Faleceu José Vítor Lourenço, antigo presidente da Junta de Freguesia de Messines

Cidadão ativo, pugnou sempre pela sua terra natal

José Vítor Lourenço

José Vítor das Neves Lourenço, conhecido messinense, presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines entre 2005 e 2009, faleceu ontem ao final da tarde, aos 68 anos. O antigo autarca foi ainda secretário e membro de outros executivos desta freguesia do concelho de Silves.

Cidadão ativo, pugnou sempre pela sua terra natal, participando empenhadamente em quase todas as associações locais e não raramente como seu dirigente.

Era natural da mesma freguesia, onde nasceu a 15 de Junho de 1953, em Messines de Baixo, no seio de uma família humilde. Com um percurso singular, subiu a pulso na vida.

Muito jovem, trabalhou na monda do arroz, no Vale do Sado, tendo emigrado pouco depois para França, a salto, através do norte do país. Regressado a Portugal, participou ativamente na construção de um país democrático, militando no Partido Socialista.

Pequeno empresário no ramo da serralharia civil, granjeou prestígio e algum pecúlio, não perdendo, todavia, a humildade, honestidade e tolerância que o caraterizavam.

O seu mandato como presidente de Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines ficou assinalado não só pelo asfaltamento de inúmeros caminhos rurais, mas sobretudo pela vertente cultural que lhe imprimiu, pois, no seu entendimento, «a cultura é a maior riqueza e a maior herança de um povo».

José Vítor na inauguração da exposição «Notáveis Messinenses»

A homenagem ao Grupo de Teatro «Penedo Grande», a evocação da figura local de «O Remexido», mas também o tributo que prestou a 22 personalidades, naturais ou residentes na freguesia, na exposição «Notáveis Messinenses: Vivências e Contributos» (2009), até hoje o maior evento cultural realizado na freguesia, constituíram os pontos altos da sua presidência.

A exposição reuniu espólio pessoal de diferentes individualidades, independentemente das suas cores partidárias ou habilitações literárias, lado a lado ombreavam messinenses com destaque a nível local, regional e nacional. Afinal e na sua opinião, «as pessoas são o património mais precioso de qualquer localidade».

No catálogo da exposição colaboraram, graciosamente, nomes maiores da historiografia nacional, à altura das personalidades homenageadas. Aliás e como o próprio frisou nessa obra, «São Bartolomeu de Messines é terra de gente empreendedora e memorável, povo que corre atrás de um sonho, que se empenha na defesa dos seus ideais. (…) Dar a conhecer os nossos conterrâneos é nosso dever, é nossa responsabilidade». O evento granjeou grande prestígio, pela elevada qualidade e singularidade, por ser promovido por uma Junta de Freguesia.

Homem de valores e de causas, apoiou ativamente o movimento que se opunha à instalação de linhas alta tensão em Vale Fuzeiros, em 2007. Numa notícia da Revista Lux, da época, é taxativo: “o presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines assegurou que a luta contra a instalação das linhas de muito alta tensão «não irá parar enquanto houver um freguês da freguesia que se movimente contra a obra»”.

Foi também de sua autoria a criação do evento «Semana Gastronómica de São Bartolomeu de Messines», que se realizou anualmente até à pandemia.

José Vitor (à direita) homenageando Vítor Neto

Nos últimos anos, trabalhou na empresa municipal Portimão Urbis, da qual transitou para o Município de Portimão, onde há cerca de um ano e meio se sentiu indisposto. Nos dias seguintes, uma doença do foro oncológico foi-lhe diagnosticada. Não obstante, manteve uma vida quase normal até muito recentemente. Afinal, os grandes homens não se deixam abater pelas adversidades mundanas.

Quanto a nós perdemos um amigo, de sorriso fácil e sempre com uma história para contar. Um amigo e um leitor assíduo dos nossos trabalhos, e não raras vezes uma crítica construtiva. Amigo do seu amigo, permitiu-nos o contacto com famílias e espólios que muito vieram enriquecer e enriquecem os nossos trabalhos sobre a história de São Bartolomeu de Messines, em particular, e do Algarve, em geral.

Partiu cedo de mais, mas com um percurso pleno de atividade em prol da comunidade e do outro, afinal como reconhecia na sua mensagem no já citado catálogo: «São Bartolomeu de Messines é terra de cidadãos notáveis que a prestigiam e enaltecem». E, sem dúvida, José Vítor é também um desses messinenses maiores desta terra invulgar. Obrigado José Vítor.

As cerimónias fúnebres decorrem amanhã, dia 8 de Julho, às 10h00, na igreja matriz de São Bartolomeu de Messines, saindo depois o cortejo fúnebre para o cemitério novo.

“Requiescat in pace”.

 

 



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