Festival de Órgão do Algarve convida a «fechar os olhos» e a desfrutar de boa música

Festival decorre de 6 a 28 de Novembro

João Vaz – Foto: Telma Veríssimo

Não terá tantas apresentações como noutros anos, nem tantos organistas convidados, mas o Festival de Órgão do Algarve não deixará de realizar-se entre os dias 6 e 28 de Novembro, «com a mesma dignidade de sempre», para que o público possa, mais uma vez, «fechar os olhos» e desfrutar, «sem distrações», de boa música tocada em órgãos históricos de igrejas algarvias.

Em ano de pandemia, a associação Música XXI, que organiza o festival, decidiu levar adiante o evento, ainda que com as necessárias adaptações, quer ao nível de espaço, quer da dimensão, quer das regras sanitárias.

«Este é um ano de contingência, pelo que fizemos o festival num formato reduzido. No ano passado, tivemos 15 apresentações. Este ano, são só sete. Mas quisemos continuar a marcar a nossa presença», disse ao Sul Informação Patrícia Neto Martins, da associação Música XXI.

«Decidimos fazê-lo como um marco, como uma âncora de continuidade, em redor de tantos eventos que acabaram por ser cancelados, até porque são iniciativas mais pequenas, mais intimistas», acrescentou.

«Às vezes, nestas situações de alterações tão profundas na sociedade, uma marca de continuidade também transmite segurança às pessoas e quisemos mostrar que estamos aqui», reforçou.

Em 2020, serão quatro os organistas convidados para realizar sete concertos em cinco igrejas de quatro concelhos do Algarve: a Sé de Faro, a Igreja do Carmo, também na capital algarvia, a Matriz de Portimão, a Igreja de Boliqueime, em Loulé, e a Igreja de Santiago, em Tavira.

Quantos aos protagonistas serão os músicos João Vaz, Rute Martins, Pedro Monteiro e Beatriz Resendes.

 

Rute Martins

 

«Este ano, devido às restrições de lugares sentados nas igrejas, limitámos tudo, inclusivamente o tipo de concertos, já que não teremos música de câmara. Voltaremos à versão original. Teremos apenas o órgão e o organista, não há imagens, não há projeção no altar, não há nada disso. Quem for aos concertos, terá o privilégio de poder fechar os olhos e ouvir aquela música sem qualquer distração», revelou Patrícia Neto Martins.

No fundo, é um regresso às origens do festival.

A entrada nos concertos, que começam sempre às 21h00, continua a ser livre, como é apanágio do Festival de Órgão do Algarve, mas sem possibilidade de marcação prévia.

«Abriremos as portas 15 a 20 minutos antes do concerto e sentamos as pessoas por ordem da chegada. Todo o processo de entrada e de saída será acompanhado por elementos da organização», explicou a representante da Música XXI.

«A lotação varia de igreja para igreja. A que tem maior capacidade é a Matriz de Portimão, onde limitámos os lugares sentados a 100. Na Sé de Faro, teremos 80 lugares e, nas restantes igrejas, a de Boliqueime, a do Carmo, em Faro, e a de Santiago, em Tavira, teremos 50», reforçou.

Os «privilegiados» que conseguirem um lugar para assistir ao concerto – apenas o concerto de encerramento, com João Vaz, está previsto ter transmissão online -, terão a oportunidade de ouvir virtuosos a tocar «as melodias sempre jovens que soam destes vetustos instrumentos».

 

Pedro Monteiro

 

O festival é lançado no dia 6, na Igreja Matriz de Portimão, com um concerto de Pedro Monteiro, um organista que, apesar de ser um estreante no evento da Música XXI, tem fortes ligações ao Algarve, nomeadamente a Vila Real de Santo António, e ao Deão do Cabido da Sé de Faro, mentor da ideia de criar uma “Escola de Órgão” neste templo.

«Este ano quisemos dar conta e satisfazer um pedido do cónego José Pedro Martins, que completou, em 2020, 50 anos de sacerdócio. E ele já há algum tempo que nos vinha falando do Pedro Monteiro», explicou Patrícia Neto Martins.

Isto porque, conta, Pedro Monteiro tem raízes em VRSA, onde o padre José Pedro também esteve, e, «quando ainda tinha apenas 9 anitos, ouviu o cónego a tocar e ficou extasiado».

«Ficou de tal forma entusiasmado, que fazia questão de o ouvir a tocar. Mais tarde, terá tido algumas lições com o cónego, que o orientou para ir estudar música para o Porto, onde ainda hoje vive e onde se estabeleceu como músico», ilustrou.

«Nós nunca tivemos, até agora, a possibilidade de o trazer, mas, este ano, proporcionou-se. Acaba por ser uma prenda para o padre José Pedro Martins, que teve uma grande influência na escolha de vida do Pedro Monteiro. Será um reencontro», concluiu.

Pedro Monteiro também irá atuar a 7 de Novembro, na Sé de Faro.

 

Beatriz Resendes

 

Uma semana depois, a 13 e 14 de Novembro, será a vez da jovem Beatriz Resendes atuar na Igreja Paroquial de Boliqueime e na Igreja do Carmo, respetivamente. Esta organista «terminou recentemente, em 2017, o seu curso na Escola Superior de Música de Lisboa».

«Tem sido a nossa aposta recorrente trazer novos valores, para se apresentarem e ajudar a lançar as suas carreiras artísticas», frisou Patrícia Neto Martins.

Bem lançada está já a carreira de Rute Martins, que será «repetente» no festival, para o qual já tinha sido antes convidada. Neste caso, os dois concertos estão marcados para a Igreja de Santiago, em Tavira, e para a Igreja do Carmo, em Faro, a 20 e 21 de Novembro, respetivamente.

O festival encerra uma semana depois, no dia 28, «com chave de ouro», na Sé de Faro.

«Para o último concerto, quisemos trazer aquele que é considerado o melhor organista nacional e que tem uma grande carreira internacional, o João Vaz, que também tem dirigido festivais de órgão na Madeira, em Mafra e em São Vicente de Fora», explicou ao Sul Informação Patrícia Neto Martins.

A representante da Música XXI salientou, ainda, que todas as regras sanitárias serão escrupulosamente respeitadas.

«Temos o nosso plano de contingência aprovado pela Autoridade de Saúde Regional, vamos implementar circuitos de circulação dentro das igrejas, teremos a higienização das mãos e o uso obrigatório de máscara», resumiu.

Como dizem os organizadores do evento, tendo em conta que tudo estará a postos, «escutemos então, com a devida reverência, a 13.ª edição do Festival de Órgão do Algarve».

O Festival de Órgão do Algarve 2020 conta com os apoios da Direção Regional de Cultura do Algarve e dos Municípios de Faro, Loulé, Portimão e Tavira, com o apoio à divulgação da Região de Turismo do Algarve e com os parceiros de comunicação Antena 2, Sul Informação e Rua FM. Conta ainda com a parceria da Diocese do Algarve, do Cabido da Sé de Faro, da Ordem do Carmo de Faro e das Paróquias de Portimão, Boliqueime e Tavira.

 

 

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