Algarve, Região Turística, tem que ser gerido como tal

O turismo terá que se readaptar às contingências das mudanças climáticas

O Algarve, com o desmoronar de boa parte do sector primário da economia portuguesa, entrou há muito na monocultura do Turismo.

Por mais que se fale do Estado Social e do Estado de Direito que teríamos construído neste jardim à beira-mar plantado, o certo é que a deriva neoliberal, sobretudo das últimas décadas, tem conduzido a uma economia de casino – o que interessa é compensar o capital investido, mesmo que a sociedade rebente pelas costuras se alguma coisa falhar.

No sector agro-florestal, as evidências são mais que muitas. E, no sector do Turismo, temos uma região, o Algarve, praticamente nas mãos dos agentes e investidores turísticos – para o bem e para o mal.

Com as consequências das alterações climáticas (embora haja produtivistas e negacionistas que continuam a falar apenas de um ciclo que vai passar e tudo voltará ao normal anterior), as condições oferecidas aos turistas também têm que mudar, adaptando-as.

Vivemos num Outono onde às 6h da manhã estão 21ºC, o que dá para os amantes do mar chegarem cedo à praia, porque, ao fim da manhã, o calor já é demasiado, sobretudo porque se prolonga já há vários meses.

Ora, o turismo terá que se readaptar a esta contingência, mas isso não está a acontecer – não se percebe que as praias tenham deixado já de ter nadadores-salvadores, nem sinalização que oriente os frequentadores para aquilo que os espera no mar.

Não sei se isto acontece em todas as praias algarvias, mas, na praia de Faro, foi retirada toda a ajuda aos utentes.

E é enganador, pois embora a temperatura da água do mar esteja melhor do que em muitos meses de Verão, o estado do mar não é o mesmo, é mar de Inverno, com correntes fortes e ondulação irregular.

Na praia de Faro, nem sequer é içada a bandeira de sinalização do estado do mar, o que é absolutamente incompreensível.

As Autoridades, sejam a Autarquia, sejam os serviços marítimos, não podem ignorar o que se passa e deixar os utentes, alguns portugueses e muitos estrangeiros, a quem já ouvi lamentar o facto, em risco de vida, por falta de condições de uso das praias.

Algarve, Região Turística, tem que ser gerido como tal.

Se acontecer alguma fatalidade no uso da praia, por falta de condições oficiais de segurança pública, então será tarde demais para remediar a situação.

 

Autor: Fernando Santos Pessoa é arquiteto paisagista e engenheiro silvicultor…e escreve com a ortografia que aprendeu na escola

 

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