Polo de Inovação de Tavira vai ser «um centro de referência da Dieta Mediterrânica»

Cerimónia de assinatura dos protocolos decorreu esta quarta-feira, 24 de Novembro, no Centro de Experimentação Agrária de Tavira

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

O Centro de Experimentação Agrária de Tavira, «uma arca de Noé da biodiversidade agrícola», prepara-se para se transformar num espaço «vocacionado para o estudo, investigação, inovação e promoção daquilo que também é a identidade do Algarve», num «projeto ambicioso» que junta 20 entidades parceiras para fazer deste «um centro de referência da Dieta Mediterrânica».

As palavras são de Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura do Algarve, na manhã desta quarta-feira, 24, em Tavira, na cerimónia de assinatura dos protocolos para a criação de um Polo de Inovação no Centro de Experimentação Agrária daquela cidade.

Num conjunto de 24 polos dispersos pelo país, «pegámos neste, em Tavira, para podermos trabalhar a Dieta Mediterrânica e as suas várias dimensões», disse a  ministra da Agricultura, que presidiu ao ato.

O projeto do Polo de Inovação de Tavira está integrado na Agenda de Inovação “Terra Futura”, estando previsto o seu arranque no início do próximo ano e término em 2025. As verbas serão disponibilizadas a partir do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sendo usada, para melhorar este espaço, «uma parte dos 93 milhões de euros».

Como a Dieta Mediterrânica é «muito mais que uma dieta alimentar, tendo várias dimensões», este futuro espaço trabalhará as áreas da «alimentação sustentável, saúde e bem-estar, preservação dos recursos genéticos dos agroecossistemas mediterrânicos, cultura,  património material e imaterial ou turismo», explicou Pedro Valadas Monteiro.

«Queremos que este Polo se torne um local privilegiado, não só para Tavira, não só para a Direção Regional de Agriculturas e Pescas do Algarve, não só para o Ministério da Agricultura, mas também para o país», realçou.

 

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

A revitalização do Centro de Experimentação Agrária já era, há muito, pretendida pelos cidadãos tavirenses, mas também pela Câmara Municipal, que recebeu esta notícia com «grande agrado», quando foi anunciada, no ano passado, a Agenda da Inovação 2020-2030. «Ficámos muito contentes e achámos que a ligação à Dieta Mediterrânica faz todo o sentido», referiu Ana Paula Martins, presidente do município tavirense.

«Faz sentido que seja um centro de estudos privilegiado, que possa ter todas as vertentes da Dieta Mediterrânica, e que haja bons projetos e muitas parcerias com entidades regionais. Que este espaço seja uma referência, não só para a região algarvia, mas para o país», sublinhou a autarca.

A «identidade do Algarve mediterrânico e a sua dimensão paisagística» vão continuar a ser um dos focos deste novo Polo de Inovação de Tavira, pois «temos aqui coleções que são únicas no país e que, na prática, são a nossa identidade», salientou Pedro Valadas Monteiro.

«Continuaremos com a valiosa coleção de castas de uva de vinho e de uva de mesa», bem como «com as coleções e ensaios de fruteiras», nomeadamente amendoeira, alfarrobeira, figueira, nespereira, oliveira, romãzeira e macieiras (pêro de Monchique).

«Recolhemos, estudamos, somos quase detetives por esses terrenos do Algarve, à procura das tais variedades perdidas, e temos tido sempre a sorte e a felicidade de contar com o apoio dos agricultores que nos alertam, pois também eles se preocupam em preservar a nossa identidade», explicou o diretor regional de Agricultura.

 

Ana Paula Martins, presidente da CM Tavira – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

O Polo englobará outras dimensões da Dieta Mediterrânica mas, de início, estão previstas apenas intervenções no edifício sede, na rede de caminhos, nas vedações e a recuperação de uma nora, «obras essenciais para criar condições para que outros parceiros possam vir apresentar as suas iniciativas», realçou Valadas Monteiro.

