Governo não faz a vontade a Joaquina Matos de acabar com o CHA (até ver)

«Está à vista de todos que a fusão dos hospitais do Algarve não resultou e há que revertê-la. Não vale […]

hospital de Portimão7«Está à vista de todos que a fusão dos hospitais do Algarve não resultou e há que revertê-la. Não vale a pena mudar as pessoas que estão à frente do Centro Hospitalar do Algarve, há que alterar o modelo», considera a presidente da Câmara de Lagos, que acolhe no seu concelho uma das três unidades do CHA.

Mas, para já, a única garantia dada pelo ministro da Saúde é que será nomeada em breve uma nova administração para o centro hospitalar e que estão a ser estudados cenários para o futuro.

Esta foi a mensagem que foi transmitida aos jornalistas e também à presidente da Câmara de Portimão Isilda Gomes, que se reuniu com o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes esta terça-feira. Segundo revelou ao Sul Informação a edil portimonense, o membro do Governo disse-lhe «que estão a ser estudados todos os cenários e que não há qualquer decisão tomada». «Mas deu-me uma garantia: a situação vai mudar para melhor», disse Isilda Gomes.

Na segunda-feira, o jornal Público tinha avançado que o Governo se preparava para lançar um novo modelo para os hospitais da região, assente em duas Unidades Locais de Saúde (USL), uma no Sotavento e outra no Barlavento. Estas estruturas teriam a sua base nos hospitais de Faro e de Portimão. Este seria, segundo aquele jornal, um tema central na reunião de ontem entre a tutela e a autarca algarvia do PS, descrita como «acérrima defensora desta solução».

Isilda Gomes, por seu lado, diz não estar preocupada com o modelo que é escolhido, mas sim com os resultados que se conseguir obter. «Pouco me interessa se é com o CHA ou não. O que me importa é que a saúde, na região, funcione e que o Hospital de Portimão recupere as valências que perdeu», ilustrou.

Urgências Hospital de Faro 2016_5Assegurou, ainda, ter «toda a confiança no sr. ministro da Saúde, que tem um conhecimento profundo sobre o estado da saúde, no Algarve, e está determinado em virar a página», acrescentou.

Cerca de uma hora depois de o nosso jornal ter falado com Isilda Gomes, a Câmara de Portimão acrescentou, numa nota de imprensa, defender que «o Hospital do Barlavento volte a disponibilizar os serviços e a desempenhar o papel central nos cuidados de saúde junto das populações dos concelhos de Portimão e do Barlavento que vinha assegurando até julho de 2013, data da criação do Centro Hospitalar do Algarve e do propositado esvaziamento de valências e especialidades ocorrido nos hospitais de Portimão e Lagos».

Menos confiante está o médico do CHA Horácio Guerreiro, que antecipou, numa carta aberta ao ministro da Saúde, uma solução assente na criação das duas USL. Uma medida que, acusou, «pode satisfazer as estruturas políticas dos partidos governantes», mas que é «uma solução que empobrece a saúde na região e conduzirá à desvalorização do Algarve, como entidade regional com peso político».

Já Joaquina  Matos diz querer ver regressar «o nosso Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio», não escondendo a sua «preocupação» com a indefinição sobre o que o Governo irá fazer para promover uma melhoria dos cuidados de saúde na região, não só ao nível hospitalar, mas também dos cuidados de saúde primários.

«Desde que foi criado o CHA, não foi feito qualquer investimento em Lagos e perdemos serviços. Há uma máquina de raio-x que está avariada há muito e que nunca foi arranjada. Mesmo em Portimão, perderam-se muitas valências. Ou seja, piorou tudo», lembrou.

Hospital-de-Lagos1A edil lacobrigense aproveitou para lembrar os problemas existentes no seu concelho, ao nível dos cuidados de saúde primários. «Também a este nível, o concelho está muito carenciado. Há 11 mil lacobrigenses sem médico de família. Neste campo, é muito importante que o processo de criação de uma Unidade de Saúde Familiar no Centro de Saúde avance. Aliás, o reforço deste tipo de unidades de saúde foi uma promessa eleitoral do PS», lembrou.

Segundo Joaquina Matos, «há uma equipa de profissionais disposta a criar uma USF em Lagos», composta por «seis médicos, seis enfermeiros e pessoal administrativo». Todos eles «trabalham noutros locais, mas têm interesse em instalar-se em Lagos, porque é bom viver aqui».

«Já nos disponibilizámos, junto da Administração Regional de Saúde do Algarve, a solucionar problemas que possam existir, nomeadamente ao nível de obras que sejam necessárias e até equipamento. Seria algo importantíssimo para Lagos», considerou a presidente da Câmara de Lagos.

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