A direção da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve (UAlg), encabeçada por Inês Araújo, renunciou ao cargo, enquanto a Comissão do Curso de Medicina também já manifestou a sua indisponibilidade em continuar em funções no próximo ano letivo.

Ambas as situações foram confirmadas ao Sul Informação por Paulo Águas, reitor da UAlg.

A demissão de Inês Araújo aconteceu já há algumas semanas – a professora da UAlg, que ao Sul Informação disse não ter «condições para continuar», tinha tomado posse como diretora a 3 de Julho de 2023, num mandato que só acabaria no próximo ano.

Ao que o Sul Informação apurou, tem havido um clima de mau estar, no curso de Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da UAlg, devido a alterações, por exemplo, nas avaliações.

Num e-mail enviado à Ordem dos Médicos e à Agência de Acreditação A3ES, a que o nosso jornal teve acesso, os estudantes dizem sentir que a sua formação está a ser «profundamente prejudicada por decisões incoerentes, avaliações improvisadas e uma gestão pedagógica altamente questionável».

Um dos pontos vincados é que têm havido «avaliações sem valor pedagógico claro», em cadeiras como Ciências Básicas e Clínicas, onde, acusam, foram «realizados exames sem parecer técnico-pedagógico visível».

A isto junta-se, por exemplo, o facto de as simulações clínicas terem passado «a contar para nota sem explicitação clara dos critérios ou fundamentação didática».

«Até hoje, não sabemos como se processou a ponderação, mas impossibilitaram colegas de ir a exame», acusam os estudantes.

Além da demissão da direção da Faculdade, também a Comissão de Curso do Mestrado Integrado em Medicina já manifestou «a sua indisponibilidade em continuar no próximo ano letivo», revelou, ao nosso jornal, o reitor Paulo Águas.

Desta comissão faz parte a diretora do curso do MIM: a professora Natércia Joaquim, mas também Carlos Fernando Collares e Hipólito Nwzalo (todos professores). Há ainda quatro alunos: dois efetivos e dois suplentes.

Ora, com estas decisões, a Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da UAlg encontra-se sem direção eleita (a de Inês Araújo mantém-se, mas só até ser escolhida a nova e para não haver um “vazio legal”) e com a certeza de que a direção do Mestrado Integrado em Medicina também mudará no próximo ano letivo.

Por enquanto, ainda não se sabe quando serão as eleições na Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas – a comissão eleitoral irá avaliar as eventuais candidaturas e, depois, o reitor aprovará a data do sufrágio.

Quanto à Comissão de Curso, os estatutos são diferentes: será, sempre, o Conselho Científico da Faculdade a elegê-la – Conselho, esse, que não mudará com a nova direção da unidade orgânica.

O certo é que esta é a segunda vez consecutiva que a direção da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas não chega ao final do mandato – aliás, nunca uma direção desta unidade cumpriu os três anos até ao fim.

Isabel Palmeirim, por exemplo, demitiu-se em Março de 2023, com críticas fortes, na altura, ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) – atual Unidade Local de Saúde – e à falta de acreditação de serviços que impedia os alunos de estagiar na região.