Apesar do projeto ainda estar no início, já existem parcerias bem definidas, com as 20 entidades envolvidas, e ideias pensadas para o ainda Centro de Experimentação Agrária de Tavira.

No âmbito dessas parcerias, será construída uma horta urbana numa parcela de terreno do espaço, projeto que envolve o Município e a Associação In Loco, de modo a que a comunidade dos cinco bairros tavirenses – Atalaia, José Joaquim Jara, Horta do Carmo, Porta Nova e Bela Fria – pratique uma agricultura mais sustentável e biológica, havendo também espaço para convívio.

Por outro lado, o Centro Ciência Viva de Tavira irá ser transferido para as instalações do Polo de Inovação, mas Pedro Valadas Monteiro quer também uma Quinta da Dieta Mediterrânica, «uma nova filosofia dos Centros Ciência Viva que são as quintas temáticas».

«É também nossa intenção cumprir um sonho antigo com a instalação, no antigo edifício do Posto Agrário, de um Museu do Mundo Rural do Algarve», mas, ao mesmo tempo, «um sítio de interpretação da Dieta Mediterrânica».

Com o Algarve Biomedical Center (ABC), outro dos parceiros do Polo de Inovação, «temos o desejo de ter aqui uma unidade de excelência, algo inovador», o Campus Med Life, que será instalado no atual CEAT, e que se dedicará à saúde e ao envelhecimento ativo, acrescentou aquele responsável.

«Será um conjunto de espaços onde vamos incentivar e dar formação naquilo que é o estilo de vida saudável. Vai ter circuitos temáticos e apelará à utilização de tecnologias de realidade virtual para transmitir os ensinamentos da Dieta Mediterrânica, transpostos para a vida do dia a dia».

 

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas – Foto: Rúben Bento | Sul Informação

 

Haverá também espaço para um Centro de Reabilitação Física, no âmbito da parceria que o ABC tem com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos da América.

Outro projeto a «tentar concretizar», segundo Valadas Monteiro, desta vez em parceria com a Universidade do Algarve, é um «Centro de Estudos Multidisciplinares, associado à Dieta Mediterrânica».

Nas palavras do diretor regional de Agricultura, este é «um projeto muito ambicioso», mas que «irá dar bons frutos».

O Polo de Inovação de Tavira tem, nas 20 entidades parceiras, «um grupo diversificado, pois também a Dieta Mediterrânica tem uma grande abrangência de áreas associadas», explicou ainda.

Integram esta parceria a Universidade do Algarve, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, a AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, as Câmaras de Lagoa e de Loulé, o Instituto de Investigação Agrária e Veterinária, os Centros Ciência Viva, a Região de Turismo do Algarve, as Direções Regionais da Cultura e de Educação, a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, a Comissão Vitivinícola do Algarve, a Associação de Regantes, a Fundação Portuguesa de Cardiologia, o Museu ZERO, a Associação In Loco e a Tertúlia Algarvia.

Destes parceiros, não faz ainda parte o Movimento de Cidadãos pelo Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEAT) e Hortas Urbanas de Tavira. Segundo a agricultora Ângela Rosa, umas das dirigentes do Movimento, a questão é que não se conseguiram legalizar a tempo, já que está ainda em curso a constituição de uma associação.

Quanto à imagem gráfica do Polo de Inovação de Tavira, bem como do de Faro, Pedro Valadas Monteiro anunciou que  vai ser criada «pelos alunos do curso de Design de Comunicação, da Universidade do Algarve». O desafio foi proposto tendo por base a parceria com a UAlg e os projetos serão, depois, avaliados por um júri.

A concluir, a ministra da Agricultura disse que o «Polo de Inovação de Tavira, ao trabalhar várias vertentes da Dieta Mediterrânica, estimulará este tema e acabará por valorizar o Plano Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável», que foi apresentado, também esta quarta-feira, pela governante.

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 

 



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