Faro e Loulé querem repensar o Estádio Algarve para o potenciar (ainda) mais

O Estádio Algarve faz 20 anos e «não é um elefante branco», asseguram os presidentes das Câmaras de Loulé e Faro

Estádio Algarve – Foto: Nuno Costa | Sul Informação

Uma estratégia renovada para o Estádio Algarve, que pense no futuro deste equipamento à luz do espaço que o envolve e do que lá existe, é aquilo que defendem os presidentes das Câmaras de Loulé e de Faro, numa altura em que o recinto desportivo comemora 20 anos e está muito perto de ser pago, na totalidade.

Duas décadas depois da construção do estádio, no âmbito do Euro 2004 – acolheu três partidas da competição -, tanto Rogério Bacalhau, como Vítor Aleixo, presidentes das Câmaras de Faro e Loulé, respetivamente, os municípios que se juntaram para o construir, garantiram ao Sul Informação que o investimento valeu a pena e asseguram que o Estádio Algarve «não é um elefante branco».

«O estádio tem tido uma intensa atividade ao longo destes anos, contrariamente a uma certa ideia que acabou por ser assimilada por uma parte importante da opinião pública, de que é um equipamento que serviu apenas para o Euro2004», ilustrou Vítor Aleixo.

«Já ali acolhemos muitas provas de futebol ao mais alto nível, competições internacionais, festivais, provas de automobilismo, concentrações de grandes multidões para assinalar acontecimentos únicos, como foi agora uma missa no quadro da Jornada Mundial da Juventude. E são apenas alguns exemplos. Portanto, aquele equipamento não é um elefante branco. Aquele equipamento, hoje, com a programação de atividades que tem, é um investimento que tem um forte retorno social e económico para o Algarve», acrescentou o presidente da Câmara de Loulé.

 

Vítor Aleixo – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Eu acho que é um excelente equipamento que a região tem. E dou os parabéns a quem lutou por ele, pela sua construção, tendo em conta que o Algarve tem tão poucos equipamentos de relevância regional – e este é relevante a nível regional, mas também nacional», disse, por seu lado, Rogério Bacalhau.

«É um equipamento que está consolidado. Tínhamos dois empréstimos ainda da sua conceção. Um foi pago em 2023 e a última prestação do outro será paga agora no início de 2024. Portanto, vamos ficar sem encargos de médio ou longo prazo rigorosamente nenhuns», acrescentou.

Neste momento, acredita o presidente da Câmara de Faro, o Estádio do Algarve, «de todos os que foram construídos no país, tirando aqueles que pertencem aos grandes clubes, penso que é o que está em melhores condições e em pleno funcionamento».

Tendo em conta esta realidade e o facto de o estádio estar prestes a ficar, finalmente, pago na totalidade, ambos os autarcas pensam já no futuro.

Vítor Aleixo defende «um novo cenário de gestão, não só para o estádio, mas para aquele complexo desportivo, em que a peça central é o Estádio Algarve. Há propostas e intenções nesse sentido que estão a ser, neste momento, ponderadas pelas Câmaras de Loulé e de Faro».

«Este é um estádio que tem tudo para ter um patamar de maior exigência e de maior visibilidade externa de utilização. Está entre dois polos urbanos importantíssimos, Loulé e Faro, e também perto de Olhão. Tem uma estação ferroviária ali muito perto, está em cima de um nó da autoestrada, da A22», acrescentou.

O futuro passa, desde logo, por ter, naquele local, «um centro desportivo para alta competição, nomeadamente no futebol», que permita «a utilização daquele equipamento por parte de equipas estrangeiras que interrompem os seus campeonatos, nomeadamente em certas zonas da Europa».

Essas equipas já hoje estagiam «aqui no Algarve e utilizam aquele estádio. Isso é algo que pode, com certeza, continuar».

