«Fotografar, A família Andrade» mostra um século de olhares sobre Tavira

A exposição «Fotografar», patente no Museu Municipal de Tavira até ao dia 7 de janeiro, é uma celebração única na […]

A exposição «Fotografar», patente no Museu Municipal de Tavira até ao dia 7 de janeiro, é uma celebração única na história da fotografia algarvia.

Parte do acervo particular da família Andrade, a qual ao longo de quatro gerações tem retratado a cidade de Tavira e as suas gentes, mostra-se pela primeira vez em três salas do Palácio da Galeria.

O valor das coleções expostas, constituídas por milhares de imagens e também por alguns equipamentos, é notável sob diversos pontos de vista e o interesse do espólio é inquestionável.

A exposição relata com pormenor e rigor o evoluir das fisionomias das pessoas, o modo de vestirem no dia-a-dia, e o de se apresentarem perante os fotógrafos tavirenses de apelido Andrade, estabelecidos na cidade talvez em 1912.

Relata também o quotidiano da cidade e as ocasiões especiais, quer tenham sido elas as visitas dos ilustres da nação, inaugurações de monumentos e obras públicas, festas e procissões, ou os desastres naturais, como as cheias de 1949 e 1989.

O retrato artístico, a foto ‘tipo-passe’, o bilhete postal ilustrado, a fotografia de estúdio e a foto-reportagem preencheram a vida profissional dos Andrade, que souberam sempre guardar cuidadosamente inúmeros ‘clichés’, negativos e originais.

Só assim foi agora possível levar a cabo a exposição «Fotografar», aprofundando não só o conhecimento da história da fotografia, mas igualmente da sociedade, da economia, das profissões, da arquitetura, e do desporto e lazer.

Dois pormenores curiosos ficam também evidentes: o ‘Photoshop’ tem longas tradições, já que a prática do retoque fotográfico para valorizar a imagem é, afinal, antiga e executada com enorme esmero quando o fotografado é ilustre; a concorrência sempre foi acesa e a família Andrade nunca se cansou de apregoar a qualidade do seu serviço e os preços particularmente convidativos e sem competição que praticava.

Um último mérito de «Fotografar» é o facto de ser uma produção quase inteiramente municipal. Sob o comissariado científico de Jorge Queiroz e Rita Manteigas, foi concebida e instalada uma exposição irrepreensível enquanto narração e musealização. É, consequentemente, um prazer visitá-la.

Em paralelo, a Câmara Municipal de Tavira editou um catálogo muito cuidado, precedido de dois textos assinados por Teresa Siza, diretora do Curso Superior de Fotografia da Cooperativa Árvore e ex-diretora do Centro Português de Fotografia, e Rita Manteigas, historiadora local.

 

 

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