Silves: Moradores de Foral apresentam ação judicial contra parque solar de 96 hectares

Associação revela estar «profundamente preocupada com a pegada ecológica do projeto e com a falta de envolvimento da comunidade»

A Associação de Moradores de Larga Vista, Foral, em Silves, tomou uma posição contra o parque solar de 96 hectares proposto pela NEOEN e apresentou, no passado dia 10 de Janeiro, uma ação judicial junto do Tribunal de Loulé. 

Apesar de se assumirem como apoiantes das energias renováveis, os associados estão «profundamente» preocupados «com a pegada ecológica do projeto e com a falta de envolvimento da comunidade», defendendo, com esta posição, «tanto a integridade ambiental como os direitos da comunidade».

De acordo com os moradores, o parque solar, que ocupa cerca de 96 hectares de vegetação nativa, incluirá 102.399 painéis solares, oito transformadores, uma subestação e cinco quilómetros de linhas aéreas de alta tensão.

«Este projeto maciço está posicionado de forma alarmante perto de áreas residenciais, apenas a 20 metros em alguns locais, e está em cima de recursos críticos de água subterrânea. A zona em si está classificada como área estratégica de infiltração, proteção e recarga de água no sistema aquífero e está situada num terreno designado como REN (Reserva Ecológica Nacional)», refere a associação.

Apesar de a Comissão de Coordenação Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve ter aprovado condicionalmente o projeto, os moradores mostram-se preocupados com a paisagem e vegetação, «proximidade de habitações», compactação do solo, que, como dizem, «representará uma ameaça significativa à recarga do sistema aquífero Querença-Silves, já em situação de stress, vital para o abastecimento de água local», «construção de 5 km de linhas eléctricas aéreas de alta tensão para ligar a Tunes, atravessando zonas rurais designadas como RAN (Reserva Agrícola Nacional)» e «outras questões ambientais» como «a necessidade de água para limpar os painéis solares, a perda de biodiversidade, a mortalidade de aves devido ao efeito de lago dos painéis, a contaminação do solo, o potencial aumento das temperaturas locais e possíveis impactos na saúde dos residentes próximos».

Num comunicado enviado às redações, a Associação de Moradores de Larga Vista diz que «um dos principais fundamentos da ação judicial é a falta de um Estudo de Impacte Ambiental (EIA) antes da concessão da licença pelas autoridades».

«Apenas foi realizado um Estudo de Incidências Ambientais (EIncA) que não abordou em pormenor o impacto do projeto em nenhuma das preocupações fundamentais acima enumeradas», apontam os moradores, que para financiar a ação judicial, decidiram recorrer a um crowdfunding.

«Inspirando-se na recente campanha bem sucedida contra um projeto semelhante perto de Estoi», a comunidade revela estar «esperançosa e determinada».

 



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