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Dino d’Santiago apadrinha primeiro manual de literacia financeira em língua cabo-verdiana 

O músico algarvio Dino d’Santiago apadrinha o primeiro manual de literacia financeira em língua cabo-verdiana, lançado no arquipélago, numa parceria da ONG Mundu Nôbu com os bancos centrais de Portugal e Cabo Verde.

«Enquanto ser humano, sonhas numa língua» e «quando as pessoas estão em casa, a pensar no que vão gastar, não pensam em língua portuguesa, estão a pensar em crioulo», referiu, em entrevista à Lusa, para explicar a razão da iniciativa para Cabo Verde, onde nasceram os seus pais.

«Fazer este livro nascer e vê-lo chegar às escolas é a melhor prenda de aniversário que podia dar ao meu pai, a primeira pessoa a ensinar-me literacia financeira, mesmo sem saber sequer que essa expressão existia», referiu, a propósito da data, na quinta-feira.

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O dia foi o escolhido para lançamento do livro, criado a partir de uma versão portuguesa para as escolas, traduzido para língua cabo-verdiana e cuja apresentação foi acompanhada por uma aula dada pelo governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, na cidade da Praia, ilha de Santiago.

Centeno vai realizar iniciativas semelhantes, hoje e sábado, nas ilhas de São Vicente e Santo Antão, respetivamente.

Na quinta-feira, no novo Liceu Cónego Jacinto, o auditório estava cheio, com dezenas de alunos do 11.º ano, para uma aula de economia onde Centeno apontou a educação e formação como prioridade do desenvolvimento.

«Se esta sessão estivesse a ocorrer em 1990, podíamos fazer isto numa sala muito mais pequena, porque o número de vocês que já tinha começado a trabalhar era enorme e isso condicionava o vosso e o nosso futuro coletivo», referiu, numa alusão a um passado de baixas qualificações que prejudicou o arquipélago, tal como Portugal, apontou.

Nos novos currículos deve ter lugar a literacia financeira e, ocupando o pátio central da escola, os alunos do liceu foram os primeiros a receber os novos materiais sobre o tema, sem precisar de pensar no que as palavras significam na sua língua materna.

«Como será daqui a 10 anos, depois destes jovens lerem em crioulo algo que vai contribuir para a forma como vão gerir o seu dinheiro», perguntou Dino, considerando que traduzir termos financeiros complexos para a língua mãe é uma forma de inclusão.

«Foi das coisas que me deu mais prazer fazer» na organização não-governamental (ONG) Mundu Nôbu (do crioulo Mundo Novo), fundada há um ano, com Liliana Valpaços, para capacitar comunidades sub-representadas, num trabalho que envolve módulos temáticos como literacia financeira.

A ideia original era levar materiais em crioulo, a partir de Cabo Verde, para alimentar esses módulos com a comunidade em Portugal, mas os contactos cresceram e as conversas entre os bancos centrais, nos últimos cinco meses, levaram a distribuição a arrancar já nas ilhas.

«Há uma intenção que nos une a todos, o reconhecimento da importância da língua [materna] em Cabo Verde e Portugal», concluiu Liliana Valpaços.

A Mundu Nôbu nasceu em Portugal e deverá expandir-se ainda este ano para o arquipélago.

Foto: Elton Monteiro | Lusa

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