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Pode não ser o local em que muita gente pensa, mesmo os mais entusiastas de caminhadas, na hora de se fazer ao caminho, mas Santa Bárbara de Nexe não só tem mais de uma centena de trilhos classificados e que são zelosamente mantidos pela Junta de Freguesia, como conta com três Pequenas Rotas homologadas e irá ter o seu primeiro Festival de Caminhadas, entre os dias 7 e 9 de Fevereiro.

Este evento juntará caminhadas e outras atividades, como workshops e espetáculos, e está inserido na rede Algarve Walking Season, à semelhança de outros quatro festivais algarvios: Alcoutim, Ameixial, Lagos e Monchique.

Da programação «muito variada» constam, como seria de esperar, «várias opções de caminhadas, umas mais curtas, umas mais longas», entre passeios temáticos e outros cujo objetivo é, simplesmente, dar a conhecer as belezas naturais e patrimoniais da freguesia, segundo os promotores deste evento.

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E como é que nasce o Festival de Caminhadas de Santa Bárbara de Nexe?

«Nós temos a consciência, até porque existem já quatro festivais, que as pessoas quando pensam em caminhadas, dizem: vamos para o Ameixial, vamos Monchique, vamos para Lagos, vamos para Alcoutim…», admitiu, ao Sul Informação, Sérgio Martins, presidente da Junta de Freguesia de Santa Bárbara de Nexe a entidade promotora do festival.

«Mas aqui também há muita gente a caminhar, temos os caminhos [vicinais]. Também temos as primeiras três pequenas rotas do concelho de Faro, homologadas pela Federação Portuguesa de Pedestrianismo e Montanhismo», enquadrou.

Sérgio Martins foi, de resto, um dos grandes obreiros da classificação de 129 caminhos vicinais nesta freguesia, um trabalho pioneiro em Portugal que colocou estes caminhos rurais, não destinados a trânsito automóvel, no domínio público.

Na sequência desta classificação, foi feita «pela Associação Algarviana Team, pela Associação Nexense e por pessoas individualmente» uma candidatura ao Orçamento Participativo de Faro. A proposta foi aprovada «e com o esforço de uma série de gente conseguimos estabelecer então três Pequenas Rotas pedestres», as primeiras do concelho de Faro.

 

Sul Informação

 

Foi a partir daqui que surgiu a ideia de fazer um festival.

«Começámos a trabalhar para fazer o Festival de Caminhadas, propusermos à Região de Turismo do Algarve, que é a entidade responsável pela Algarve Walking Season, e eles aceitaram logo a ideia, até numa perspetiva de haver aqui uma oferta não tanto no interior e que aproveitasse este potencial todo que nós temos aqui», revelou o presidente da Junta de Santa Bárbara de Nexe.

Para organizar o festival, foi criada «uma parceria com moldes diferentes dos outros festivais» de caminhadas da região, um «modelo em rede, em parceria com associações locais, com grupos informais e com pessoas e empresas a nível individual que também pudessem ou estivessem relacionadas com esta temática das caminhadas, do ambiente, do bem-estar, da saúde».

Uma das pessoas que se envolveu na organização do evento foi Anabela Afonso, antiga comissária do programa “365Algarve”, que é natural desta freguesia, onde vive atualmente e na qual tem todas as suas raízes familiares – e, como ilustrou Sérgio Martins, para além de promover caminhadas, «tem até um espaço muito interessante aqui na nossa freguesia».

«Isto acaba por ser uma coincidência feliz para mim, porque é uma altura em que eu estou de licença sem vencimento desde há cerca de um ano. A ideia desta licença foi também direcionar-me mais aqui para o meu território. Essa vontade surgiu muito do trabalho que eu fazia no “365Algarve”, porque eu sinto muito que é preciso olhar para o interior da região. Ainda bem que o Algarve é conhecido pela praia e pelo sol, mas acho que o Algarve é mais que isso», revelou Anabela Afonso ao nosso jornal.

Depois de muitos anos a trabalhar na Função Pública e de ter ocupado diferentes cargos, em entidades públicas distintas, Anabela Afonso fez uma pausa nessa atividade profissional e começou ela própria a organizar caminhadas, a partir de um espaço que arrendou e da sua própria casa, «que está mesmo à beira dos trilhos», na zona de Bordeira.

