Hoje é Dia da Espiga e portanto feriado em Loulé e Monchique. A tradição manda que, nesta Quinta-Feira da Ascensão (segundo o calendário cristão), as pessoas saiam para o campo a apanhar a espiga, um raminho que inclui a dita, de trigo, bem como flores silvestres, como papoilas, malmequeres ou flor de romãzeira, e um raminho de oliveira. Mas hoje o tempo de chuva deve estragar os planos a muita gente…
O Dia da Espiga é também o do feriado municipal nos concelhos de Loulé e de Monchique. Em terras louletanas, além dos festejos oficiais, o destaque vai para a Festa da Espiga, em Salir, que começa hoje. Em Monchique, a chuva obrigou a cancelar o piquenique ao ar livre que estava previsto.
O Dia da Espiga é comemorado sobretudo no Sul do País, terá uma origem pré-cristã e marca, de certa forma, o início da época das colheitas. Os ramos da espiga são simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver: as espigas, geralmente de trigo, simbolizam a abundância, as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres, a beleza, e o ramo de oliveira, a paz. Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se dentro de casa e aí se conserva durante um ano, até ser substituído pela “espiga” do ano seguinte.
Crê-se que este costume tenha as suas raízes num antigo ritual cristão que consistia na bênção dos primeiros frutos, mas as suas características fazem-no adivinhar origens mais remotas, muito provavelmente em antigas tradições pagãs associadas às festas em honra da deusa Flora que ocorriam por esta altura.
A Festa da Espiga em Salir, freguesia marcadamente rural, teve início no dia 23 de maio de 1968, organizada pela Junta de Freguesia, mais propriamente pelo presidente de então, José Viegas Gregório, figura carismática e um grande impulsionador da sua terra natal. A notoriedade alcançada pelo evento fez com que a Câmara Municipal de Loulé passasse a comemorar o Dia do Município na Quinta-Feira da Espiga.
Festa da Espiga começa em Salir
As festividades em Salir começam hoje e estendem-se até sábado, dia 7 de maio. Etnografia, Música, Folclore, Gastronomia, Artesanato ou Desporto são algumas das propostas em 2016.
Esta quinta-feira, a partir das 13h00, na principal artéria da vila, os visitantes poderão apreciar alguns petiscos e manjares serranos nas tasquinhas que vão estar no recinto. Às 14h00, abre a exposição de produtos tradicionais.
Mas o grande momento deste evento é o desfile etnográfico que sai à rua a partir das 15h00. Trata-se de uma das mais importantes manifestações da cultura tradicional do interior algarvio, com o desfile das principais atividades agrícolas e artesanais desta freguesia, algumas delas em vias de extinção, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extração de cortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba, artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestaria de verga.
Durante o desfile, os “poetas” populares irão declamar poemas ou quadras feitos de improviso ou preparados, em registo de mensagem em tom de brincadeira aos responsáveis municipais, para pedir ou agradecer as obras feitas na terra.
À noite, haverá animação musical a cargo do Grupo Veredas da Memória, baile tradicional com Ruben Filipe e atuação de Némanus (quizomba e funaná).
Na sexta-feira, dia 6, a tarde é dedicada aos seniores que irão participar num baile tradicional com o Rancho Folclórico da Velha e o acordeonista Fernando Inês.
À noite, a partir das 21h00, é também o folclore que animará a festa, com a atuação do Rancho Folclórico “As Mondadeiras das Barrosas”, Grupo Etnográfico da Serra do Caldeirão (Cortelha), Rancho Folclórico da Casa do Minho (Lisboa) e Rancho Etnográfico Danças e Cantares da Barra Cheia. A noite encerra com um baile com Gonçalo Tardão.
A programação de sábado é dedicada aos mais novos. Às 10h00 realiza-se o II Torneio de Futebol “Os Espiguinhas”. Na Tarde das Espiguinhas está prevista muita animação e surpresas, jogos infantis, um lanche e o desfile “Miss e Mister Espiga”.
À noite, sobem ao palco Nanook (21h30), Diogo Piçarra (22h45) e os Back to the Sixties (00h30). O DJ Rodriguez encerra a festa.
Todos os espetáculos têm entrada livre.
Loulé: medalhas para uns, prémio literário para Tolentino Mendonça
Na cidade de Loulé, sede de concelho, as comemorações arrancaram com a cerimónia de hastear da Bandeira em frente aos Paços do Concelho,.
Neste momento, está a decorrer a Cerimónia dos Agraciados, na Sala da Assembleia Municipal de Loulé. A Câmara Municipal distingue as personalidades e instituições ligadas ao concelho, que se destacaram nas suas áreas.
Este ano, será atribuída a Medalha de Honra do Município à escritora louletana Lídia Jorge. O poeta Casimiro de Brito, o médico Abreu e Silva (a título póstumo), o Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF) e os ex-presidentes da Câmara Municipal de Loulé Joaquim Vairinhos e José Cavaco (a título póstumo) irão receber a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro.
A Medalha de Grau Prata irá distinguir Francisco Rosado (a título póstumo), o Dom José Beach Hotel, o Padre Henrique Varela e o Sport Clube Escanchinas. A poetisa e intérprete de contos tradicionais Filipa Faísca e o empresário Jack Petchey, fundador da Fundação Jack Petchey, serão condecorados com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Bronze.
Já no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pelas 12h00, tem lugar a cerimónia de entrega do Grande Prémio Literário Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal de Loulé.
Na primeira edição desta iniciativa, que distingue as áreas de Crónica e Dispersos Literários, o vencedor é José Tolentino de Mendonça, com o livro “Que coisas são as nuvens”. Presentes na sessão vão estar José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, Casimiro de Brito, presidente do júri do Prémio, e o autor vencedor.
Em Monchique, mau tempo cancela caminhada e piquenique
Em Monchique, além das cerimónias oficiais, com hastear da bandeira, nos Paços do Município, era para ter havido hoje uma caminhada e um piquenique, até ao Moinho do Poucochinho, atividades integradas nas Comemorações do Dia da Vila, da responsabilidade da Junta de Freguesia de Monchique.
Mas foram canceladas «em virtude do alerta amarelo emitido pelo Instituto do Mar e da Atmosfera para o Sul de Portugal entre as 6h00 e as 18h00 do dia de amanhã».
Quanto à missa marcada para as 11h00, no Moinho do Poucochinho, passou para a Igreja Matriz, na vila.
No que diz respeito ao executivo municipal, apesar da chuva, o dia está a ser ocupado com a visita a obras em curso no concelho.
Nota: a fotografia do ramo do Dia da Espiga é da autoria de Catarina Alves de Sousa, do blogue http://joanofjuly.com/
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