Internamentos no Algarve «ainda vão subir» mas não para níveis preocupantes

Acredita Paulo Morgado, presidente da ARS do Algarve

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Os internamentos devido à Covid-19 no Algarve «ainda vão subir alguma coisa» nos próximos dias, admitiu ao Sul Informação Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde, mas a situação epidemiológica não preocupa demasiado, uma vez que «segundo as projeções que temos, isso não vai pôr em causa o funcionamento das nossas unidades hospitalares».

Nas últimas semanas, como o nosso jornal deu conta, notou-se uma diminuição no número de pessoas internadas com Covid-19 tanto em enfermaria, como nas Unidade de Cuidados Intensivos.

No entanto, avisou Paulo Morgado, o «melhor é não embandeirar em arco, porque ainda podem subir e eu acredito que vão subir alguma coisa. Vamos ter calma».

«A diminuição de internamentos tem a ver com a situação a que já estávamos a assistir com a diminuição da variante Delta. Ou seja, já tínhamos atingido o pico da Delta na primeira ou segunda semana de Dezembro. Nessa altura, já estávamos a começar a descer, pelo que  também baixaram os internamentos», explicou.

É que, ao contrário do que aconteceu com a variante Delta, a Ómicron chegou mais tarde ao Algarve do que às outras regiões do país.

«Neste momento, em termos epidemiológicos, temos de distinguir dois períodos, dentro da chamada quinta vaga. Houve um primeiro período em que tivemos na região a variante Delta, sobretudo a linhagem AY4.2, que foi predominante na região até à última semana de Dezembro», enquadrou o presidente da ARS Algarve.

Até essa altura, «a maior parte dos casos que tínhamos sequenciados eram com essa variante, mas, a partir daí, o número de casos com a Ómicron aumentou exponencialmente».

Foi isso que levou a que,  «a partir da última semana do ano e na primeira semana de Janeiro, tivéssemos um grande aumento do número de novos casos».

Da mesma forma que o número de internamentos subiu nas outras regiões do país, devido à muito contagiosa Ómicron, «é natural e expectável que isso também aconteça no Algarve nos próximos dias».

«Mas eu não estou muito preocupado, porque, segundo as projeções que temos, isso não vai pôr em causa o funcionamento das nossas unidades hospitalares», rematou.

Certo é que o país tem, hoje uma «situação epidemiológica que é muito diferente à do Inverno passado».

«Há um ano, em Dezembro, Janeiro e até meados de Fevereiro, tivemos um aumento de casos e atingimos aqui na região um pico de quase 400 casos por dia, em Janeiro».

Na passada semana, houve vários dias consecutivos com 1200 novos casos  no Algarve, fasquia que já tinha sido ultrapassada na semana anterior. Ou seja, três vezes mais casos por dia do que em Janeiro de 2021.

«Nesse período, tivemos na região mais de 200 pessoas em enfermaria e atingimos, em mais do que um dia, 41 pessoas internadas nos cuidados intensivos. Nunca se chegou a uma situação de rutura, mas houve, de facto, uma pressão muito grande sobre os hospitais, do ponto de vista do internamento em enfermaria e nos cuidados intensivos», recordou.

«Hoje, do ponto de vista do internamento, a situação é radicalmente diferente. Hoje, temos cerca de 60 camas de internamento em enfermaria ocupadas com doentes Covid e uma dezena de pessoas nos cuidados intensivos», afirmou.

«É muito natural que estes números possam aumentar, ainda que moderadamente, porque a experiência e o conhecimento que nós temos em relação a esta variante Ómicron é que ela causa doença menos severa. Logo, o risco de ter doença mais grave é menor», acredita Paulo Morgado.

Até porque a realidade atual é totalmente diferente. «É que nós, neste momento, temos no Algarve 88% da população vacinada e, aquando da vaga do Inverno passado, tínhamos começado o processo de vacinação no início de Janeiro».

«Do ponto de vista epidemiológico, a situação é totalmente diferente e as consequências também, sobretudo porque temos quase toda a população vacinada e uma variante que é diferente, do ponto de vista do impacto que tem nas hospitalizações, quer seja em enfermaria, quer seja nos cuidados intensivos», rematou.

 

 

 



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