Município de Loulé prepara-se para declarar emergência climática

Câmara louletana será pioneira na declaração da emergência climática

Vítor Aleixo

A Câmara de Loulé prepara-se para ser o primeiro município do país a declarar a emergência climática no concelho, um acto em grande medida simbólico, mas que serve como chamada de atenção e de incentivo à adesão, por parte da população, às políticas municipais de adaptação e mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

Uma proposta de declaração de emergência climática foi aprovada no dia 4 de Setembro por maioria, em Reunião de Câmara, e será discutida e votada pela Assembleia Municipal de Loulé a 15 de Setembro, na próxima reunião deste órgão autárquico, «que é quem poderá aprovar a declaração propriamente dita», revelou ao Sul Informação Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, à margem da cerimónia de apresentação das obras de Elevação e Adução de Água para Reutilização (ApR) das ETAR de Vilamoura e Quinta do Lago, que teve lugar na terça-feira.

Foi, de resto, durante essa sessão que Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática, avançou a notícia de que Loulé se preparava para declarar a emergência climática. Esta situação já é reconhecida na mais recente Lei de Bases do Clima, embora não tenha ainda havido uma declaração formal por parte do Governo.

Já a Câmara de Loulé e o seu presidente decidiram avançar nesse sentido. Talvez por isso, para Duarte Cordeiro, a decisão de fazer a declaração é «sempre corajosa, porque é o reconhecimento que neste momento existem circunstâncias que impactam este território, do ponto de vista das alterações climáticas, que exigem chamar a atenção de toda a comunidade, para apelar a um comportamento ainda mais responsável».

«Eu solidarizo-me com a decisão que foi tomada e considero que é importante, porque é através destas decisões que chamamos a atenção das pessoas – das empresas, de todos os cidadãos, de todos os que nos visitam -, de que têm que ir um pouco mais longe», acrescentou.

Loulé, considera o ministro, «tem sido sempre um município de vanguarda» e foi «o primeiro a aprovar um Plano Municipal de Acção Climática».

Paralelamente, o município tem feito vários investimentos e prepara mais um, de 2 milhões de euros, de modo a criar, em Vilamoura, uma rede de condutas com 10 quilómetros para distribuição de águas residuais tratadas, destinadas à rega de espaços verdes públicos e à limpeza urbana, entre outros fins.

«Nesse sentido, eu acho que Loulé tem, neste campo, um papel importante, corajoso, audacioso, de estar à frente no chamar a atenção das pessoas», concluiu o governante.

 

Duarte Cordeiro

 

Vítor Aleixo, por seu lado, explicou que esta declaração «é uma espécie de statement da política local», que decorre das «várias medidas, das várias políticas para adaptar o território à mudança do clima» que estão a ser implementadas.

«É uma declaração muito robusta, que abarca aspetos que têm a ver com a biodiversidade, a transição energética, a mobilidade suave e a plantação em espaço urbano de grandes manchas de florestas para fazer face às ilhas de calor», revelou o presidente da Câmara de Loulé.

«Há um conjunto alargado de medidas que informam as pessoas que o município tem este desígnio, mas também chama a atenção para o facto de que os poderes públicos, sem o envolvimento da comunidade civil, de todos nós, não chegarão a lado nenhum», disse.

Desta forma, a declaração, que deverá ser apoiada – o PS tem a maioria tanto na Câmara como na AM – é um convite às pessoas «para que tomem consciência que o mundo está muito perigoso, porque o clima está a mudar muito rapidamente e está a causar-nos problemas ao nível da sustentabilidade económica, da saúde pública e da biodiversidade».

«Esta declaração visa, sobretudo, chamar a atenção para a transição climática, que tem que ser feita de modo a não deixar cidadãos para trás», concluiu.

 

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