Exposição «desenhada para provocar sensações» traz as histórias do rio Arade

Muitas das peças foram recolhidas pelos membros da Associação Projecto Ipsiis, com quem o Museu de Portimão desenvolve um inovador projeto de investigação

Uma exposição «desenhada para provocar sensações», que «propõe um jogo aos visitantes, apresentando peças cuja função é de difícil perceção, dando-lhes a oportunidade de adivinhar a sua funcionalidade, colocando várias hipóteses à escolha».

Através de objetos e ilustrações de ambientes, o visitante «é levado pela corrente das histórias de atividades navais num porto aberto ao mundo, de defesa e de proteção do porto, da vida ribeirinha até às memórias sagradas do rio, sendo deste modo convidado a descobrir fragmentos de um passado que dá a conhecer as histórias que um rio nos traz».

Esta é, em resumo, a proposta da exposição “Histórias que o rio nos traz”, que é inaugurada no sábado, 24 de Fevereiro, a partir das 16h30, no Museu de Portimão.

A mostra marca também o início das comemorações do centenário da elevação de Portimão a cidade, cujo programa será apresentado momentos antes da abertura da exposição. As comemorações, aliás, assentam num «vasto conjunto de atividades inspiradas nas pessoas e baseadas nas memórias, no presente e no futuro».

Esta nova exposição, além de dar início às comemorações de “Portimão, Cidade Centenária (1924-2024)”, pretende mostrar ao grande público o resultado da investigação científica efetuada nas últimas décadas, que reuniu fragmentos do passado da cidade, revelando muitas histórias sobre o Arade, que, desde a Antiguidade, foi um ponto de acesso ao interior algarvio, devido às excelentes condições de porto de abrigo natural do seu estuário.

Isso levou Portimão, provável “Portus Hanibalis”, “Portus Magnus” ou “Cilpis”, a crescer em estreita ligação com o rio, inserindo-se numa extensa rede de intercâmbios comerciais e culturais.

O assoreamento progressivo do Arade condicionou a sua navegação, tendo sido necessário efetuar extensas dragagens, a partir dos anos 70 do século passado, que «retiraram do leito do rio enormes quantidades de sedimentos, posteriormente depositados nas praias, nos quais foram descobertos inúmeros vestígios do passado, testemunhos da ocupação desta região desde a pré-história até a atualidade».

Esses testemunhos de outras eras foram recolhidos ao longo dos anos pelos membros da Associação Projecto Ipsiis, com quem o Museu de Portimão desenvolve desde 2014 um inovador projeto de investigação, intitulado DETDA – Prospeção com detetores de metais nos depósitos de dragados do rio Arade e da ria de Alvor, «merecendo destaque o relevante envolvimento e participação da sociedade civil neste processo».

 

Dragagens nos anos 70

 

No decurso dos trabalhos de investigação e salvaguarda do património feitos nos últimos anos pelo Município de Portimão, através da Divisão de Museus e Património, esta exposição de arqueologia, «permite a perceção do rio Arade como um repositório de património e a valorização dos vestígios dai provenientes enquanto reflexos materiais das vivências das populações que habitaram a região», explica o Museu.

A diversidade de relações interculturais e territoriais estabelecidas ao longo do tempo, suas dinâmicas e impacto no desenvolvimento da sociedade, serão as temáticas desenvolvidas no âmbito desta mostra.

A comissão executiva deste projeto expositivo é composta pelo diretor científico do Museu, José Gameiro, e pelas diretoras do projeto DETDA, Vera Teixeira de Freitas e Isabel Soares.

Devido ao acompanhamento tutelar efetuado ao projeto de investigação, bem como pelo conhecimento detido sobre a história transversal do rio Arade, participam na exposição, enquanto comissários científicos, investigadores de várias entidades, nomeadamente Cristóvão Fonseca (Direção Geral de Património Cultural/Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática), Frederico Tatá (Unidade de Cultura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve), Carlos Pereira (Universidade Complutense de Madrid), Pedro Barros (Centro de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – UNIARQ), Rui Parreira (Grupo de Amigos do Museu de Portimão), bem como André Teixeira, (Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa).

Este projeto de exposição temporária conta com o apoio da Rede Portuguesa de Museus, na sequência de candidatura ao ProMuseus – Programa de Apoio a Museus, que para o efeito destinou 42.118,40 euros.

A exposição poderá ser vista no Museu de Portimão até 3 de Novembro próximo.

 

 

 

Leia mais um pouco!
 
Uma região forte precisa de uma imprensa forte e, nos dias que correm, a imprensa depende dos seus leitores. Disponibilizamos todos os conteúdos do Sul Infomação gratuitamente, porque acreditamos que não é com barreiras que se aproxima o público do jornalismo responsável e de qualidade. Por isso, o seu contributo é essencial.  
Contribua aqui!

 



Comentários

pub