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A Rádio Fóia vai deixar de transmitir com esta designação e passar a chamar-se Mega Hits Algarve, no seguimento da associação da histórica rádio de Monchique à marca da Renascença, que recebeu a luz verde da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC).

A decisão da ERC, que foi tomada a 19 de Junho, mas apenas foi publicada há dias, apanhou de surpresa os colaboradores da rádio e significa que a Fóia vai deixar de ser uma rádio generalista local para se tornar num projeto temático musical.

Ou seja, a rádio monchiquense vai perder os seus tradicionais conteúdos, entre os quais os relatos dos jogos, a informação desportiva regional e os programas de autor. Apenas se manterá a informação, já que a deliberação da ERC estipula a obrigatoriedade da Cooperativa Rádio Fóia, detentora dos direitos sobre a frequência 97.1 FM, no Algarve, de assegurar blocos noticiosos às 11h00, 15h00 e 21h00. Só que a Rádio Fóia não tem jornalistas, pelo que os seus noticiários não serão de produção própria.

infraquinta rumo à sustentabilidade

Paulo Rosa, diretor da emissora algarvia, garantiu ao Sul Informação que esta mudança, que acontece a pedido da direção da rádio, «é uma situação temporária», cujo objetivo afirma ser permitir à cooperativa que detém a frequência e a Rádio Fóia recuperar financeiramente.

«Esta decisão é a consequência das crescentes dificuldades que as rádios locais têm sentido, nomeadamente um aumento enorme e incomportável dos custos, conjugado com diminuição das fontes de receita, designadamente a publicidade. Fazemos isto para conseguir sobreviver e poder retomar mais tarde. Isto é uma situação temporária», assegurou.

Esta é, reforçou, «uma forma de conseguirmos cumprir os nossos compromissos financeiros e conseguir reabilitar a saúde económica da Cooperativa» proprietária da rádio.

No que toca à informação, será garantida «em parceria com a Rádio Renascença».

A Rádio Fóia, pela posição geográfica privilegiada da sua antena, no alto da serra de Monchique, era ouvida muito para lá das fronteiras do concelho de Monchique, tanto no Algarve, como no Baixo Alentejo.

Quanto aos funcionários, Paulo Rosa garante que há uma tentativa de «chegar a acordo».

«Estamos a negociar com os funcionários. Esta solução surgiu, também, pela necessidade de proteger os interesses dos funcionários», garantiu ao nosso jornal Paulo Rosa.

Entretanto, já começaram a surgir reações de atuais e antigos colaboradores da Rádio Fóia, nas redes sociais, a lamentar – e a criticar – a decisão da direção, nomeadamente o facto de só se ter sabido da intenção da cooperativa com a publicação da deliberação da ERC.

Até porque já havia divergências entre a direção e o departamento de desporto, que colocaram em causa a continuidade dos relatos de futebol, a meio da época passada, como o Sul Informação deu conta.

«A situação causou mais burburinho do que eu estava à espera», confessou Paulo Rosa, que recusa que a decisão tenha sido feita à revelia de funcionários, colaboradores e da comunidade, defendendo que «estas coisas apenas dizem respeito aos elementos da cooperativa, que são quem decide».

No Facebook, Nelson Filipe Soares, um dos colaboradores da Rádio Fóia no desporto, salienta que, com o fim da Rádio Fóia, chega «o fim do maior património radiofónico do Algarve (em termos de cobertura e tradição algarvia».

«É uma notícia trágica e triste, sobretudo pelas pessoas que, ao longo de todos estes anos, foram dando a vida pela rádio», acrescenta. Mas «é péssimo também para o concelho de Monchique, que perde a sua única rádio local».

Nelson Soares acredita que «é ainda péssimo para toda a região, que perde um dos principais pilares de manutençãoda tradição algarvia, desde a pronúncia aos seus costumes, mesmo que pudesse existir muito amadorismo pelo meio». É que, defende o radialista, «era esse amadorismo que tornava esta rádio especial. Era o Algarve no seu esplendor».

E termina, com um desabafo: «o que faz a má gestão…»

Por seu lado, Fátima Peres, que começou a trabalhar na Rádio Fóia em 1996 e era uma das vozes mais conhecida pelos seus ouvintes, que, devido à posição geográfica da antena, no alto da serra de Monchique, se estendiam do Algarve ao Baixo Alentejo, comentou que todo o processo foi feito sem que os colaboradores tivessem qualquer conhecimento. «Isto já estava programado desde o ano passado, só que a Direção guardou este segredo no Titanic». «A direção fez tudo pelas costas».

«Assassinaram a Rádio Fóia, “a voz mais alta do Sul de Portugal”. Está prestes a ser enterrada. Fecha as portas um património chamado comunicação social», remata Fátima Peres.

 

 

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