Debate animado sobre água marca Jornadas do Mundo Rural de Alcoutim

Osvaldo Gonçalves afirmou-se «orgulhoso» do programa e dos oradores que aceitaram marcar presença

Osvaldo Gonçalves – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Começaram animadas, com um aceso debate sobre um tema bem na ordem do dia, o da Água, e continuaram com sessões sobre Ecossistemas e Paisagem, Agrofloresta e o Clima e Cinegética. Alcoutim voltou a promover o debate sobre os problemas do interior, em mais umas Jornadas do Mundo Rural, que decorreram na quinta-feira, dia 29 de Fevereiro, e na sexta-feira, dia 1 de Março.

«Tenho bastante orgulho do programa que organizámos e do conjunto de oradores que conseguimos captar para estas jornadas, porque elas abarcam, de uma forma muito genérica, tudo aquilo que é a vida do mundo rural, que tem impactos na nossa vida comum», resumiu ao Sul Informação Osvaldo Gonçalves, presidente da Câmara de Alcoutim, à margem da sessão sobre o tema água.

Este primeiro painel das jornadas foi, de resto, muito concorrido, até porque, como se percebeu na sessão, o tema da gestão da água e da estratégia que a região algarvia deve seguir, no futuro, está longe de ser consensual.

«Nós quisemos juntar várias sensibilidades sobre o tema da água, porque nós não podemos olhar para o problema apenas de um ângulo. Isto tem de se ver de forma integrada, com as diferentes visões. De outra forma, nunca chegaremos a lado nenhum», disse o autarca.

Assim, além das visões da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, dos agricultores (Mácário Correia, associação de regantes do Sotavento Algarvio) e da empresa Águas do Algarve (António Eusébio), houve igualmente espaço para saber o que os académicos pensam sobre este assunto – os professores universitários e investigadores Rodrigo Proença de Oliveira e Manuela Moreira da Silva -, bem como a posição do presidente da EDIA, a empresa que gere o Alqueva, que deixou claro que não considera boa ideia que este empreendimento ceda água ao Algarve.

 

 

Apesar de ir contra um pedido feito na mesma sessão por António Pina (AMAL), esta posição de Pedro Salema até nem foi a que causou mais atrito entre os oradores convidados. A questão da construção de mais barragens, defendidas por autarcas e agricultores, foi mais polémica, com os especialistas em recursos hídricos presentes a avisar que a solução passa por uma gestão integrada – e nunca sectorial – da água toda que existe no Algarve e da que possa existir no futuro.

No final, a única certeza que ficou foi que, sem que caia muita chuva, deixar de investir muito forte na poupança de água não é opção, pelo menos no curto prazo.

O debate sobre água decorreu após a sessão de abertura, onde marcaram presença, além de Osvaldo Gonçalves, Mário Tomé, presidente da vizinha Câmara de Mértola, entidade coorganizadora das jornadas, e José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

O autarca mertolense salientou a importância de momentos de discussão como as Jornadas do Mundo Rural – que todos os anos têm momentos nos dois concelhos – recusando a ideia de que nada resulte deles.

«É por causa de eventos como este que é possível continuar a luta no terreno», afirmou, dando os exemplos do Centro de Competências na Luta contra a Desertificação, em Alcoutim, e da Estação Biológica de Mértola, que considera que foram conquistas positivas para o território.

Já José Apolinário, aproveitando o tema da sessão que se seguiria, defendeu que a água e os problemas derivados da sua escassez devem ser «um motivo de união e não de divisão», no Algarve.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

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