Faro vai ter, no arranque do próximo ano letivo de 2025/26, mais seis salas de pré-escolar na rede pública para dar resposta ao problema da falta de vagas.

A novidade foi dada ao Sul Informação pelo Município de Faro, que diz que «o aumento da rede pública de educação pré-escolar tem sido prioridade» desta autarquia e que, em conjunto com a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e os Agrupamentos de Escolas, «tem vindo a propor respostas concertadas para a falta de salas, necessidade esta que também tem sido analisada e discutida em sede do Conselho Municipal de Educação de Faro».

Três das seis salas vão nascer na nova Escola Básica que está a ser construída no recinto da D. Afonso III e que também irá dispor de oito salas de 1.º ciclo.

As outras três serão inauguradas na Escola Básica de S. Luís. Esta alteração obrigará à mudança de três turmas de 1.º ciclo do ensino básico para a Escola Básica Dr. Joaquim Magalhães.

Questionada pelo nosso jornal sobre as condições desta alteração, a Câmara de Faro esclarece que «ambos os estabelecimentos de ensino referidos estarão bem dotados, com espaços, equipamentos, mobiliário e material didático, para garantir que os alunos e professores usufruem de boas condições para a concretização da prática pedagógica, bem como que se salvaguarde o preconizado nas diretrizes do Ministério da Educação para a educação pré-escolar, cumprindo-se os princípios e normas determinados para a educação inclusiva».

A falta de vagas no ensino pré-escolar (tanto público como privado) é um problema que está a afetar várias regiões do país, incluindo o Algarve.

No ano passado, tal como o Sul Informação noticiou nesta reportagem, a preocupação dos pais intensificou-se quando tentaram, nos meses de Abril e Maio, matricular os filhos e não conseguiram vagas. O problema manteve-se, em alguns casos, mesmo após o começo do ano letivo.

Os encarregados de educação queixavam-se ainda do facto de a medida “Creche Feliz”, em vigor desde Setembro 2022, só abranger crianças até aos três anos.

«Segundo a lei, o Governo não tem de garantir vaga para essas crianças. Nem entram na medida da Creche Feliz, que é até aos 3 anos, nem entram na escola pública. Ou seja, para o nosso Governo, é como se não existissem as crianças entre os 3 e os 4 anos», desabafou a mãe de duas crianças naturais da freguesia de Quarteira, no concelho de Loulé, onde este problema da falta de vagas também motivou revolta e várias manifestações.

Na capital algarvia, nasceu o movimento “Educação para todos em Faro” e decorreu uma manifestação na qual os pais protestaram contra o fecho do pré-escolar do Centro Infantil Estrela do Mar, da Fundação Vítor Reis Morais, na cidade de Faro, subsidiada pela Segurança Social.

Confrontados com esta realidade, já perto do começo do ano letivo do ano passado, os encarregados de educação depararam-se com a dificuldade de conseguir vagas noutros privados, IPSS e, principalmente, no ensino público.

«Isto é um problema estrutural e que vem de base. Com a Creche Feliz nos privados, o público tinha de assegurar as crianças a partir dos 3 anos, mas não é isso que acontece. A desculpa é que os privados têm autonomia para fazerem o que quiserem, mas então o público tem de assegurar que as crianças de 3, 4 e 5 anos tenham escolas», disse uma mãe farense em entrevista ao nosso jornal.

As seis novas salas garantidas já este ano letivo podem não chegar para resolver o problema da falta de vagas em Faro e, por isso, a autarquia está já a projetar a construção de mais.

Nos próximos anos, a ampliação da Escola Básica Santo António permitirá criar, de acordo com o Município, seis salas de educação pré-escolar. Na antiga escola do 1.º ciclo da Conceição, vão ser criadas outras três.