A Euribor e o Imobiliário em 2023

Esperemos que os Planos Diretores Municipais (PDM) sejam atualizados de forma a permitir a construção de mais fogos

Há cerca um ano, fazia nota sobre o impacto que uma eventual subida da Euribor, que se desenhava no horizonte, poderia causar no orçamento familiar da classe média portuguesa. Para tal, utilizei como exemplo um empréstimo de 200 mil euros, a 35 anos com um spread de 1,5% (o normal à data) e a taxa de juro Euribor a 12 meses.

Nessa altura, a 30 de junho de 2022, a Euribor a 12 meses estava negativa, equivalendo a 0% para os cálculos da banca.

Comentava então que, caso a Euribor 12meses subisse para terrenos pré-crise de 2007-2011, e considerando para tal a taxa média entre janeiro de 1994 e dezembro de 2006 que se fixa em 3,9%. Neste exemplo, estaríamos perante uma subida de 448,59€ da prestação do mesmo empréstimo.

Um ano passou e, sem nenhuma futurologia, podemos constatar que hoje, agosto de 2023, a taxa Euribor a 12 meses está nos 4,056%.

O que significa que para o exemplo do crédito de 200 mil euros, a prestação subiu 469,01€ no espaço de um ano.

Na esmagadora maioria das vezes em que comento com clientes sobre a Euribor a resposta que me é dada é pouco conclusiva e reveladora de um desconhecimento do que efetivamente se trata.

Ora, podemos colocar duma forma simplista que a Euribor é o “preço” que o banco “paga” pelo dinheiro, e o Spread é a “margem de lucro do banco” sobre esse dinheiro.

Neste ponto de vista, consideramos que o banco é um intermediário, no sentido que se “fornece” de dinheiro num Banco Central, e que depois o ”revende” com uma margem de lucro (“spread”) ao cliente final – a família que contrai um Crédito à Habitação, por exemplo.

Só que, nos dias de hoje, contrair um Crédito à Habitação está, por sua vez, um pouco mais difícil, visto que não só a Euribor subiu e bem, mas também o poder de compra desceu, assim como o preço das casas e apartamentos está em patamares mais elevados.

Falando um pouco do preço do imobiliário, esperemos que os Planos Diretores Municipais (PDM) sejam atualizados de forma a permitir a construção de mais fogos, visto que a procura se tem mantido constante e a oferta não conseguiu acompanhar, o que empurra os preços para cima, como manda a velha lei da oferta e da procura.

Algo que facilitaria seria também a agilização do processo de legalização da construção e alguns incentivos, quanto ao Crédito à Habitação, para aquisição de imóveis devolutos, visto que atualmente a banca só concede crédito de 50% do valor.

Isso, conjuntamente com um pacote de benefícios fiscais, ajudaria as famílias a recuperarem imóveis em mau estado e sem condições de habitabilidade.

Tal iria contribuir ao mesmo tempo para requalificar o panorama imobiliário no nosso país, que peca por ainda ter muitos imóveis em ruínas, porque é difícil o acesso a condições para os recuperar.

Autor: Luis da Ponte é membro efetivo da Ordem dos Economistas.
É licenciado em Gestão de Empresas e Pós-Graduado em Finanças Empresariais pela Universidade do Algarve e licenciado em Administração Pública pela Universidade do Minho.
Profissionalmente, é proprietário das empresas “VDP – Consultoria | Seguros”e “TSE Industrial”.

Nota: artigo publicado ao abrigo do protocolo entre o Sul Informação e a Delegação do Algarve da Ordem dos Economistas

 

 

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