Hoje, promove caminhadas a freguesia, algumas das quais ligadas «ao mindfulness, a práticas de bem-estar associadas a este contacto maior com a natureza – que acho que é uma coisa que veio muito com a pandemia e que acho que sentimos todos falta».

 

Sul Informação
Foto: Anabela Afonso

 

«Fiquei muito surpreendida com o espanto das pessoas que vinham fazer as minhas caminhadas e até de alguns amigos meus, aqui de Faro, de perto, que viam os trilhos e ficavam muito impressionados com a sua beleza. Eu acho que é por ser tão perto de Faro, as pessoas não associam que andando tão pouco para o interior já estão em pleno campo», contou.

«Para mim, isto acaba por ser um regresso à minha infância, porque eu cresci a percorrer estes caminhos, mais ali na zona de Bordeira, da Quinta das Raposeiras. Percorria muito estes trilhos de ir da casa de um avó para a da outra. Isto era o nosso dia-a-dia. Quem cresceu aqui, estes eram os percursos que nós fazíamos no dia-a-dia – para brincar, para ir ter com amigos, para fazer um recado, ir à mercearia, ir à cooperativa…», contou.

«Este festival acaba por ser uma forma de dar a conhecer muitos desses trilhos, essa riqueza, mas também vai estar muito associado à história e à cultura que estes territórios ainda têm e que aqui em Santa Bárbara ainda estão muito vivas», reforçou.

Quem se inscrever no Festival de Caminhadas de Santa Bárbara de Nexe poderá conhecer os caminhos que fizeram parte da infância e ainda fazem parte da vida de Anabela, de Sérgio e de muitos outros habitantes da freguesia.

«Das caminhadas, há várias que estão esgotadas ou em vias de estar, como a que será promovida pelo Centro de Ciência Viva, a caminhada noturna para ver as estrelas, a das plantas medicinais, as caminhadas em família e a de observação de aves, entre outras», segundo Sérgio Martins.

Para explorar a programação, que também integra uma caminhada mindfulness, sugerida por Anabela Afonso, e um passeio de desenho com os Urban Scketchers, pode descarregá-la aqui. Para inscrições, seguir este link.

 

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Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Além de caminhadas temáticas, temos as outras atividades paralelas. Várias vão acontecer nos Gorjões, dinamizadas pela Associação Casa-Museu José Pinto Contreiras, onde vai haver uma exposição de artistas da Galeria do Alto, que é uma coleção própria da associação», descreve o presidente da Junta.

Nesta localidade também será levada à cena a peça de teatro comunitário “Mulheres do Alto” do Janela Aberta ao Teatro.

Em Bordeira, «vamos ter dois momentos: uma oficina sobre os canteiros e a arte de trabalhar a pedra, e uma sessão sobre “Bordeira, Terra da Acordeão”, que vão dar corpo àquilo que é a nossa identidade coletiva, que nós vamos querer mostrar».

Esta vontade de mostrar o que ainda existe, para evitar que desapareça, também é um dos objetivos deste festival.

«Eu acho – e sei que o Sérgio também tem essa profunda convicção -, que é muito necessário começar a olhar para coisas tão simples, que nós damos por garantidas, como os valados, como as cisternas, as fontes, os poços, os engenhos de água. Estas são coisas que podem acabar por desaparecer, caso não se olhe para elas com alguma atenção, porque nem toda a gente tem a mesma sensibilidade e nós sabemos como a procura por estas casas é grande e como, às vezes, estas coisas, de um momento para o outro, já não estão lá. E quem anda muito a pé, quem faz estas caminhadas, percebe isso», ilustrou Anabela Afonso.

«Também é uma forma de chamar a atenção para este património, que importa valorizar. Mas depois há um património imaterial também, que são as tradições, as charolas, o acordeão, o trabalho com a pedra, que caracterizou tanto estes territórios. Percorrer estes trilhos e ir contactando com as pessoas que ainda cá estão, também é uma forma de se dar a conhecer essa cultura rica que existe aqui em Santa Bárbara de Nexe», concluiu Anabela Afonso.

 

 

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