Rita Freitas é médica de família, adora ler, mas depois de ter filhos sentiu que o tempo para o fazer era quase inexistente. Foi à procura de um Clube de Leitura que respondesse às suas necessidades, mas como não encontrou decidiu criar um: o “Clube de Leitura (Im)possível”.
Mas, afinal, o que tem este clube de diferente quando comparado com os outros?
«Nos clubes de leitura há quase sempre um livro obrigatório, o que para nós, pais, é complicado, porque como temos pouco tempo de livro, queremos ser nós a escolher. Além disso, a maioria são a horas em que não temos com quem deixar as crianças. Fui ter com a bibliotecária de São Brás de Alportel e expus esta situação. Chegámos à conclusão de que a melhor opção era haver um espaço onde os pais se pudessem juntar para ler e que, ao mesmo tempo, fosse possível haver uma atividade na biblioteca para as crianças», explica Rita Freitas ao Sul Informação.
Assim nasceu o “Clube de Leitura (Im)possível”, a pensar não só nos pais, mas também nos avós e educadores que gostem de ler e não tenham com quem deixar as crianças durante esse período.
«Isto tem vantagens para os pais e para as crianças, que se habituam a ir à biblioteca e a olhar para aquele sítio como um espaço de lazer, onde podem fazer várias atividades. Já existem muitas iniciativas para as crianças nas bibliotecas, mas quase nenhuma inclui os pais e eles, ao verem que estamos interessados pela literatura, crescem pelo exemplo – este projeto é diferente também por causa disso», continua a médica.
Em relação à escolha dos livros, fica ao critério de cada participante e, de acordo com Rita Freitas, já houve «dinâmicas interessantes». «Uma mãe falou num livro, A Vegetariana, de Han Kang. Outra mãe ficou interessada e foi lê-lo no mês seguinte para poderem trocar impressões na sessão».
Os encontros são mensais e a localização é rotativa, entre a Biblioteca de Faro, Loulé e São Brás de Alportel.
O projeto, que arrancou no mês de Maio, conta já com cinco ações desenvolvidas, sendo a próxima no dia 14 de Outubro, na Biblioteca de Faro, às 16h00, e a seguindo no dia 25 de Novembro, em Loulé.
Para já, as sessões vão continuar a decorrer apenas nestas três Bibliotecas, mas Rita não fecha a porta à possibilidade de dividir as atividades entre o Barlavento e Sotavento.
A participação é totalmente gratuita, mas quem quiser fazer parte do Clube de Leitura deverá inscrever-se junto das bibliotecas aderentes.
«Embora haja um conjunto de membros constantes em várias sessões, sabemos que a vida de pais nos condiciona as agendas (as festas de aniversário, o campeonato e futebol, a visita dos avós, etc) e por isso não é obrigatório vir a todas as sessões. Este é um clube especial porque consegue responder aos entraves à leitura na vida dos pais em fase de vida ativa», esclarece ainda a médica, frisando que a multiculturalidade é também um aspeto do Clube.
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