A prometida residência universitária prevista para a Vila-Adentro de Faro, nas antigas instalações da Polícia Judiciária, ainda não é mais do que um mero projeto no papel e pode nem sequer passar disso. Sem financiamento para uma requalificação estimada em 4,5 milhões de euros, a Universidade do Algarve, que considera pouco provável obter essas verbas, não conseguirá avançar com a obra.
A Diretoria do Sul Polícia Judiciária (PJ) já se instalou em definitivo no seu novo edifício, na antiga Escola Superior de Saúde. Na sua agora antiga sede, em plena zona histórica da capital algarvia, as portas estão fechadas, já não há ninguém a trabalhar.
A PJ «ainda não informou a data de libertação» do imóvel, disse ao Sul Informação o reitor da Universidade do Algarve (UAlg) Paulo Águas, em resposta por escrito, mas mesmo que a instituição de ensino superior assuma a sua posse, nada mudará a curto prazo.
Em 2021, quando a reversão de imóveis entre PJ e UAlg foi oficializada em Diário da República, ficou assente que o edifício situado na chamada Cidade Velha seria «integrado no património da Universidade do Algarve», que projetava ali instalar uma nova residência universitária.
Em Fevereiro de 2022, a UAlg apresentou candidatura de requalificação do imóvel ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), mas esta «não foi aprovada», de acordo com o reitor.
A candidatura, que incluía um estudo prévio, previa a criação de «85 camas, distribuídas por 35 quartos duplos e 15 quartos single [individuais]», com um investimento estimado em 2,6 milhões de euros.
Contudo, alertou o reitor, essa candidatura «foi elaborada antes da invasão da Ucrânia», que causou um aumento significativo dos custos em várias áreas, nomeadamente nos materiais para construção civil.
«À data de hoje, estima-se que o investimento seria de 4,5 milhões de euros», sublinhou o responsável.
Paulo Águas afirmou ao nosso jornal que continua a ser intenção da universidade recorrer a financiamento para a obra.
Até porque, «sem financiamento público», a UAlg «não terá capacidade para proceder à adaptação do edifício a residência» universitária, frisou.

Contudo, avisou, «neste momento não há programas/avisos para financiamento de novos projetos de residências».
E, acrescentou Paulo Águas, «tendo por referência» a experiência com as candidaturas já aprovadas, o tempo para conclusão da intervenção seria de «aproximadamente três anos, desde a aprovação da candidatura».
Ou seja, com este cenário em cima da mesa, nunca antes de 2029, na melhor das hipóteses, estaria pronta uma nova residência universitária na Vila-Adentro de Faro.
«A intenção de adaptação» do edifício a residência universitária, vinca o reitor, «só será abandonada» caso não seja possível a obtenção de financiamento público, «através de programas destinados a essa finalidade».
Ao Sul Informação, Paulo Águas admitiu mesmo que a possibilidade de este projeto não obter financiamento é, neste momento, «bastante plausível».
Questionado sobre a possibilidade de o projeto de residência universitária cair e de serem pensadas novas funções para o imóvel, o reitor respondeu: «Outros fins para o edifício deverão ser apresentados e discutidos previamente em sede de Conselho Geral, antes da sua divulgação pública.»

Em relação ao quadro atual de residências universitárias, a UAlg teve nove candidaturas aprovadas pelo PRR, através do PNAES: seis remodelações, totalizando 432 camas (existentes); uma adaptação, com 10 novas camas; e duas construções, com 287 novas camas.
Falta concluir uma remodelação, com prazo definido para Agosto próximo, e as duas residências que estão a ser construídas, na Penha e nas Gambelas, com data de conclusão prevista para Março de 2026.
O investimento total previsto, «sem IVA, é de 25.365.629 euros, com financiamento de 16.167.515 euros», destacou o reitor da UAlg.
A diferença «poderá ter de ser assegurada por saldos correntes» da UAlg, o que, segundo Paulo Águas, representará «um esforço muito difícil de suportar, pois é muito superior aos 2 milhões de euros previstos no momento de apresentação das candidaturas».
Fotos: Edgar Pires | Sul Informação










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