Faro esperou dez anos, mas já tem um crematório «de última geração»

Equipamento foi inaugurado hoje

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Faro já tem, finalmente, o seu crematório municipal «de última geração», um equipamento que era «uma velha aspiração dos farenses» e que irá servir não só o concelho de Faro, mas também «toda a região do Algarve e até algumas zonas do Alentejo», acredita Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro.

Esta era uma resposta há muito necessária, num concelho que se tem debatido com a falta de espaço nos seus cemitérios, mas que só é inaugurada cerca de dez anos depois de iniciado o processo.

«No mandato do engenheiro Macário, lançámos o primeiro concurso. O projeto já vinha de trás e passou-se muito tempo desde então. Dez anos foi o tempo que, em termos administrativos e jurídicos, levámos para chegar aqui», recordou Rogério Bacalhau, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração do crematório, instalado no Cemitério Novo de Faro.

Um pouco antes, logo após descerrar a placa alusiva à inauguração do novo crematório, o presidente da Câmara de Faro comentou este prolongar do processo e até brincou, dizendo que «a data que devia estar aqui devia ser para aí 2010».

«Vamos fazer tudo para recuperar o tempo perdido», prometeu Paulo Carreira, diretor geral da Servilusa, empresa que ganhou a concessão do crematório por 30 anos e foi a responsável pelo investimento de 1,13 milhões de euros necessário para construir o equipamento.

O desabafo do edil farense tem uma razão de ser. É que esta «era uma velha aspiração do concelho, dos farenses e da região. Tivemos tantos problemas administrativos que Albufeira ainda conseguiu fazer um crematório antes de nós. Todos estes problemas dos concursos e ligados ao código de contratação pública, apesar de naturais, provocam um desgaste muito grande quer nas empresas, quer na própria administração pública».

«Felizmente estamos hoje no final deste capítulo e temos um equipamento de excelência, que tenho a certeza que servirá bem os farenses e toda a população do Algarve. E isso é que importa», rematou Rogério Bacalhau.

 

Rogério Bacalhau – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

E que equipamento foi este que foi inaugurado hoje – e amanhã já irá fazer três cremações – e o que é que tem de especial?

«Este é um crematório de última geração, já com uma forte componente digital, o que traz diversas vantagens. Para já, um operador é suficiente para tratar de toda a operação», explicou Paulo Carreira, que salientou, ainda assim, que são dois os funcionários contratados para esta função.

«Depois, este é um equipamento que tem controlo energético e permite o acompanhamento online das cremações. Tem duas câmaras de combustão e uma terceira área, o que lhe permite fazer uma cremação limpa em todo o processo, de modo a que as emissões estejam sempre dentro dos parâmetros legais», acrescentou o diretor geral da Servilusa.

O crematório está equipado com dois fornos, um para as cremações funerárias e um forno pirolítico para queimar resíduos associados aos enterramentos, como flores e restos de urnas.

Outra coisa que diferencia este equipamento «é o facto de ter uma área técnica para circulação de agentes funerários e dos falecidos, separado das áreas sociais e de apoio às famílias».

A preocupação com os entes queridos dos falecidos está, de resto, bem patente nas demais valências do crematório de Faro.

Além da sala «para cerimónias ou encomendações de um normal processo funerário», há «uma sala de última despedida, que é um elemento fundamental neste tipo equipamento, que permite à família mais chegada despedir-se e visualizar o processo de passagem da pessoa falecida da capela para o crematório».

A família pode assistir à cremação numa pequena divisão, separada da sala de cremação por um vidro, que tem uma cortina que se fecha no final da cerimónia.

Este momento é importante porque «torna o processo mais íntimo, mais transparente e mais credível, tal como acontece no caso das sepulturas, no cemitério. Faz com que a família sinta mais segurança, por conseguir acompanhar todo o processo até final», salientou Paulo Carreira.

«Também temos um Jardim da Memória, onde as cinzas podem ser depositadas. Este é um espaço sagrado, que corresponde aos pressupostos defendidos pela Igreja Católica», acrescentou.

 

Paulo Carreira – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

A perspetiva da Servilusa é realizar, numa primeira fase, «600 cremações por ano. Mas podemos ir até às 1200 ou mesmo mais. Na eventualidade de ser preciso, há a possibilidade de termos horários alargados».

O raio de influência deste crematório, um tipo de equipamento que, até há pouco meses, altura em que foi inaugurado o ser congénere de Albufeira, não existia na região, é o Algarve e parte do Alentejo.

No entanto, isso não significa que os serviços sejam procurados, apenas por algarvios, farense incluídos, e alentejanos. O diretor geral da Servilusa também antecipa ter «muitos clientes estrangeiros, que optam muito pela cremação», considerando a proximidade ao Aeroporto de Faro uma vantagem, por tornar o processo de transladação das cinzas mais cómodo para as famílias».

Da parte da Câmara de Faro, a satisfação deve-se, não só ao facto de, finalmente, ter o há muito almejado crematório, mas também porque este equipamento «vem ajudar» a resolver problemas que existiam.

«O cemitério antigo está cheio. Tem renovações que levam quatro cinco anos. Aqui o Cemitério Novo também está cheio, apesar de nós termos, nos últimos anos, construído mais 500 gavetões», enquadrou Rogério Bacalhau.

Apesar de, «neste momento, a situação estar mais ou menos controlada», tendo em conta que, «num ano, nós temos, normalmente, cerca de 400 a 500 funerais anuais, caso houvesse um ano com mais, poderíamos ter problemas».

«Com o crematório, esses problemas minimizam-se e temos tudo completamente controlado», acredita o presidente da Câmara de Faro.

 

 

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