Adultos, crianças, famílias, pescadores e mergulhadores uniram-se, na manhã deste domingo, dia 19 de Maio, para lutar contra a poluição e recolher detritos e artes de pesca abandonadas no mar e na areia das praias de Armação de Pêra, Pêra e dos Salgados, no âmbito da “Operação Praia Limpa”, organizada pelo Zoomarine.
Ao mesmo tempo que, em terra, cerca de 128 voluntários recolhiam o lixo do areal das duas praias, o Sul Informação fez-se ao mar numa das três embarcações que transportaram os nove mergulhadores e o pescador que assumiram a missão de retirar do mar redes e outros detritos que estavam a prejudicar e pôr em perigo as espécies que vivem na Pedra do Valado, onde foi recentemente criado o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve.
Calçadas as luvas e o fato de mergulho, os mergulhadores recolheram armadilhas, redes e outros detritos de pesca a 20 metros de profundidade. Tudo em prol da proteção e conservação do maior recife natural de Portugal, um lugar cheio de vida e biodiversidade.
Uma hora depois, os mergulhadores içaram todo o lixo para o barco onde estava o pescador, para o trazer para terra.
Segundo Miguel Rodrigues, responsável pela empresa de mergulho local armacenense Divespot, foram cerca de 300 os quilos de lixo retirados do mar.
O grande incêndio de Monchique ocorreu em 2016, e foi nesse ano que nasceu a ação “Operação Montanha Verde”, em Novembro, para realizar a reflorestação. A “Montanha Verde” foi a primeira ação a nascer sob a filosofia “Together We Protect”. Dessa filosofia, nasceu, em Maio de 2017, a “Operação Praia Limpa”, fruto da vontade do Zoomarine em preservar os oceanos.
Com o envolvimento das Câmaras de Silves e de Albufeira, da Marinha portuguesa e de várias associações, a “Operação Praia Limpa” «foi crescendo», segundo Sofia Bach, responsável pelo departamento de comunicação do Zoomarine, que considera estes projetos de sensibilização com a comunidade «bastante importantes».
A mesma responsável diz que foi em boa hora que o Zoomarine lançou esta ação, «porque não havia ninguém no Algarve que estivesse a organizar estas operações de limpeza das praias».

Após o lançamento da “Operação Praia Limpa”, multiplicaram-se as ações de limpezas de praia, um pouco por todo o Algarve.
«É algo que nos dá muito orgulho e ficamos contentes por não sermos os únicos, porque se fôssemos só um a fazer este tipo de ações, ficava (a ideia) perdida e a ideia é mesmo que isto passe para a comunidade», acrescenta Sofia Bach.
Hoje, há famílias inteiras a fazer voluntariado e, com isso, a realizar uma «ótima ação» em prol da conservação da natureza.
«Há imensa gente que acaba por vir, estão de folga, trazem a família, portanto não vem só o colaborador, mas trazem também companheiros, filhos. São convidados a passar aqui este dia em família, o que acaba por ser muito educativo também», refere Isabel Gaspar, responsável pelo departamento de conservação do Zoomarine, tendo coordenado a limpeza subaquática da “Operação Praia Limpa”.
Para além da apanha do lixo, houve atividades educacionais para os voluntários, de modo a alertar sobre a separação do lixo, as alterações climáticas e os danos que o ambiente está a sofrer.
«Eu acho que é algo fundamental, algo que está dentro do nosso código genético, porque obviamente nós somos apenas uma espécie que vive neste mundo maravilhoso que é o planeta Terra, mas também a espécie que tem mais impacto no ambiente. E então é o nosso dever moral, sempre que for possível, colaborar com estas iniciativas e pautar o nosso dia-a-dia de modo a proteger e conservar» o meio ambiente, explica Isabel Gaspar.
A missão de recolha do lixo deste domingo foi considerada um sucesso pelos seus promotores, mas isso não significa que o trabalho fique.
«A missão nunca está completamente cumprida, está parcialmente cumprida. É importante (…) chamar a atenção para a necessidade de não se pôr mais plástico, de não se pôr mais lixo no mar», diz João Silva, responsável pelo BIOREF, uma entidade de investigação científica e educação ambiental marinha baseada em Armação de Pêra.
BIOREF, Divespot, Europe Direct Algarve, Agência de Promoção de Albufeira (APAL), UALg V+, Algarvevensis Geoparque, ICNF, IPDJ, Algar, Município de Albufeira e de Silves foram as entidades que fizeram parte da ação.
A Universidade do Algarve é uma das entidades parceiras mais antigas e mais importantes, pois começou a colaborar nestas ações mesmo antes do Zoomarine ter sido inaugurado e até hoje tem trazido muitos alunos para realizar voluntariado.