 

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

 

«Neste momento, temos um investimento de mais de um milhão e meio na construção de três campos de treino, que vão permitir dar ainda melhores condições para equipas que queiram vir cá treinar, jogar, por aí fora», enquadrou, por seu lado, Rogério Bacalhau.

«Porque, quando há jogos, em particular os jogos oficiais, mas os outros também, nos dias anteriores não se pode jogar em cima do campo, porque fica danificaficado, estamos a construir três campos de treino e um centro de estágios, o que vai, de alguma forma, valorizar ainda mais o Estádio Algarve», concluiu.

A partir daqui, o presidente da Câmara de Faro defende que o Estádio e o Parque das Cidades têm «de ser repensados».

«Teremos que criar uma equipa, os dois municípios, para repensar aquele espaço, no sentido do que é que vai ser feito ali e fazer alteração ao Plano Pormenor que está em vigor, no sentido de dotar o Estádio de uma nova centralidade», defendeu.

«A ideia era contratar uma equipa que, a partir de meia dúzia de premissas, pensasse aquele espaço e fizesse uma proposta aos dois municípios, que iriam depois analisar e tomar decisões para o futuro», disse.

Em causa está, por exemplo, a construção de uma unidade hoteleira, mas também da instalação de serviços, na visão de Rogério Bacalhau.

«Estarem os dois municípios a fazer mais equipamentos desportivos ali não me parece que seja a situação mais adequada. Mas podemos ter ali hotelaria, podemos ter um conjunto de outras atividades que venham trazer uma mais-valia para o próprio Estádio e ajudar a rentabilizar ainda mais esse equipamento», defendeu o edil farense.

Estando prevista a construção do Hospital Central do Algarve também naquela zona, «então, ainda mais premente se torna isto que eu estou a dizer, porque haverá necessidade, certamente, de criar serviços de apoio às diversas pessoas e entidades que se deslocarão para ali».

 

Rogério Bacalhau – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Da parte de Vítor Aleixo, a visão é algo diferente, apesar de convergir no que toca ao equipamento hoteleiro.

«Penso que todo o espaço deverá ser para equipamentos públicos. Pode, eventualmente, haver ali um equipamento hoteleiro para dar apoio, quer aos utilizadores dos futuros equipamentos de saúde, quer aos utilizadores desportivos. Não me chocará a perspetiva de criar uma unidade hoteleira, com esse fim».

«Mas urbanizar, lotear, uma ideia que também circula por vezes, enquanto eu aqui estiver, serei frontalmente contra e não será comigo que esse projeto avançará», avisou Vítor Aleixo.

Certo é que, em 20 anos, dez dos quais com os atuais presidentes das Câmaras de Faro e Loulé no cargo, tem havido uma forte sintonia e colaboração entre as duas autarquias, apesar de dirigidas por executivos de diferentes partidos.

«A Câmara de Loulé e a Câmara de Faro têm tido uma relação perfeita, de excelente entendimento. As questões partidárias não têm tido qualquer importância, entre mim e o meu colega Rogério Bacalhau. Tem havido um histórico de bom relacionamento entre nós dois. E isso é qualquer coisa que eu considero importante realçar neste momento, até porque os políticos, independentemente da sua cor partidária, existem para servir o bem público e só depois é que vêm os seus interesses partidários, que naturalmente têm», defendeu Vítor Aleixo.

«As Câmaras de Faro e de Loulé têm-se entendido muito bem, têm gerido bem aquele espaço e souberam, ao longo destes anos, garantir que o equipamento está em condições e potenciar a sua utilização», ilustrou Rogério Bacalhau.

O futuro também passa por «planear a contratação de um projeto de manutenção daquele equipamento, porque faz 20 anos».

«Neste período, o equipamento foi sujeito a uma atividade, por vezes, muito intensiva, ao contrário do que algumas pessoas pensam. Temos de pensar em fazer um projeto e fazer uma empreitada para conservação do Estádio, que não há de ser barata», concluiu Vítor Aleixo.

 

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