De Portimão a Olhão, Algarve turístico disse “Chega”

Houve mais algarvios a votar: em 2022, tinham sido 51,26%; ontem, foram 61,74%

Albufeira foi o concelho com votação mais expressiva do Chega

Foi uma das surpresas da noite eleitoral: o Chega foi o partido mais votado no Algarve, ultrapassando tanto o PS como a Aliança Democrática (AD). A vitória, não tendo sido demasiado folgada, não deixou de ser incontestável – com mais 4 mil votos do que o PS, o Chega ganhou essencialmente nos concelhos turísticos e mais populosos, de Portimão a Olhão, passando por Lagoa, Albufeira, Silves e Loulé.

O crescimento do partido de André Ventura na região foi impressionante. Em comparação com as últimas Legislativas, em 2022, o Chega cresceu de 23.998 votos (12,30%) para 62.228 (27,19%).

De um deputado – Pedro Pinto – passou a três: Pedro Pinto, João Graça, líder da Distrital, e Sandra Ribeiro. Tantos quanto conseguiram eleger o PS e a Aliança Democrática.

O Chega ganhou em seis dos 16 concelhos algarvios: Portimão, Lagoa, Albufeira, Silves, Loulé e Olhão.

Em Silves, onde a CDU governa a autarquia, os números impressionam e parecem dar razão à ideia de que os votos do Chega foram também ancorados em muitos ex-eleitores de esquerda.

O Chega teve 29,97% dos votos, ganhando em cinco das seis freguesias (só São Marcos da Serra, mais do interior, deu a vitória ao PS). A CDU, no concelho de Silves, ficou em 4º lugar, apenas com 5,96% dos votos, atrás de Chega, PS e Aliança Democrática.

Mas o município que deu uma votação mais expressiva ao partido de extrema-direita acabou por ser Albufeira. Na capital do turismo, o Chega teve 32,61%, o equivalente a 6774 votos. O que justifica o resultado? A imigração?

A Aliança Democrática, que até contava com Cristiano Cabrita, vice-presidente da Câmara de Albufeira, em lugar elegível, ficou em 2º lugar, mas bem longe do Chega: 23,85% (4955 votos).

O PS ficou em 3º, com 20,76%.

Analisando os resultados, é impressionante a mancha azul com que se cobriu grande parte do litoral algarvio. Foi aí, nesses concelhos, que o Chega mais cresceu – e o caso de Loulé é só mais um exemplo.

Terra de uma mais fortes concelhias do PSD na região e com uma Câmara socialista desde 2013, os eleitores louletanos deram a vitória ao Chega, com 27,58% dos votos. Em freguesias como Quarteira, Almancil e Boliqueime (terra de Cavaco Silva) o partido de André Ventura foi o mais votado. O PS ficou em 3º, atrás da AD.

Caso diferente aconteceu em Faro. Na capital do Algarve, o Chega não foi além de um terceiro lugar (21,50%), atrás tanto do PS (27,37%) como da AD (24,47%).

Ainda assim, durante a noite eleitoral, o partido de André Ventura chegou a estar à frente, muito à conta de votações como a da União de Freguesias de Conceição e Estoi.

Mesmo em concelhos em que não ganhou, o Chega não deixou de estar perto de o conseguir: foram os casos de São Brás de Alportel (o PS teve 25,93% e o Chega 24.51%), Castro Marim (PS arrecadou 30,68% e o Chega 29,25%) ou Lagos (25.84% para o PS e 24.50 para o Chega).

Há outro dado a reter destas eleições.

É que, apesar de ter vencido a nível nacional – ainda que por ligeira vantagem -, a Aliança Democrática não ganhou em nenhum concelho algarvio. Aquele onde esteve mais perto foi mesmo Loulé e também Monchique (onde o PS venceu).

De resto, as Legislativas de ontem parecem traçar dois Algarves: um turístico, litoral e mais populoso, que vota Chega, e um interior que deu a vitória ao PS (Aljezur, Vila do Bispo, Castro Marim, Faro, Lagos, Monchique, São Brás de Alportel, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António).

 

 

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