Ainda não é este mês e continua a não haver data para a tão aguardada inauguração do Cineteatro António Pinheiro, em Tavira. Agora, a derrocada da fachada de um prédio localizado na Rua Guilherme Gomes Fernandes, numa das laterais do novo equipamento cultural, poderá ter provocado danos que têm de ser resolvidos.

A data de inauguração ainda não tinha sido anunciada oficialmente por nenhuma entidade, mas, no site da Fundação Calouste Gulbenkian, uma publicação feita a 4 de Junho dava conta de que a programação desta Orquestra e Coro iria passar pelo Cineteatro de Tavira.

«A digressão tem início no dia 20 de Junho, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, e prossegue a 21 de Junho, no Cineteatro António Pinheiro, em Tavira, com direção musical do maestro Clemens Schuldt e a participação da flautista Sónia Pais», lê-se no site.

Seria este o espetáculo pensado para a abertura ao público do Cineteatro de Tavira? Ninguém confirma.

Em declarações ao Sul Informação, Ana Paula Martins, presidente da Câmara de Tavira, afirma apenas que «estamos a preparar tudo, mas ainda não há data para a inauguração».

O concerto da Orquestra e Coro Gulbenkian, entretanto, mantém a data mas vai realizar-se na Igreja do Carmo.

A autarca explicou também que o facto de ainda não haver data definida para a inauguração «tem a ver com um conjunto de situações que não estavam previstas» – é o caso do sistema de ventilação, «que estava a funcionar e já tinha passado nos testes e, neste momento, não está», diz.

Quanto à derrocada de um dos prédios vizinhos que afetou visivelmente parte da estrutura do Cineteatro, Ana Paula Martins revela que «interferiu com a estrutura da caixa de palco» e que, agora, «é preciso que retirem o entulho para ver se houve danos e quais foram».

As obras no Cineteatro António Pinheiro começaram em 2018 e, desde aí, as datas de previsão de abertura já foram muitas.

Em Junho do ano passado, em declarações ao Sul Informação, Ana Paula Martins apontou o último trimestre de 2024 como uma possibilidade e relembrou que, em todos estes últimos anos, «houve limitações que impediram as coisas de avançar».

«Logo no início, tivemos uma paragem muito grande, de cerca de sete meses, por causa da arqueologia. Depois, houve a pandemia de Covid, que parece que foi há muito tempo, mas trouxe muitas limitações que impediram a obra de avançar, principalmente porque os empreiteiros eram da zona de Coimbra. E não nos podemos esquecer também da Guerra da Ucrânia, que trouxe um problema de materiais», realçou a edil.

Há um ano, já estavam a ser feitos, de acordo com a autarca, «os teste de todos os equipamentos (AVAC, luzes e som)».

«Após esses testes, que ainda vão demorar, temos que ultimar as medidas de autoproteção do espaço, remeter essas medidas para apreciação da Autoridade de Emergência e Proteção Civil e depois tem que ser feita a vistoria pela equipa nacional deles. De seguida, vamos ainda ter que ter uma vistoria da Inspeção Geral das Atividades Culturais», explicou Ana Paula Martins ao nosso jornal, em Junho de 2024.

Nada fazia prever que, passado um ano – e quase pronto a ser inaugurado -, o edifício tivesse de ser novamente alvo de intervenções.

O risco de derrocada do prédio localizado ao lado do Cineteatro já tinha, contudo, sido identificado pelo Serviço Municipal de Proteção Civil de Tavira.

Num comunicado publicado na rede social Facebook, a 4 de Junho, a Câmara informou que a circulação automóvel e pedonal passaria ser cortada na Rua Guilherme Gomes Fernandes devido a esse perigo e que seria «restabelecida, o mais brevemente possível, logo que se encontre reposta a estabilidade da fachada do edifício».

Dias depois, o prédio ruiu mesmo.