006, é o único edifício deste género identificado no território nacional. Trata-se mesmo de um dos edifícios de banhos islâmicos públicos mais completos no panorama da arqueologia da Península Ibérica.

No período em que os muçulmanos ainda dominavam o Al-Gharb (Algarve), os banhos situavam-se na porta de entrada para Al-‘Ulyã (Loulé), tendo funcionado entre os séculos XII e XIII.

No mundo islâmico, ainda hoje os banhos apresentam um carácter ritual e purificador de acordo com os preceitos religiosos. Mas têm também um carácter social, já que constituem um elemento fundamental da vida citadina, convertendo-se mesmo num local de convívio.

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