Gente de Alta Mora mostra ao mundo as suas memórias e as suas amendoeiras

População mais idosa desta aldeia de Castro Marim está na linha da frente da preparação e dinamização do Festival das Amendoeiras em Flor do Algarve

 

São aos milhares e de, «pelo menos, 23 nacionalidades diferentes». A normalmente pacata aldeia de Alta Mora, em Castro Marim, encheu-se de caminhantes, música, artesanato (e artesãos) e gastronomia de fazer crescer água na boca, graças a mais uma edição do Festival das Amendoeiras em Flor do Algarve (FAFA), que está a decorrer desde sexta-feira e termina hoje, domingo, dia 4 de Fevereiro.

Apesar de ter como elemento central as caminhadas, seguidas de um almoço serrano, a iniciativa da Associação Recreativa, Cultural e Desportiva dos Amigos da Alta Mora (ARCDAA), que mobiliza toda a comunidade da aldeia, também celebra as tradições e as memórias, muito por “culpa” dos habitantes locais.

«Quem ajuda a montar o festival é a comunidade mais idosa daqui da comunidade, que são para aí vinte pessoas. E depois há outras pessoas que se juntam, entre familiares e amigos. Foram estas pessoas que, ao longo de dois meses, construíram o festival», disse Valter Matias, presidente da ARCDAA.

Os habitantes locais, mais idosos, «são sempre os primeiros a chegar de manhã e perguntam logo: Matias, o que é que há para fazer hoje? E uns vão caiar, outros pintam, outros arrancam ervas, outros tratam da decoração. Estão sempre disponíveis».

Nos dias do festival, os habitantes da aldeia também ajudam no que for preciso, com sorrisos de orgulho espelhados na cara.

O FAFA também tem uma forte componente etnográfica e ligada à memória, de tal modo que «as pessoas ficam com a sensação que estão a recuar dezenas de anos no tempo».

«Este não é apenas mais um festival. É um evento que tem a particularidade de ser montado pelos habitantes locais, pelas pessoas da Serra algarvia, onde mostram a sua vivência de outros tempos», garantiu ao Sul Informação Francisco Amaral, presidente da Câmara de Castro Marim, à margem da inauguração do FAFA, na sexta-feira.

Nessa manhã, apesar de ser dia de semana, as ruas da aldeias estavam já repletas de pessoas, algumas que tinham ido caminhar, logo de manhã, mas também muitos que vieram para ver a Aldeia do Artesão, comprar alguma coisa nas bancas que se perfilam nas ruas ou comer nas tasquinhas, que este ano são ainda mais do que em 2023.

E, além do português, ouvem-se falar diferentes idiomas e percebe-se que os visitantes estrangeiros estão bem representados, se não mesmo em maioria.

«Cada vez temos aqui pessoas de mais sítios diferentes. Para já, temos pessoas de 23 nacionalidades entre os inscritos. Já é uma festa internacional», revelou Valter Matias.

Na edição de 2024, o festival beneficia do Estatuto de Mecenato Cultural e conta com o apoio financeiro do programa Portugal Events, do Turismo de Portugal, e com o apoio do Instituto do Emprego e da Formação Profissional através do Programa de Promoção das Artes e Ofícios. Esta iniciativa da ARCDAA tem a parceria e apoio do Município de Castro Marim e da Junta de Freguesia de Odeleite.

A organização disponibiliza transporte gratuito a partir de Altura, Monte Gordo, Vila Real de Santo António, Castro Marim e Monte Francisco.

«Também teremos um comboio a fazer a ligação entre o estacionamento e a entrada do festival», acrescentou Valter Matias.

Os interessados, ainda podem visitar o festival, que termina às 16h30 de hoje. O programa pode ser consultado aqui.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

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