Costa afirma que Marcelo sabia quando falou com Centeno para ser primeiro-ministro

António Costa falava aos jornalistas em São Bento

O primeiro-ministro afirmou hoje que falou com Mário Centeno, governador do Banco Portugal, para a possibilidade de lhe suceder como líder de um novo executivo, sem eleições antecipadas, com o conhecimento do Presidente da República.

António Costa falava aos jornalistas em São Bento, em conferência de imprensa, depois de questionado sobre qual a base que teve para sondar Mário Centeno sobre a possibilidade de chefiar um Governo socialista, depois de ele próprio já ter apresentado ao chefe de Estado a sua demissão das funções de primeiro-ministro.

O líder do executivo observou que Mário Centeno só daria uma resposta definitiva sobre a sua disponibilidade para lhe suceder na liderança do executivo após “uma conversa definitiva” que o governador do Banco de Portugal iria ter com Marcelo Rebelo de Sousa e uma decisão dos órgãos de direção do PS, partido que ainda tem maioria absoluta no parlamento.

Já sobre os motivos desta diligência, António Costa justificou: «A minha preocupação era habilitar o Presidente da República com uma alternativa a colocar o país, a três anos do fim de uma legislatura, a dissolver um parlamento e a irmos de novo para um processo eleitoral».

«O mundo vive um quadro de inúmeras incertezas, conflitos, situação económica. Entendi que havia a necessidade de encontrar alternativas que evitassem dissolução da Assembleia da República. Por isso, falei ao senhor Presidente da República e agi com conhecimento do senhor Presidente da República», acentuou.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

O Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa.

No dia da demissão, Costa recusou a prática «de qualquer ato ilícito ou censurável».

De acordo com o MP, no processo dos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados em Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

 



Comentários

pub