Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
festival de caminhadas

A Plataforma Água Sustentável (PAS) classifica construção da Estação de Dessalinização de Água do Mar do Algarve, cujo contrato foi assinado na semana passada, com a presença do primeiro-ministro, como «uma decisão ineficaz», «um desperdício económico» e «uma obra perdulária».

Num comunicado em que recusa as «ambiguidades», a PAS acusa ainda a dessalinizadora, que vai ser construída junto à praia da Rocha Baixinha, no litoral do concelho de Albufeira, de ser «um prejuízo para a pesca e turismo locais», com «um elevado custo ambiental», e «uma oportunidade perdida pelo governo».

Concretizando, a PAS defende que se trata de «uma decisão ineficaz, porque, no máximo da sua produção de água, produzirá 6,8% do total dos consumos anuais da região, cerca de 236,5 hm3. (20% dos 34% do consumo urbano) quando atualmente se perde, em média, 30% da água nas redes de distribuição urbana do Algarve».

vamos à vila 2025

Será um desperdício económico, porque «desvia verbas que deveriam ser aplicadas em soluções eficazes, como a reabilitação das redes de abastecimento de água, recorrendo à instalação de tecnologias para a deteção e localização de fugas, monitorização e manutenção das perdas de água, e o aproveitamento das águas residuais tratadas (ApR)».

Por outro lado, na opinião da PAS, «será uma obra perdulária porque se trata de uma obra que produzirá água de menor qualidade e muito cara, o que conduzirá ao aumento do preço da água, sem resolver o problema da sua escassez».

Será igualmente «um prejuízo para a pesca e turismo locais porque diminui a quantidade e qualidade do pescado, bem como a qualidade da água do mar, descaracteriza e desfigura a paisagem natural da praia da Falésia, zona icónica da costa algarvia».

A central de dessalinização será também «um elevado custo ambiental porque a poluição química provocada pela descarga da salmoura misturada com substâncias orgânicas e metais pesados terá efeitos irreversíveis na vida marinha».

Será ainda «uma elevada perda ambiental porque se prevê uma intervenção nas arribas da falésia, com perigo de derrocada, impactes graves no Parque Natural da Ria Formosa, na Zona Especial de Conservação da Ribeira de Quarteira, no Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado e nos recifes artificiais de Quarteira».

Vai requerer, igualmente, «relevados consumos energéticos, sendo cerca de 85% com recurso a combustíveis fósseis, com o subsequente aumento de emissão de carbono para a atmosfera».

Por último, defende a PAS, «é uma perda de oportunidade de o Governo fazer a diferença, resolvendo o problema dos recursos hídricos no Algarve, pela reprogramação do PRR, direcionando o financiamento para a resolução do problema das perdas de água na rede de distribuição e para a reutilização e das ApR. A dessalinização deveria ser, uma solução de último recurso, o que, manifestamente, não é o caso presente».

Em vez disso, sublinham os ambientalistas, a decisão agora tomada de avançar com o processo da Estação de Dessalinização «criará novos problemas económicos, sociais e ambientais que legaremos às novas gerações».

Por tudo isso, a PAS considera que o caminho a seguir para evitar a escassez de água «não está no aumento da oferta, mas sim na gestão criteriosa do recurso e na execução de ações estruturais, de acordo com a recomendação específica feita a Portugal pelo Conselho Europeu, em 19 junho de 2024».

Assim, sublinha, «as ações prioritárias seriam criar condições favoráveis para haver um aumento de Pluviosidade e Retenção de Água no Território, Aumento da Eficiência Hídrica e Promoção do Uso Racional da Água e Reutilização da água, promovendo um modelo sustentável de gestão hídrica que evite agravar os problemas económicos, sociais e ambientais já existentes».

Em resumo, segundo a Plataforma Água Sustentável, «esta mega infraestrutura coloca em risco o futuro da região e dos algarvios».

A Plataforma Água Sustentável é constituída por diversas associações e entidades, nomeadamente A Rocha Portugal, Água é Vida, Al-Bio – Associação Agroecológica do Algarve, Almargem-Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, CIVIS–Associação para o Aprofundamento da Cidadania, a Associação Dunas Livres, a Ecotopia Ativa – Associação Ambiental e de Desenvolvimento Sustentável, o FALA-Fórum do Ambiente do Litoral Alentejano, Faro 1540–Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, Glocal Faro, LPN-Liga para a Protecção da Natureza, a Probaal-Associação para o Barrocal Algarvio, Quercus–Associação Nacional de Conservação da Natureza, REGAR e Regenerarte–Associação de Proteção e Regeneração dos Ecossistemas.

 

 

 



sessões de cinema de inverno

Também poderá gostar

Maria da Graça Carvalho_HR

Mesmo com barragens cheias, obras hídricas no Alentejo e Algarve são para «acelerar»

Barragem_Albufeira da Barragem de Santa Clara, 29 março 25_foto aurelio cabrita_1

Estratégia “Água que Une”é «uma ‘wishlist’ do agronegócio», diz a ZERO

Barragem_Albufeira da Barragem de Santa Clara, 29 março 25_foto aurelio cabrita_1

Governo alivia restrições da água para a agricultura em Odemira mas autarca mostra preocupação