Jovens “turistas” aprendem o que é estudar na Universidade no Algarve

No Algarve, em pleno Verão, não são apenas o Sol e a Praia que atraem visitantes. A Universidade do Algarve […]

No Algarve, em pleno Verão, não são apenas o Sol e a Praia que atraem visitantes. A Universidade do Algarve acolhe desde esta segunda-feira, uma nova edição dos Cursos de Verão, iniciativa a que aderiram jovens de várias escolas secundárias da região, mas também de outros pontos do país, como Odemira e Lisboa.

Nas próximas duas semanas, há mini-cursos em diferentes áreas, mas também muitas atividades lúdicas para aos 150 estudantes do ensino secundário, um tipo diferente de turistas, que aceitaram o desafio da universidade algarvia. O objetivo é dar a conhecer o que se ensina na instituição e proporcionar uma experiência diferente a potenciais futuros alunos da UAlg.

Como ilustrou o reitor da UAlg António Branco, à margem da sessão de lançamento dos «Cursos de Verão 2014», que teve lugar esta manhã, a ideia da iniciativa é «dar a possibilidade a estes jovens de conhecerem as nossas instalações, os professores e algumas das áreas em que nós trabalhamos bem». «Queremos, no fundo instigar a sua curiosidade e a vontade de, mais tarde, virem para cá estudar», resumiu.

A vontade de rumar a Sul, para prosseguir os estudos, não é disfarçada por Manuel Santos, jovem lisboeta que se inscreveu no mini-curso de Gestão de Empresas. «Vou cá estar uma semana. Vim porque a minha tia, que vive aqui de Faro, me convidou. É mais uma oportunidade de estar com ela, ao mesmo tempo que conheço a universidade», ilustrou.

Manuel tem 17 anos e acabou o 12º ano, com uma média final de 14 valores e espera apenas a libertação da nota dos exame de Matemática para se candidatar ao Ensino Superior. «Se conseguisse ficar por Lisboa, era bom. Mas seria a mesma experiência de sempre e eu gostava de mudar. Vou para Gestão de Empresas e concorrer para cá é uma das possibilidades. Até porque isto é muito mais calmo, tem mais praia e calor. Gosto de Faro», confessou o jovem.

Como se percebe pelas declarações de Manuel, as caraterísticas da região são, só por si, motivo de atração. «Eu acho que, provavelmente, a Universidade do Algarve é a melhor para fazer um curso de Verão. Não quer dizer que não tenham tempo de estudo. Mas, paralelamente, além do clima muito bom, temos outras atividades lúdicas que podem ir fazendo. Portanto, aquele slogan que estamos a usar, e que eu gosto tanto, que diz “Estuda onde é bom viver”, é muito importante, neste caso (risos)», considerou António Branco.

O reitor da UAlg não recusa que haja aqui uma componente turística. «A palavra Turismo não me choca, desde que o encaremos numa perspetiva cultural. Estes jovens estão a passar uma semana de férias, mas estão a aproveitar para aprender alguma coisa. Pode ser visto como uma forma de turismo, mas cultural e organizado dentro da Universidade», considerou.

Ainda assim, frisou, esta iniciativa não serve «para ganhar dinheiro». A verba máxima cobrada é de 135 euros, com inscrição, refeições, alojamento, material e participação em todas atividades incluídas.

Para Matilde Pombinho, passar uma semana a aprender sobre Gestão de Empresas, na Ualg, sairá bem mais em conta. A jovem farense está no 10º ano, na área de Economia, mas já tem uma ideia bem definida do percurso que quer seguir, no futuro. «Eu quero fazer a licenciatura em Economia e depois tirar um mestrado em marketing», revelou a jovem algarvia.

«Esta experiência é boa para que, quando entrar, finalmente, na Universidade, o impacto não ser tão grande. Aqui, vou ter a oportunidade de aprender certas matérias com mais profundidade. Há também um dia dedicado ao Marketing, que é a área que eu quero seguir», ilustrou.

Rafael, aluno do 10º ano da Secundária de Olhão, está a seguir um percurso em tudo semelhante a Matilde, que será sua colega por uma semana no mini curso de Gestão de Empresas, mas ainda têm dúvidas quanto ao caminho que quer seguir, no futuro.

«Como estou a estudar Economia, acho que é uma experiência enriquecedora. Ainda estou indeciso entre seguir Economia ou Relações Internacionais. Provavelmente, esta experiência será decisiva para eu escolher», revelou.

 

36 alunos dos «Cursos de Verão» vieram de Odemira

Matilde e Rafael são apenas dois exemplos, entre muitos, de jovens algarvios que aproveitaram para ter uma semana diferente e enriquecedora. Mas o maior contingente até veio de fora da região, mais precisamente de Odemira, cuja autarquia patrocinou a vinda de 36 alunos de escolas do concelho.

Alguns destes jovens vieram participar no curso «Agricultura do Futuro», uma área do saber muito ligada à economia daquele concelho alentejano, onde há uma forte aposta em explorações agrícolas modernas, de grande dimensão.

«A minha professora de Biologia é que me desafiou a vir para aqui. Optei por vir para este curso de agricultura, porque é uma boa área. Quero aprender mais sobre os processos e a agricultura no futuro», revelou Rui Silva, aluno de um curso profissional, em Odemira.

«Esta é uma área que me interessa: a produção de frutas ou de ervas aromáticas. (…) Quero sair daqui a saber mais sobre fitofármacos, sistemas hidropónicos, o clima e os solos», disse.

O exemplo de Odemira, que apostou forte nos «Cursos de Verão» da UAlg é algo que o reitor gostaria que tivesse paralelo, no Algarve.

«Gostávamos muito que esta rede que neste momento está ser criada com os municípios, também contribuísse para aumentar o número de jovens interessados em vir conhecer a universidade e aquilo que tem para oferecer», considerou António Branco, referindo-se ao périplo que tem vindo a realizar pelos municípios da região.

A UAlg quer ser «cada vez mais ambiciosa» e acolher ainda mais jovens, em edições futuras da iniciativa. «Não vou apontar metas, mas, se conseguíssemos chegar aos valores que a Universidade do Porto já tem, neste momento, de 400 jovens, seria excecional», disse António Branco.

«Mas vamos caminhar devagar, com as condições que temos. Sobretudo, garantir condições de segurança para os jovens que cá vêm, ter boas condições para os acolher», concluiu.

Comentários

pub