Peregrinos já partiram de Loulé para a Jornada Mundial da Juventude mas deixam marca

“Fratelli Tutti – Todos Irmãos”, expressão que dá nome à Encíclica do Papa Francisco, representa bem o espírito de fraternidade e amizade que se viveu nestes dias

Foram dias de partilha e comunhão entre os mil peregrinos que, na última semana, pintaram a cidade de Loulé com as cores dos seus países. Esta foi uma das localidades portuguesas a receber a iniciativa “Dias na Diocese”, numa preparação para a Jornada Mundial da Juventude que arranca esta terça-feira, em Lisboa.

Vindos da Polónia, Itália, Alemanha, Eslovénia, Kuwait e França, os jovens – e também alguns religiosos, acólitos, escuteiros, coordenadores, voluntários, forças de segurança ou até mesmo pessoal de apoio a emergência médica – chegaram a Loulé no dia 26, para participar num programa de atividades criado com o propósito de dar a conhecer a cidade, a sua cultura e património, as especificidades da Igreja local, mas também para praticar o bem e permitir aprofundar o lado espiritual destes peregrinos.

“Fratelli Tutti – Todos Irmãos”, expressão que dá nome à Encíclica do Papa Francisco, representa bem o espírito de fraternidade e amizade que se viveu nestes dias e ao longo das diversas atividades que decorreram em Loulé.

Um desses momentos aconteceu logo no dia 27, quinta-feira, com um encontro de partilha de culturas no Largo do Monumento Engº Duarte Pacheco, espaço onde confluíram as principais ações.

Nessa noite, dançou-se a Polca, ouviram-se os ritmos da Baviera, as melodias cantadas em italiano, e as danças apresentadas pelo Kuweit, um país que se fez representar por elementos nascidos na Índia, nas Filipinas e noutros países asiáticos.

A boa disposição dos kuwaitianos sobressaiu durante esta pré-Jornada e, apesar de ser o grupo mais pequeno, foi certamente o que mais deu nas vistas pelo entusiasmo dos seus elementos. Por onde passavam gritavam “Loulé, Loulé, Loulé!”, deixando muitos sorrisos nas ruas.

 

 

A sexta-feira de manhã foi “Tempo para fazer o Bem”, com diversas ações de voluntariado realizadas pelos peregrinos em diversas IPSS do concelho, além da participação em iniciativas de carácter ambiental.

Falaram e dançaram com os utentes da Existir, jogaram bingo e fizeram artesanato com os idosos do Lar da Santa Casa da Misericórdia, pintaram um mural na Escola EB1 Manuel Alves com as crianças que integram o projeto “Caminhos” da Fundação António Aleixo, limparam o lixo junto à ribeira do Cadoiço, entre outras ações.

De entre os peregrinos que andaram no terreno, nessa amanhã, houve um grupo muito especial vindo da Toscana, Itália, que visitou a Creche da Nova Terra. Trata-se da comunidade de Nomadélfia, um pequeno povo de voluntários católicos que vivem juntos, à imagem das primeiras comunidades cristãs, com uma Constituição que se inspira no Evangelho, com uma população de 300 pessoas e 60 famílias disponíveis para serem famílias de acolhimento e adoção de crianças. Um exemplo já reconhecido pelos Papa João Paulo II e pelo Papa Francisco.

 

 

No Santuário da Nossa Senhora da Piedade, os peregrinos deixaram a sua marca, num mural pintado por um grupo que irá perpetuar esta passagem por Loulé. Trata-se de uma obra que consagra o grande lema desta peregrinação, “Peregrinos com Maria, Mãe da Unidade e da Paz”.

A noite de sexta-feira terá sido um dos momentos altos destes dias: uma recriação da procissão da Mãe Soberana fora de época, permitindo que estes jovens vivenciassem um pouco daquela que é a maior manifestação religiosa a Sul de Fátima.

Foi uma noite cheia de emoções, não só para os peregrinos que experienciaram algo único, como para os louletanos que acompanharam a subida do andor pela ladeira íngreme. Uma ocasião muito especial e que constitui uma exceção durante os quase 500 anos desta tradição já que a imagem só sai da sua Ermida durante a realização da Festa. Muitas vivas à Mãe Soberana, entoadas em uníssono pelos peregrinos e pelos fiéis que se juntaram ao momento.

 

 

A manhã de sábado foi preenchida com muitas atividades desportivas no Parque Municipal, que contaram com a participação de alguns clubes locais. Os jovens tiveram a oportunidade de experimentar râguebi, ginástica, zumba, ténis, artes marciais e muito mais, e foi mais uma ocasião para estreitarem os laços de amizade que se foram consolidando por estes dias.

Tal como aconteceu durante a noite, com jantar-convívio e arraial, em que os peregrinos degustaram alguns pratos tradicionais como o xerém, sardinha assada ou gaspacho, em alguns casos sabores bastante diferentes dos do seu país de origem, mas que a todos agradaram.

 

 

Já no domingo, foi no Estádio Algarve que estes mil peregrinos se juntaram aos restantes que estiveram na região, para uma eucaristia conjunta presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas.

O relvado do Estádio encheu-se de gente dos quatro cantos do mundo, da Coreia a Cabo-Verde, do México ao Zimbabwe, do Canadá à Argentina, com as cores das diferentes bandeiras a darem um colorido único. Seguiu-se o concerto com a banda de cariz católico Gen Verde, encerrando da melhor forma esta pré-Jornada no sul do país.

A manhã de ontem foi o adeus dos peregrinos a Loulé, uma terra que os acolheu de alma e coração nestes dias. A sua presença deixará uma marca na cidade e nos seus habitantes, como frisou o autarca Vítor Aleixo.

“Receber em Loulé, no quadro das Jornadas Mundiais da Juventude, esta representação tão alegre, composta de peregrinos de 6 países, é, de facto, um acontecimento irrepetível e que ficará por muito tempo gravado na memória desta cidade e dos seus cidadãos. Correu tudo muito bem, com um grau de organização de registar, e os peregrinos trouxeram muita alegria à nossa cidade. Somos um povo amistosos, acolhedor e que cultiva a amizade entre todos. Gostava muito que estes jovens pudessem regressar aos seus países com saudade de voltar a Portugal e a Loulé”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé.

Carlos Aquino, pároco da cidade, relevou o “grande apoio e contributo do Município de Loulé, em primeiro lugar, mas também de todas as instituições sociais, culturais e desportivas da cidade que se abriram desde a primeira hora, com um acolhimento extraordinário e um voluntariado muito expressivo a este evento”.

Quanto a estes peregrinos que agora viajam até Lisboa, o padre deixou a sua impressão: “São já presente, mas serão certamente o futuro do nosso mundo e das nossas cidades. Estes jovens dizem-nos que se pode ser feliz sem andar em caminhos obscuros, pouco autênticos, de escravidão, e manifestam isso nas suas próprias vidas”.

 



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