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A proposta de criação da Reserva Natural da Lagoa dos Salgados estende-se também até ao vizinho Sapal de Alcantarilha e aos terrenos agrícolas entre ambas as zonas húmidas. Esta é a principal novidade que será anunciada esta manhã, em Pêra (Silves), pelo ministro do Ambiente, sobre a nova área protegida, cuja discussão pública começa hoje, dia 7.

Apesar de a proposta inicial abarcar apenas a Lagoa dos Salgados, o projeto final, apresentado pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e já discutido com a Câmara de Silves, acaba assim por alargar de modo muito significativo a área a classificar, como se pode ver na figura seguinte:

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Assim, a área a classificar como Reserva Natural localiza-se entre a Ribeira de Alcantarilha, a oeste, e a Ribeira de Espiche, a este, na fronteira com o concelho de Albufeira.

A área, que tem uma extensão de mais de 400 hectares, é composta por duas zonas húmidas, a Ribeira e Sapal de Alcantarilha, a poente, e pela ribeira de Espiche e Lagoa dos Salgados, bem como pelos campos agrícolas, pomares de sequeiro e prados secos que medeiam entre as duas zonas húmidas, e ainda pelo próprio cordão dunar. Segundo o ICNF, é necessário fazer a gestão desta área «como um todo».

Se a criação da Reserva Natural com estas dimensões e abrangência vier a ser aprovada, após a fase de discussão pública, deverão cair por terra as intenções de criar, nos terrenos hoje agrícolas entre a lagoa e o sapal, um mega empreendimento turístico, nos últimos tempos apresentado como um «eco-resort».

Entre os motivos que levam à proposta de classioficação como área protegida de âmbito nacional, destaque para a presença do maior núcleo populacional do endemismo lusitano Linaria algarviana Chav., planta que ocorre unicamente entre Aljezur e Almancil, essencial para a sua sobrevivência, a ocorrência de outras 12 espécies de plantas RELAPE (plantas raras, endémicas, localizadas, ameaçadas ou em perigo de extinção), o facto de o complexo lagunar acolher regularmente elevada diversidade de aves, algumas raras e protegidas por lei, sendo mesmo essencial para a nidificação de duas dezenas de espécies aquáticas de aves nidificantes. Além disso, esta zona constitui também uma área de abrigo e invernada para acima de um milhar de aves aquáticas invernantes, destacando-se ainda geograficamente, não apenas a nível nacional, mas até na região do Mediterrâneo Ocidental, como ponto de paragem, para as aves migradoras, na rota ocidental da “Eufrásia”.

 

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Entre as ameças que o ICNF identificou, na sua análise, incluem-se as alterações climáticas (seca, fenómenos extremos, subida do nível do mar), o risco de redução ou desaparecimento da agricultura tradicional, as limitações financeiras do investimento público a nível nacional e regional, o risco de massificação da atividade turística na região e o crescimento da pressão imobiliária pela procura residencial e turística em espaço rústico.

Há ainda ameaças mais específicas, como a qualidade da água, as fontes de poluição (nomeadamente com agroquímicos) e risco de eutrofização, a visitação abusiva, com proliferação de trilhos e pisoteio, o estacionamento desordenado, o avanço de espécies de plantas invasoras, a deposição de entulhos, ou a pressão sazonal muito intensa da ocupação turística.

No entanto, o ICNF salienta que a «classificação de uma reserva natural visa não apenas a proteção dos valores naturais existentes, mas também a adoção de medidas compatíveis com os objetivos da sua classificação (conservação ativa) e ainda o estímulo de atividades económicas compatíveis», como as atividades ligadas ao turismo de natureza ou à agricultura.

Assim, prevê-se que seja mantido o uso balnear da zona de praia contígua, as áreas de estacionamento de apoio, a agricultura tradicional, que poderá inclusive beneficiar de apoios da nova PAC, bem como o pastoreio tradicional.

Esta será a primeira criação de uma área protegida em território nacional nos últimos 21 anos, desde que foi criada a Reserva Natural da Lagoa de Santo André e da Sancha, nos municípios de Sines e Santiago do Cacém.

A proposta de criação da nova área protegida vai entrar na fase de discussão na próxima quinta-feira, dia 9 de Dezembro, através do portal Participa.pt e por outros meios.

 

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